DA ACUSAÇÃO À ABSOLVIÇÃO
O CALVÁRIO DE DOIS POLÍTICOS
Desde que surgiu a acusação contra os deputados
federais Heleno Silva e Cleonâncio Fonseca, até a sentença última do Juiz
Federal Ronivon Aragão embasada na tese da ausência do crime pela inexistência
de provas, os dois viveram anos de tormentos. Coerente e justo, o Juiz Ronivon
foi altivo ao absolver, e rigoroso ao pesadamente condenar, quando encontrou
provas consistentes da existência de uma quadrilha que juntava empresários,
prefeitos e servidores públicos, flagrados pela chamada Operação Fox, realizada
pela Policia Federal em Sergipe e Alagoas. As decisões do magistrado podem
agora servir como peças didáticas , recomendando cautela, aprofundamento das
investigações, construção de provas eloquentes, evitando-se o açodamento na
denuncia que, somado à avidez revelada por certa mídia que se faz moralista
quando se trata de desmoralizar políticos, mesmo não chegando às ultimas
consequências da condena� �ão, submetem os acusados, por serem pessoas
públicas, a um calvário moral, onde quase sempre as chacotas substituem a
indispensável necessidade de informar. Atirar pedras em políticos tornou-se um
esporte nacional, que atinge indivíduos tanto culpados como inocentes. Mas, em
ambos os casos, as instituições aos olhos da sociedade sempre sofrem desgastes.
Sem duvidas, a classe política, se faz responsável pelo descredito em que
mergulha, e isso generalizou a exagerada suposição de que todo politico é
calhorda, malandro e aproveitador.
O pastor Heleno Silva quando sofreu o impacto
inicial da acusação decidiu encerrar a carreira política. Com pouco mais de 30
anos, ele, saindo de uma situação de extrema pobreza, se fez ministro
evangélico, ingressou no serviço publico, e tambem tornou-se politico.
Construiu uma sólida liderança no sertão, elegeu-se deputado estadual e em
seguida, sempre à frente de causas populares chegou à Câmara Federal. Heleno
tinha uma reeleição garantida, mas decidiu não concorrer. Quando as acusações
foram sendo desmontadas, ele retornou à Câmara Federal e candidatou-se com
sucesso a Prefeito de Canindé, mas, teve o constrangimento de ouvir dos
adversários o deboche: ¨Sangue – Suga ¨. Quando, agora, ele ouviu dos seus
advogados, Carlos Alberto Menezes e Manoel Luiz, que fora absolvido, não
festejou, agradeceu, rezou, e disse que estava retemperado para trabalhar mais
como Prefeito de uma comunidade que não acredi tou no deboche e o fez prefeito.
Cleonâncio Fonseca depois do trauma sofrido,
resolveu não ser mais candidato, isso no topo de uma longa vida publica,
iniciando como vereador aos 18 anos, sucessivamente, prefeito de Boquim, duas
vezes deputado estadual e seis vezes federal, ininterruptamente, sem nenhuma
derrota, até que surgiu a denuncia da fraude das ambulâncias. Diante do
delegado federal que o interrogava, Cleonâncio ouvindo a pergunta: ¨Por que o
senhor mandou verbas para que um hospital que sua esposa dirigia comprasse
ambulâncias ? ¨ respondeu curto, desmontando a acusação: ¨Porque para um
hospital não se compra um trator, e o preço da ambulância foi o de mercado ¨.
Tanto Heleno como Cleonâncio tiveram vasculhadas suas finanças pessoais, seus
patrimônios. No caso de Heleno, se depararam com uma crônica exiguidade de
recursos, no de Cleonâncio, sempre o mesmo razoável patrimônio, mas, depois de
50 anos de vida pública, agravado por d ívidas bancárias.
São estes os Sangue- Sugas ?
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