UM JORNALISTA CONTA A
HISTÓRIA DO SEU TEMPO
João Oliva não é o decano dos jornalistas porque o
inquebrável, ( ou seria inquebrantável ?) José Eugenio, o suplanta. Evidente que entre os dois não existe, quanto
ao título, nenhuma competição, pelo contrário, até gostariam que no torneio de longevidade
pudessem continuar por muito tempo , e sem vencedores.
Idosos sempre têm muito a contar,
o problema é que a memória as vezes vai perdendo os indispensáveis ¨megabites ¨,
e com isso não deixam registrado tudo o
que poderiam gravar, tudo o que poderiam
escrever. Há situações incomuns, em que
o passar dos anos serve para um processo de revitalização , até do fortalecimento da memória, é o caso,
por exemplo, do nosso memorialista consagrado Murilo Mellins.
O livro Mural de Impressões que
foi lançado por João Oliva na última quinta-feira , numa das mais concorridas
noites de autógrafos, já está nas livrarias, nele, o jornalista refina a
narração, a memoria atilada, e faz surgir com leveza e
acuidade uma fase esfuziante de entusiasmos e também pesadamente marcada por
frustrações, como a chegada do golpe militar em 64. João Oliva teve participação direta em
diversos instantes cruciais da história
sergipana. Foi Secretário de Imprensa de Seixas Dória. Viveu as horas de medo e
incerteza, quando os militares depuseram
e prendaram o governador . João Oliva conta esse e tantos outros
episódios, transcorridos nas redações dos jornais em que escreveu, no trabalho ao lado de um
bispo como Dom José Távora, que criou o
Movimento de Educação de Base, o MEB, instalou a Rádio Cultura, e atacou, exitosamente, a chaga vergonhosa do
analfabetismo. Como militante das boas causas e da fé católica, Oliva foi
parceiro de um jovem padre, depois
arcebispo, Luciano Duarte, que teve a
ousadia de criar o embrião do que seria a Universidade Federal de Sergipe, a
faculdade Católica de Filosofia, também, deu o primeiro passo pela reforma
agrária, a Procase, que dividiu, sem
atritos, entre agricultores pobres, terras de velhos engenhos da Cotinguiba.
Enfim, muito conta João Oliva, e muito se terá a ganhar
com a leitura do seu livro, sem duvidas de memorias.
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