JOSE FIGUEIREDO DA CAPELA
Sem registro na nossa mídia
morreu em Capela Jose Figueiredo. Os que
viveram os episódios pré e pós a
derrocada das instituições em 64 recordam, e agora homenageiam, a memória de um
cidadão que foi altivo e decente num tempo em que altivez dava lugar à subserviência e a decência confundia-se com
submissão. Zé Figueiredo era Prefeito de Capela e
participava ativamente dos movimentos sociais, numa terra onde prefeito se não
pertencesse à elite dos donos de terras
e de engenhos era considerado um inimigo. Zé Figueiredo até praticava a heresia
de defender a reforma agrária, e misturava-se com sindicatos e comunistas. Nos primeiros dias em que se fez a escuridão
, Zé Figueiredo foi preso e deposto. E ofereceram-lhe a alternativa de ser solto e permanecer
prefeito: bastaria que denunciasse toda aquela gente com quem ele convivia,
principalmente em Aracaju, gente perigosa, comunistas. O prefeito tornou-se ex,
porque preferiu manter-se calado.
Depois, e aí a revelação é do
sempre sublevado Marcélio Bonfim, Zé Figueiredo
permaneceu militante, dando silencioso e corajoso apoio até a rede de
guerrilhas, que a esquerda armada tentou montar em vários pontos do país. Jovens que por aqui passavam, conta Marcélio, rumo ao Araguaia, eram hospedados por Zé Figueiredo, e por ele
levados até um certo ponto do nordeste, onde faziam outros contatos.
Zé Figueiredo merece ser
homenageado pela sua terra, pelo povo capelense.
Sukita, ex-prefeito que conhece
bem a intolerância dos antigos donos da
Capela, poderia levar adiante a ideia de uma singela homenagem ao corajoso
capelense.
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