segunda-feira, 26 de agosto de 2013

AS LIÇÕES DO HOSPITAL DE BARRETOS



AS LIÇÕES DO HOSPITAL DE BARRETOS

Henrique Prata é um grande pecuarista no interior de São Paulo. Filho de médico que comandava um hospital público, quando o pai morreu de câncer  ele resolveu homenageá-lo de uma forma exemplar, ou seja,  prestando, com sentimento humanista, um  relevante  serviço à saúde brasileira. Assim, nasceu o Hospital do Câncer de Barretos. Henrique Prata tem uma característica: não vive a reclamar do governo. Otimista por excelência, o que talvez seja resultado da confiança que tem na sua própria capacidade de tocar o projeto que transformou no grande objetivo da sua vida, ele, pelo contrário, diz que tanto o governo federal como  o governo do estado dão a sua parcela de colaboração, e destaca , especialmente, o incentivo e o apoio  que recebeu  de Jose Serra quando governador de São Paulo e  do presidente Lula, nos seus dois mandatos. Sem perder um  certo  jeito caipira, Henrique Prata fala sobre o hospital e sobre os problemas da saúde pública com a segurança de quem domina o assunto e  a coragem  que tem  para fazer revelações, críticas e denuncias gravíssimas, como  por exemplo, a  atitude criminosa da grande indústria farmacêutica norte-americana, que transformou a desgraça do câncer em geração insaciável de lucros imensos.
O Hospital de Barretos não cobra, atende preferencialmente aos pobres, aqueles que contam apenas com as limitações do SUS.
Um paciente internado na UTI  do Hospital de Barretos  tem  custo diário  de  6 mil reais.  O SUS entra apenas com 10 %.  Henrique Prata não se mostra revoltado com isso, até ameniza, lembrando que o SUS é o único sistema de saúde em um pais  grande,  levando  assistência a todos.
 O Hospital de Barretos com 2 300 funcionários, entre os quais 600 médicos  especializados,  requer um aporte mensal de 20 milhões de reais.  Não há  milagrosa geração de recursos,  o que garante o dinheiro é uma rede bem articulada,  assegurando a cobertura dos gastos, gerando  receitas sem onerar  pacientes, e mobilizando a sociedade.
Henrique Prata associa o sucesso do seu hospital a alguns fatores que se conjugaram , entre eles, a humanização associada à tecnologia que dá, como resultado, a imagem de credibilidade, e, com ela, a viabilização de recursos provenientes da filantropia. Ele lembra que nos países desenvolvidos,  Estados Unidos especialmente, os muito ricos  criam  fundações e destinam vultosos recursos para universidades, hospitais, pesquisas. Por aqui ainda não temos esse espírito de  responsabilidade  social, mas, Henrique Prata diz que tem razões para comemorar sintomas de mudança.  Exemplos:   Precisava adquirir  um equipamento de última geração, mas  faltavam recursos. Um amigo , dono do Grupo Cutrale estava nos Estados Unidos.   Pediu-lhe que verificasse as condições para a compra .   O empresário retornou   anunciando :   O equipamento estava comprado, e logo o hospital o receberia. Valor da compra: 5 milhões de reais. Todos os anos a festa do Rodeio de Barretos destina recursos para o Hospital do Câncer
Prata condena o corporativismo de médicos que se recusam a ir para o interior e tentam impedir  a vinda de médicos estrangeiros, dispostos a chegar até aonde Judas perdeu as botas. E adverte: Precisamos, com urgência desesperadora, de médicos oncologistas,  400 por ano, e só formamos 10 bem qualificados. Para o criador do Hospital  de Barretos,  qualquer instituição semelhante  terá de fazer três coisas  ao mesmo tempo : Prevenção, Tratamento e Pesquisa.
Aqui em Sergipe tentamos construir um Hospital do Câncer.   Vamos seguir o bom exemplo de Barretos ?
O empresário,  sobretudo empreendedor social,  Henrique Prata e sua qualificada equipe, teriam muito a nos sugerir, a nos orientar.

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