terça-feira, 4 de junho de 2013

O NOVO E ANTIGO SENADOR OU A ¨FARINHA DE ARARIPINA¨



 O NOVO E  ANTIGO SENADOR
OU A ¨FARINHA DE ARARIPINA¨
O aparato de marketing do senador Eduardo Amorim o envolve com os adereços sedutores de uma atraente promessa de renovação política.  O irmão do poderoso Edivan , seria, assim, uma espécie de John Kennedy,  provinciano, é verdade, cuja semelhança com o outro, o americano, reside  unicamente no fato de que também foi preparado por um líder da família
para que  chegasse ao topo do cenário político. Uma parte da meta  foi alcançada, Edivan já tem um gabinete no Senado Federal  que lhe serve de escritório brasiliense,  onde trata de política e dos seus interesses empresariais. Mas resta a segunda etapa  do seu projeto  que seria    a subida triunfal das escadas do Olímpio Campos ao lado do irmão governador, e , em seguida,   lá instalar-se em outro  gabinete com as mesmas finalidades.
Esse não seria exatamente um projeto renovador, apenas  uma ambição pessoal,  uma ideia ambiciosa, de certa forma egocêntrica, que se foi transformando em realidade  graças a um jogo inteligente de somação de interesses políticos acoplados à  edulcoradas expectativas. Nisso, o irmão do senador é mestre consumado, juntando habilidade política, senso de oportunidade a uma sedutora e convincente prosa, onde se desenham os frutos prontos para caírem no cesto de cada um, através de um habilidoso manejo da colheitadeira  do poder.
Para essa expectativa de colheita futura a terra vem sendo muito bem semeada.
 Mas, onde estaria a renovação, a novidade?
Com o passar do tempo constata-se que o senador é  uma espécie  de  farinha do mesmo pirão, e de uma farinha como aquela de Araripina, que, dizem os pernambucanos, não agrada ao paladar, é insossa.
 O que faz mesmo o jovem - antigo senador?  Incorpora-se ao segmento  mais atrasado e preconceituoso da sociedade,  que mantem na Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal o deputado Feliciano, aquele que classifica como ¨amaldiçoados ¨, os africanos, isto é, os negros,  e também os judeus e os homossexuais, e ainda  chegou ao absurdo de afirmar que o assassinato de John Lenon e a tragédia que vitimou o grupo  Mamonas Assassinas, foram  ¨castigos divinos ¨.  Que castigo divino mereceriam Lenon, que compôs Imagine,  a utopia sublime de um novo mundo ?   E os Mamonas, que espalharam em curto tempo, pelo país,  a alegria descontraída  da irreverencia ?
O mundo anda regurgitando de ideias novas, discute-se e contesta-se a modernidade. Em busca de novos caminhos, um filósofo da atualidade,  Zygmunt Bauman  estabelece nexos com o mal- estar  da civilização que Freud  identificou, e constata que a essência da pós-modernidade é a  ânsia de liberdade,   contraponto  das mudanças tecnológicas, econômicas, culturais, que afetam o cotidiano das pessoas. E aqui, o nosso jovem–antigo senador  vai ficar  encalhado  no que existe de mais passadiço e anacrônico?
Alguém dirá: Esse debate não é o nosso, aqui, sergipanamente afundados no cotidiano de mediocridades, nem podemos pensar  em modernidade,  quanto mais em  pós-modernidade. Certo, mas não se vence o atraso político, cultural, social, sem ideias  renovadoras , objetivas, práticas e  consistentes. Essa política  de ¨olho no olho ¨  ,  ¨ confiança na palavra dada ¨de que tanto fala o senador, repetindo cansativamente o irmão,  é coisa retirada dos baús encardidos do velho coronelismo, é entulho da Velha República, que, na carência de ideias, serve como frase de efeito para impressionar alguns desavisados. O ¨ olho no olho¨   a ¨palavra empenhada ¨ eram a segurança para os acordos entre coronéis, onde também entravam o fio da barba, do cavanhaque ou do bigode. Hoje, quando rareiam a barba, o bigode, e nem mais se sabe o que é cavanhaque, Edivan  reinventa em Sergipe os acordos entre o ¨ coronel  ¨e os ¨coroneizinhos¨ remanescentes, e neles só uma coisa não entra : o povo.
Agora, o novo-antigo senador quer  retirar do ar um programa radiofônico que o incomoda, entrando com uma representação para que as emissoras  retransmitindo o radialista George Magalhães paguem  elevada multa. O mesmo senador beneficia-se, faz tempo,  da rede de emissoras  do seu irmão empresário, mas,  quer cercear a liberdade de informação,  impedir o pluralismo, o livre transito das ideias, ou seja,  quer ser o intocável,  porém, com direito a em todos tocar, e  como bem entender, porque armas poderosas de comunicação   estão sempre ao seu inteiro dispor.
Para o jovem – antigo senador uma redoma de intocabilidade seria a  blindagem  indispensável  para que ocupe, sem contestações o  palco político, como se fosse o anjo  anunciador,  enquanto os outros seriam demônios ou fantasmas do passado.
Os demais, as outras lideranças repetidamente apontadas  como velharia pelo pool de emissoras a serviço do senador, são, todavia, personalidades bem conhecidas, com seus defeitos, suas virtudes, suas realizações, suas inações e suas ações, seus erros e  acertos;  uma gente que tem passado conhecido, origem política identificada, ideias e pensamentos, expostos através de muitos anos de participação direta na vida pública, seguindo caminhos próprios,  sem se deixarem comandar por cordéis manejados nos bastidores
Gente como João Alves, Jackson Barreto, Valadares, Albano.
Gente como Déda, cuja voz  viva,  sintonizada com a modernidade, para Sergipe é essencial. 
Essa gente, é a farinha conhecida do nosso pirão político. Outros,  que se insinuam como novidade virtuosa e única  nesse pirão,  podem não ser nada mais do que a rançosa farinha de Araripina.

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