NA BUSCA DO CONSENSO, SUZANA JÁ ERA
Certa vez, um senador disse a Lourival Baptista, que o
chamava de colega, que não se sentia bem com aquela forma de tratamento, porque
ele se elegera com o voto popular e Lourival era biônico, ou seja, fora escolhido pelo voto indireto, um processo
inventado pela ditadura depois do retumbante
fracasso eleitoral em 74, quando, entre os dezoito senadores surpreendentemente
eleitos em todo o país, saiu vencedor, em Sergipe, o médico Gilvan Rocha, que
nunca imaginara chegar ao Senado da República ou nem mesmo à Câmara de
Vereadores de sua terra, Propriá, mas, foi
um dos mais brilhantes representantes
que Sergipe enviou à Câmara Alta. Lourival,
tarimbado em eleições diretas, e que conquistara o primeiro mandato de senador
numa disputada eleição, sendo o mais votado, (
venceria mais outra pelo voto popular)
apenas sorriu , sem acusar a indelicadeza sofrida, e respondeu: ¨Quem de nós aqui não gostaria de
ser senador vitalício ¨?
A deputada Suzana Azevedo vitoriosa em sete
eleições parlamentares, sofreu um único
insucesso, quando candidatou-se a
prefeita de Aracaju, sendo fragorosamente derrotada por Marcelo Déda.
Suzana imaginou-se ungida pela
hereditariedade, enxergando que o destino lhe reservaria o direito de sentar-se
na cadeira do Tribunal de Contas, ocupada por Tertuliano Azevedo , seu pai, um
dos mais destacados integrante dos que
em Sergipe formaram uma frente contra a ditadura. Insistindo na busca da sucessão hereditária,
Suzana já sofreu insucessos, e agora amarga o pior deles, depois de escolhida
numa eleição, que o candidato derrotado
Belivaldo Chagas classificou de ilegítima, e foi a Justiça buscar reparação. A
irretocável peça jurídica produzida pela desembargadora Suzana Carvalho, suspendeu liminarmente os efeitos da escolha, e a decisão agora foi confirmada pelo plenário
do Tribunal. Numa outra votação, quando vai ser decidido se a eleição será
mantida ou anulada, dizem, observadores abalizados, que pela votação unanime
anterior, é fácil prever que uma outra escolha terá de ser realizada. Para a
Assembleia, fica a constatação
deprimente de que houve desrespeito ao
regimento, e de que nem sempre é bom
seguir os conselhos afoitos ou açodados do político empresário Edivan Amorim.
Num outro processo de escolha, obedecendo-se
então ao regimento, Suzana já não
reuniria as mesmas condições que a beneficiaram anteriormente. O quociente eleitoral será
mais amplo, o que acena para a imprescindível necessidade de um consenso a ser alcançado pelas lideranças políticas.
Nesse caso, as chances de Suzana Azevedo, mantidas as tendências atuais, seriam
nulas.
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