OS PEIXES MORREM AS
AGUAS APODRECEM
O laudo técnico do Instituto de
Tecnologia e Pesquisas encomendado
pela EMSURB, revela o motivo daquele extermínio dos peixes.
Aconteceu mês passado, no tranquilo e aparentemente límpido lago do Parque
Augusto Franco. Foi assustador. Da noite para o dia apareceram peixes boiando. Se peixes boiam,
evidentemente estão mortos. Eram milhares deles, amontoando-se sobre a
superfície e as margens do lago. Não
houvesse trocado a redação por uma sala com divã e mais um laboratório de pesquisador, o
jornalista Cezar Gama, agora biólogo e psicólogo, também Secretário Adjunto da Secretaria Municipal do
Meio Ambiente, teria escolhido a
manchete: TONELADAS DE PEIXES MORTOS NO
LAGO QUE VIROU FOSSA. E foi isso mesmo.
O lago, parte da privilegiada
paisagem do Parque, um dos pontos mais aprazíveis de Aracaju, há muito tempo
vem recebendo o despejo de esgotos. Ainda não está comprovado, e nisso entra a expertise do biólogo, se o oxigênio que sumiu da água foi
consequência de esgotos sanitários ou de cozinha.
Quem transitava na manhã de quarta-feira, dia 3, pela orla da 13 de Julho, sentia, entrando
avassaladoramente pelas narinas violentadas
a pestilência nauseabunda do Mot de Cambronne , aquela metáfora elegante que os franceses usam, quando não querem pronunciar o usual: Merda. Certamente, a dita cuja escorria em profusão pela cloaca
em que se transformou o outrora límpido Tramanday. Nele, de sobre a ponte das Quatro Bocas os meninos se jogavam. As aguas eram claras, e das
pedras, no leito, se retiravam ostras frescas,
saudáveis. A cidade cresceu, e literalmente foi convivendo com a merda
escapando dos esgotos precários, ou derramando-se em ligações clandestinas, poluindo os canais, o Poxim, o Sal, tudo se encaminhado para o estuário espraiado do rio Sergipe, onde escasseiam os cardumes de botos, de outros bichos limpos, não aclimatados à
sujeira dos humanos.
Eduardo Matos, com trajetória de
atento defensor da ecologia no Ministério Público, agora Secretário Municipal
do Meio Ambiente, assegura que vai descobrir quem é responsável pelos despejos que mataram
tantos hidrodinâmicos robaletes, tantas esguias e prateadas tilápias. Qual a natureza do crime ? Seria um ictiocídio em massa ?
Sem recorrer a inventados
neologismos, o crime ambiental é algo evidente, e recorrente, em Aracaju.
Deve ser combatido, se não quisermos nos conformar em viver,
brevemente, numa gigantesca cloaca.
Anuncia o diretor-presidente da
DESO, engenheiro Sérgio Ferrari
a boa nova de que a rede de esgotos da Zona Sul encontra-se em fase final de implantação.
Assim, é inadiável uma ação conjunta da DESO e da Prefeitura de
Aracaju para localizar e proibir os despejos clandestinos de esgotos. Edifício,
casa, loja, supermercado, clínica, hospital,
onde não houver rede de esgotos, deveria
haver fossas, mas, há quem
prefira, criminosamente, despejar
esgotos onde nunca eles deveriam ser lançados. Daí a fedentina, daí a
mortandade de peixes que escancarou o tamanho do problema. No caso do Parque da
Sementeira, a origem de tudo poderá estar
nos despejos dos próprios edifícios lá existentes, onde funcionam
repartições publicas municipais. Esgotos não poderão vir dos edifícios em torno,
porque estão distantes, e a canalização
clandestina teria de passar por baixo de avenidas, e ainda cortando o próprio parque.
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