sábado, 6 de abril de 2013

OS PEIXES MORREM AS AGUAS APODRECEM



OS PEIXES MORREM AS
AGUAS  APODRECEM
O laudo técnico do Instituto de Tecnologia e Pesquisas  encomendado pela  EMSURB,  revela o motivo daquele extermínio dos peixes. Aconteceu mês passado, no tranquilo e aparentemente límpido lago do Parque Augusto Franco. Foi assustador. Da noite para o dia apareceram  peixes boiando. Se peixes boiam, evidentemente estão mortos. Eram milhares deles, amontoando-se sobre a superfície e as margens do lago.   Não houvesse trocado a redação por uma sala com divã e  mais um laboratório de pesquisador, o jornalista Cezar  Gama,  agora  biólogo e  psicólogo,  também   Secretário Adjunto da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, teria     escolhido a manchete: TONELADAS DE PEIXES MORTOS  NO LAGO QUE VIROU FOSSA. E foi isso mesmo.  O lago,  parte da privilegiada paisagem do Parque, um dos pontos mais aprazíveis de Aracaju, há muito tempo vem recebendo o despejo de esgotos. Ainda não está comprovado,  e nisso entra   a expertise do biólogo,  se o oxigênio que sumiu da água foi consequência de esgotos sanitários ou de cozinha.   
  Quem transitava na manhã de quarta-feira, dia 3,  pela orla da 13 de Julho, sentia, entrando avassaladoramente pelas narinas violentadas  a pestilência  nauseabunda   do Mot de Cambronne ,   aquela metáfora elegante  que os franceses usam,   quando não querem pronunciar o usual: Merda.  Certamente,  a dita cuja escorria em profusão pela cloaca em que se transformou o outrora límpido Tramanday.   Nele, de sobre a ponte das  Quatro Bocas os meninos se jogavam.   As aguas eram claras,   e das pedras, no leito,  se retiravam ostras frescas, saudáveis.  A cidade cresceu,  e literalmente foi convivendo com a merda escapando dos esgotos precários, ou derramando-se em ligações clandestinas,  poluindo os canais, o Poxim, o Sal,   tudo se encaminhado para o estuário  espraiado do rio Sergipe,  onde escasseiam os cardumes de botos,  de  outros bichos limpos, não aclimatados à sujeira dos humanos.
Eduardo Matos, com trajetória de atento defensor da ecologia no Ministério Público, agora Secretário Municipal do Meio Ambiente, assegura que   vai descobrir  quem é responsável pelos despejos que mataram tantos hidrodinâmicos  robaletes,  tantas esguias e prateadas tilápias.   Qual a natureza do crime ?   Seria um ictiocídio  em massa ?  Sem  recorrer a inventados neologismos, o crime ambiental é algo evidente,  e recorrente,  em Aracaju.  Deve  ser combatido,   se não quisermos nos conformar em viver, brevemente, numa gigantesca cloaca.
Anuncia o diretor-presidente da DESO,  engenheiro  Sérgio Ferrari  a boa nova de que a rede de esgotos da Zona  Sul encontra-se em fase final de implantação.
Assim, é  inadiável  uma ação conjunta da DESO e da Prefeitura de Aracaju para localizar e proibir os despejos clandestinos de esgotos. Edifício,   casa, loja, supermercado, clínica, hospital, onde não houver rede de esgotos, deveria  haver fossas, mas,  há quem prefira,  criminosamente,   despejar  esgotos onde nunca eles deveriam ser lançados. Daí a fedentina, daí a mortandade de peixes que escancarou o tamanho do problema. No caso do Parque da Sementeira, a origem de tudo poderá  estar  nos despejos dos próprios edifícios lá existentes, onde funcionam repartições publicas municipais. Esgotos não poderão vir dos edifícios em torno,  porque estão distantes, e a canalização clandestina teria de passar por baixo de avenidas,  e ainda cortando o próprio parque.

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