O PREÇO DAS PASSAGENS
E OS ÔNIBUS EM CRISE
Os vereadores de Aracaju ficarão
agora com a batata quente nas mãos. Para muitos, a batata nem será tão quente assim, poderá até
surgir resfriada. A atribuição lhes foi
transferida pelo prefeito João Alves, alegando que fixar preço de passagem do transporte público é competência da vereança. Ninguém dele parece ter discordado. Agora os vereadores aguardam a planilha de
custos que a eles deverá ser enviada pela
Prefeitura. Onze por cento é quando
pede o Sindicato dos empresários. O aumento, está comprimido há dois anos.
2012 foi ano eleitoral. Subiu o combustível que estava há vários anos
estacionado no mesmo patamar, subiram também salários , peças, e a manutenção da frota tornou-se mais
onerosa.
Para o povo a passagem é sempre
excessivamente cara. Quem não recebe o Vale Transporte, que hoje beneficia a
maioria dos trabalhadores, terá de meter a mão no bolso para dele retirar mais
uma parcela do salário sempre insuficiente. Aracaju tem, todavia, a característica da tarifa única, não muito comum em outras cidades, que
permite ao passageiro fazer qualquer percurso
com a mesma tarifa. Ai, entra um
fator que tem sido uma das causas do colapso atual.
Houve a não cumprida promessa da Câmara de Compensação, como o nome indica, um aparato burocrático que
serviria para equalizar os custos e as receitas, transferindo parte do faturamento dos que fazem
trajetos menores para os que operam as maiores distancias.
Há vereadores defendendo uma licitação urgente para o
transporte público aracajuano, cujas
linhas foram, desde o tempo das
marinettes, concedidas segundo a vontade
dos prefeitos. Uma
licitação requer tempo, por mais que se queira acelerá-la, dificilmente se faria este ano, ou, nem chegará a ser efetivada, tantas
probabilidades existem para uma alongada batalha judicial. Caso efetivada a licitação, para que as exigências contratuais sejam
obedecidas, não deixará de haver a indispensável contrapartida da majoração nos
preços das passagens, e, muito provavelmente, o fim da tarifa única, conquista de Jackson Barreto no seu primeiro
mandato de prefeito da capital. Na época, o
diretor presidente da SMTT, Bosco Mendonça, anunciou que o prefeito
Jackson criaria a tarifa única. Pouca gente acreditou. Bosco, confiante, fez algumas apostas, todas ,
para ele,
Infelizmente simbólicas, porque foi o ganhador.
O permanente litígio entre passageiro e empresa,
somente começará a ser aliviado quando providencias de maior alcance forem
adotadas, passando pela mobilidade urbana, pela
redução dos custos, o que não se
fará sem a participação do governo federal, ente que dispõe sobre impostos, taxas e
obrigações. Valendo ressaltar, ainda, o índice do ICMS sobre combustíveis, que em Sergipe é um dos
mais elevados. A crise também se instalou em todas as cidades médias
ou grandes, e começa a ser tratada com a
abrangência de prioridades
estabelecidas pelo governo federal.
Debruçada sobre o problema, com a seriedade e
competência que caracterizam suas ações, está a Secretária do Desenvolvimento
Urbano, Lúcia Falcon. Nesses tempos tão paradigmáticos de sintonias
administrativas, seria oportuno um diálogo permanente entre o Governo do
Estado e a Prefeitura de Aracaju, até
para que sejam abrangidos os municípios da região metropolitana.
No momento, o essencial é que se evite o colapso das
empresas que operam o transporte urbano,
sem que o passageiro venha a pagar, sozinho, a conta.
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