segunda-feira, 25 de março de 2013

ANÍSIO DÁRIO UM CRIME A ESCLARECER



ANÍSIO DÁRIO  UM CRIME A ESCLARECER
 O  assassinato pela polícia do operário Anísio Dário, em novembro de 47 é um crime encoberto pela penumbra da dissimulação. As circunstancias imediatas do assassinato são bem conhecidas, e sobre ela tantos já escreveram, mas,  o que se seguiu ao trucidamento revela o clima de uma época, em que o tropel dos cavalos desnudava o simularco  de uma democracia  bem mais frágil do que a  ¨plantinha tenra ,¨ da metáfora de Otávio Mangabeira.  
Operários, intelectuais, estudantes, reuniam-se no Cinema Rio Branco, centro da cidade,  Rua João Pessoa, para um protesto contra a cassação do registro do Partido Comunista Brasileiro e dos mandatos dos seus representantes nos parlamentos e prefeituras. O ato fora proibido pelo Chefe de Polícia, o Dr. Monteirinho. Esvaziado o cinema,  os manifestantes  sairam em passeata.  Chegou a cavalaria e investiu contra o povo. Anisio Dário foi morto a tiros e sobre ele passaram alguns cavalarianos, até que o corpo ficasse destroçado. Antonio Garcia Filho, médico,  que tentou socorrer Anísio, e também um dos manifestantes, depois descreveria a cena.  O enterro foi acompanhado de perto pela polícia, e o corpo colocado em um caixão vedado.   A família de Anisio Dário, sua esposa e filhos menores tiveram de deixar Aracaju e foram viver no Rio de Janeiro. Anos depois, quando a viúva de Anísio  faleceu, o filho, Zacarias  tentou abrir o inventário, mas lhe faltava a certidão de óbito do pai. Constatou, então, que o documento nunca fora emitido,  e que também não se fizera a  indispensável necropsia para atestar a causa  da morte.
Agora, Zacarias está em Aracaju, tenta incluir a atrocidade cometida pela polícia sergipana entre os crimes contra os direitos humanos a serem  esclarecidos pela Comissão da Verdade.
Zacarias, acompanhado do primo  Diógenes ,   do professor Antonio Bitencourt,  reuniu-se na Ouvidoria- Geral do Estado com os historiadores Gilfrancisco e Murilo Mellins, depois, foram à Secretaria dos Direitos Humanos.  O Secretário Luiz Eduardo Oliva os recebeu, e a assessora Jéssica Oliveira de  Carvalho preencheu a ficha de atendimento assim  concluída: ¨Vem o requerente pedir à Comissão da Verdade a abertura de investigações sobre o assassinato do líder sindical e operário da construção civil Anísio Dário de Andrade a fim de que se possa garantir o direito ao reconhecimento da memória do mesmo, bem como garantir à família o direito de identificar os verdadeiros responsáveis, e ter ainda o direito de recuperar / reaver todos os documentos do Sr. Anísio Dário, os quais foram na época confiscados pelas autoridades policiais ¨.
Finalmente se poderá saber por que a cavalaria e seus cavaleiros, pagos pelo povo investiram contra o povo, para assassinar um homem do povo. Foi em 1947, mas o tempo não apaga o crime.

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