segunda-feira, 18 de março de 2013

A VIOLENCIA NOSSA DE CADA DIA



A VIOLENCIA NOSSA DE CADA DIA
É pena,  mas os índices de violência aqui entre nós insistem em não acompanhar aqueles outros que revelam sensíveis melhorias nas condições de vida da população.  A crença de que  a violência era o resultado da pobreza extrema, e que,  acabando a fome  a marginalidade também se reduziria, mostra-se agora algo utópico, que a realidade desmente.    A inclusão social  no Brasil é agora um modelo para países que lutam para vencer a pobreza, mas na grande maioria desses países  onde a população está,  desesperançadamente, afundada na miséria absoluta, os índices de violência são incomparavelmente menores do que aqueles por nós  ainda deploravelmente exibidos. E o pior de tudo:  a violência é crescente e descontrolada.
Nos acostumamos, e também nos conformamos a viver nesse clima, onde a morte está sempre por perto, seja causada por um assaltante, um bêbado  dirigindo, um sádico qualquer que resolva  matar. Banalizou-se a morte e relativizou-se a vida. Não há desgraça maior para uma sociedade. Há um constante apelo à violência. Nos jogos  eletrônicos aparentemente inocentes surgem estranhas competições,  e os vencedores são aqueles que cometem  as maiores atrocidades. O atropelamento de velhinhas ou crianças,  por exemplo, incluindo uma  marcha a ré para passar sobre o corpo estendido da vítima. Tudo isso é virtual, o sangue não escorre, dele não se sente o cheiro, nem dos intestinos rasgados, é uma espécie de morte asséptica, com ela as pessoas desde cedo se acostumam,  depois, encaram com indiferença a morte verdadeira, o assassinato, o atropelamento, toda a cadeia da atrocidades sem limites.
As cifras desse circo de horrores são alarmantes, e  a indiferença persiste. Dormem projetos no Congresso, e a Justiça põe em prática a legislação leniente. Antes,  dizia-se que no Brasil somente iam presos, pobres pretos e prostitutas. Agora,  acabou-se o preconceito. Todas as classes sociais de uma forma ou de outra participam  da mortandade, e ninguém mais vai para a cadeia. Alguns, que se transformam em  atrações midiáticas,  purgam no corpo as culpas coletivas.
Se somarmos assassinatos e mortes no transito,  e compararmos com a carnificina na Síria, que se dessangra numa guerra civil, o Brasil, esta terra de paz, terá mais cadáveres a exibir.
E tudo continua como d`antes no quartel de Abrantes.
Só para relembrar uma das frases preferidas do velho  e combativo jornalista Orlando Dantas, que, de tanto clamar, passou a incorporar ao seu texto, um certo desalento.

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