OS SEGREDOS QUE CERCAM OS COFRES PÚBLICOS
É procedimento que faz parte indispensável dos nossos costumes políticos.
Quem é eleito para um cargo executivo, ao assumir, ou mesmo antes, começa a
descobrir mazelas na administração anterior. Quem chega, as vezes até como aliado, não admite que exista saldo nos cofres. Restos a pagar, são sempre vistos como prova
de descontrole e desmandos financeiros. A velha tradição permanece, e deverá
ser mantida pelos anos que virão, como reflexo, principalmente, daquele clima de mistério e quase misticismo que cercam
os cofres, (ou
seriam arcanos? ) do poder
público. Parece ser dogmática tarefa de
todos os gestores diretos desses cofres, a construção de uma espessa cortina a
encobrir receitas e despesas. Todo
secretário da fazenda lida com
insuperáveis dificuldades, sempre a receita está caindo, nunca existe dinheiro
suficiente para atender às necessidades, e todos atribuem a si mesmos a
qualidade de mágicos das finanças, sempre capazes de retirar leite de pedra,
exatamente naqueles instantes em que se desenha, pela frente, a impossibilidade de manter em
dia o pagamento dos servidores. Apesar de todas as anunciadas e decantadas
transparências, da disponibilidade dos
dados que podem ser facilmente acessados
pela Internet, nunca se desfaz o clima
de mistério, que suscita dúvidas e estimula sempre os recém chegados a fazerem queixas e até muitas
acusações. Não foi diferente agora com a chegada de João Alves à Prefeitura de
Aracaju, como não foi diferente antes, nos momentos em que ele começava ou encerrava os seus mandatos. O
secretário da comunicação, Carlos
Batalha, que tem sido sempre um competentíssimo marqueteiro bem próximo ao seu
líder, fora ou dentro do poder, anunciava , até antes da posse, a existência de
um nunca suspeitado rombo financeiro na Prefeitura. A vereadora Lucimara Passos
já saiu em defesa do ex-prefeito Edvaldo Nogueira, mostrando o que , para ela, é um quadro bem diferente daquele pintado por
Batalha, e corroborado pelo novo
Secretário de Finanças da Prefeitura, Nílson Lima, que repete, agora, quase
literalmente, a mesmas cantilenas com os
quais recheou as acusações feitas a João Alves, no instante em que ele deixava
o governo do estado sendo sucedido por
Marcelo Déda, de quem Nílson Lima era também entusiasmado gestor das
finanças, a desenhar ¨o imenso rombo¨, deixando por nem mais nem
menos do que o prefeito a quem ele hoje tão lealmente serve, e a quem acusou de ter sido ¨ gestor
irresponsável dos recursos públicos.¨
Tudo isso seria evitado, se fosse cumprida ao pé da letra a legislação
que manda tornar publica, transparentemente, todas as contas dos governos, uma
coisa que nenhum Secretário da fazenda parece aceitar. Não haveria sempre essa
desnecessária e desgastante polemica, essa troca pouco civilizada de tantas
acusações, nem um secretário assim, como Nilson Lima, a transitar de um lado para
outro, daria
motivo aqueles que apreciam a ópera, seja ela bufa, ou não, para cantarolar enquanto o escutam, hoje :
¨La donna é mobile, qual piuma al vento¨ sátira, ou versejamento iâmbico de Verdi, sobre a volubilidade das mulheres. É que, a
suposta e injusta volubilidade que o
famoso compositor tão preconceituosamente enxergava nas mulheres, tornou-se, agora, o mais evidente sentimento
entre alguns protagonistas da cena
política, independentemente de sexo.
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