sábado, 27 de outubro de 2012

A HISTÓRIA E OS NOSSOS HEROIS TÃO ESQUECIDOS



A HISTÓRIA  E OS NOSSOS
HEROIS TÃO ESQUECIDOS
Seria impensável, um dia, ver-se o Arco do Triunfo em ruinas.  Da sua arcada monumental, desaparecidos os nomes das batalhas e dos generais napoleônicos, e no solo, apagada a chama  sobre o túmulo do soldado desconhecido, onde não mais haveria buquês de flores. Desprezadas as suas glórias ( infelizmente a História se faz em grande parte com esses épicos guerreiros ) a França também teria sucumbido.
 Cenário catastrófico, desses, retratados com a crueza e dramaticidade dos filmes de ficção.
Colocando os episódios nas suas devidas proporções, aqui em Aracaju já estaríamos a ver a  ficção catastrófica  transformar-se em realidade. Pais ainda jovem o Brasil felizmente, não seguiu o caminho  guerreiro do nosso contemporâneo do norte, os Estados Unidos. Pode ser que a explicação para isso esteja no subdesenvolvimento que nos acompanhou por tanto tempo,  impedindo que tivéssemos sobre o mundo uma visão imperialista. O nosso benfazejo pacifismo até nos fez retirar das páginas da nossa História episódios onde as armas foram decisivas, como no caso da independência de Portugal, atribuída, nos compêndios escolares, quase exclusivamente ao voluntarismo de Dom Pedro, traduzido naquele grito às margens do Ipiranga, tornado ainda mais dramático pela diarreia que atormentava  o príncipe  durante o  exaustivo cavalgar   do Rio a São Paulo.
Temos, aqui em Aracaju,  um monumento erguido  aos sergipanos que combateram e morreram na Segunda Guerra Mundial,  e aos  foram vítimas do torpedeamento de navios  de cabotagem por um submarino alemão ao largo das praias do sul sergipano e do norte baiano. Foram,  ao todo, mais de 600 mortos naquele episódio trágico de agosto de 1942, que  levou Getúlio Vargas a declarar, dias depois, a guerra contra o Eixo,  - Alemanha – Itália- Japão-. Se podem  existir guerras justas, aquela, da qual participamos, sendo o único país independente do hemisfério sul a enviar tropas ao  front europeu, foi, efetivamente, um conflito onde a justiça, a razão e , por paradoxal que seja, o humanismo, estavam do lado certo, aquele que escolhemos contra o totalitarismo nazi-fascista.
Pois então, o nosso monumento está em ruinas, deploravelmente abandonado, imundo; das suas paredes já caíram ou foram furtadas as placas de bronze onde estavam inscritos os nomes dos heróis. Para quem não sabe, o monumento fica exatamente no centro da Praça dos Expedicionários, em frente a também quase arruinada estação da antiga ferrovia Leste Brasileiro.
A Associação dos Ex- Combatentes nem mais existe, até  porque quase todos os seus integrantes já morreram. Assim, não há  mais o zelo  permanente, e a cobrança feita às autoridades pelos heróis de guerra, Capitão Juca Teófilo, Sargento Zacarias, Major Aloísio,  tenente Sizenando,  entre tantos outros que lutavam para que o sacrifício dos ¨pracinhas ¨ não fosse esquecido pelas gerações futuras.
 O monumento em ruinas é, também,  duplo atestado de desídia: revela  desprezo pela nossa História,  ao mesmo tempo,  indiferença aos que sofrem afundados na miséria. Ao pé do monumento, abrigando-se à sombra precária e fugidia do obelisco, uma família de pernambucanos vindos de Garanhuns,  armou uma desconjuntada barraca de papelão. Lá estão, pai bêbado, mãe desesperada, tentando alimentar uma meninazinha  de olhos azuis no rosto famélico e triste,  faz mais de 3 meses.
Bem que poderia nos dois meses que lhe faltam, o prefeito Edvaldo Nogueira iniciar uma obra emergencial de recuperação do monumento, antes disso, retirar e dar amparo à família que compõe o quadro duplo de miséria cívica e social. Sem duvidas, o próximo prefeito João Alves, concluirá com satisfação a obra. Se até lá isso não acontecer, o vereador eleito Max Prejuizo, que esteve visitando o que resta do monumento, garante que  pedirá a recuperação urgente daquele marco esquecido da nossa História.

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