sábado, 27 de outubro de 2012

3 EPISÓDIOS HISTORICOS DA POLÍTICA SERGIPANA



  3 EPISÓDIOS HISTORICOS
   DA POLÍTICA SERGIPANA
Até sexta-feira dia 26 ,  com facilidade poderiam ser enumerados  dois grandes momentos históricos da política sergipana. O primeiro deles, no século passado, aconteceu no dia 28 de agosto de 1906, quando  o deputado federal Fausto  Cardoso,  eloquente e impetuoso tribuno, desafiou a força das armas clamando por liberdade, pela renovação dos nossos costumes políticos, e foi fuzilado na praça que hoje leva o seu nome. O segundo episódio a ser lembrado, ocorreria no mesmo século,  58 anos depois, na madrugada de 2 de abril de 1964. Acordado por militares que invadiram o palácio Olímpio Campos para prendê-lo, o governador Seixas Dória ao lado da mulher e dos dois filhos crianças que choravam,  com a força das ideias e da honra a fazer grande  sua diminuta estatura física , colocou-se diante dos seus algozes armados e lhes disse:  ¨Aqui entrei pela vontade livre do povo, saio pela força das armas, certo de que a História julgará a mim e aos senhores¨. Um dos militares, obediente à rigidez dos códigos da hierarquia, apesar do momento, perfilou-se e bateu continência ao governador  que ele ajudava a depor .
Na manhã de sexta-feira, 26, a Historia de Sergipe enriqueceu-se com   outro episódio,  marcado por dor, sofrimento e consciência cívica,   também protagonizado por um eloquente e impetuoso tribuno, o governador Marcelo Déda.
Há, mesmo com a distancia do tempo, um paralelo histórico permeando os dois momentos vividos pelos  tribunos, Fausto, e Déda.   Em 1906, Fausto estava convicto de que o seu repto, lançado em praça pública,  em frente à  tropa de armas em riste, poderia  custar-lhe a vida. Mas se dispôs ao sacrifício, por entender que era necessário, em primeiro lugar, honrar o  mandato, defender as suas ideias que se confrontavam com a mesquinharia corrupta de um governo retrógrado, que favorecia parentes e fazia negócios com os bens públicos.   Dia 26, Déda, superando as dores e os incômodos de uma quimioterapia, não foi a uma emissora de rádio para fazer desafios, mas,  com a força das suas convicções e a grandeza do seu exemplo de sacrifício pessoal  , pedir, e pedir com a veemência dos que esgrimem  argumentos da razão, que Sergipe não capitule diante da ambição desenfreada e do egoísmo mesquinho.  Ao fim de duas horas de discurso emocionado, quem carrega nas entranhas um câncer, e contra ele corajosamente luta, por mais que disfarçasse não conseguiria ocultar o cansaço, a voz sempre potente vez por outra lhe faltando. Os esforços daquela manhã poderão agravar  os efeitos colaterais inevitáveis do tratamento, valerão a  Déda mais reprimendas  dos seus médicos, mas, ele enxergava o futuro de Sergipe, os interesses maiores do povo que o elegeu, e, calar-se, seria  covardia moral incompatível com o comportamento de um homem público que poderá ter todos os defeitos, mas ninguém  nele enxergará  desonra ou  conivência com a traição ao povo.
Depois da fala de Déda, do apelo por ele feito para dividir com  seus opositores o sucesso pela obtenção do empréstimo de 720 milhões de reais, depois do convite feito ao senador  Amorim para irem juntos à Presidente Dilma celebrar o contrato;  depois de pedir que  os  políticos  não abandonem a velha tradição de unidade em face dos interesses de Sergipe;  depois de tudo isso,  se não for encontrada a fórmula capaz de separar o interesse público das ambições e das vantagens pessoais, Sergipe  teria então ingressado numa etapa  de retrocesso e degenerescência política, que estaria a exigir o sacrifício pessoal de muitos outros Fausto Cardoso

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