sábado, 18 de agosto de 2012

AS PREOCUPAÇÕES DE UM APOSENTADO


  AS PREOCUPAÇÕES DE UM APOSENTADO

 Velho aposentado,  hoje beirando os 80, depois de longo e honrado tempo de serviços prestados  ao município de Aracaju , numa dessas tardes,  em uma mesa de café,  confiava a alguns amigos as preocupações que o assaltam agora em muitas noites mal dormidas. Pessoalmente, dizia  ele,¨ nada tenho contra João Alves, até estava disposto a votar nele, ando um tanto desgostoso com as coisas em Sergipe, mas,  andei remexendo na memória e fiquei alarmado, perdi o sono,  e agora ando a apoquentar a velha companheira . Já cheguei a acordá-la no meio da madrugada, somente para perguntar: Será que o Dr. João vai mesmo ser prefeito  de Aracaju ? E ela quase ainda ressonando:    Vai homem, vai ,e nós vamos votar nele.

 Revirei na cama, no outro dia  a mulher não  me perguntou nada, mas eu fiquei com a cabeça quente e já estou tomando duas maracujinas    por dia.  O que me veio à memória foi a forma de administrar do Dr. João. Ele tem uma obsessão para fazer obras, gosta de coisas grandes, assim como a ponte da Barra, mas para isso sempre raspou o fundo do tacho.  Nos dois primeiros governos, um  tacho raspado foram os recursos do IPES.  Se  Valadares e Albano não chegassem   para tapar o rombo na previdência, muito aposentado estadual  estaria agora de cuia na mão, pedindo esmola .  No terceiro governo não foi diferente, e Déda suou sangue para recompor o IPES Previdência. Dr. João quase acabou a Previdência, ele acha que o dinheiro empregado em obras é mais produtivo, mas aí,  como ficam os aposentados ? Perguntava o estressado servidor.  E  prosseguia diante dos companheiros, também idosos, que já compartilhavam da sua preocupação :  ¨ Dizem que ele também tirou  o lucro todo do BANESE para usar na Orla da Atalaia, mas para mim,  se o BANESE acabasse nem faria  falta, porque  aquele branco  me sangra  todos os meses com os juros absurdos do empréstimo consignado, do cheque especial e do cartão de crédito. O que me tira o sono mesmo,  é somente  o  risco que poderá correr a Previdência Municipal. ¨

 A Prefeitura, lembrava ainda o  aposentado, ¨  tem um Fundo de Previdência,  criado,( ele não sabia direito, se  por Gama ou Déda,)  e que agora, ainda segundo ele, ¨ bem gerenciado e nutrido com verbas durante  quase  dez anos,  estaria com  recursos da ordem de  200 milhões de reais,  cifra que parece,  quase certamente, um exagero do antigo servidor. João, chegado   na Prefeitura, doido e alucinado para fazer obras, ( a expressão é dele, do aposentado)  querendo saltar para o governo em 2014, poderia  dar-lhe na telha a ideia de outra vez  valer-se dos  recursos da Previdência, desta vez do município, e em um ano e meio poderia  reduzir a menos da metade  o que lá está  aplicado  como  segurança para os aposentados.  Então, eu que estou com saúde e espero passar dos 90, posso sofrer a desgraça de ter de recorrer ao auxílio dos filhos ou dos netos para me garantirem a  sobrevivência.¨

Parece fazer sentido esse  causticante temor do velho aposentado.

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