AS PREOCUPAÇÕES DE
UM APOSENTADO
Velho
aposentado, hoje beirando os 80, depois
de longo e honrado tempo de serviços prestados
ao município de Aracaju , numa dessas tardes, em uma mesa de café, confiava a alguns amigos as preocupações que
o assaltam agora em muitas noites mal dormidas. Pessoalmente, dizia ele,¨ nada tenho contra João Alves, até estava
disposto a votar nele, ando um tanto desgostoso com as coisas em Sergipe, mas, andei remexendo na memória e fiquei alarmado,
perdi o sono, e agora ando a apoquentar
a velha companheira . Já cheguei a acordá-la no meio da madrugada, somente para
perguntar: Será que o Dr. João vai mesmo ser prefeito de Aracaju ? E ela quase ainda
ressonando: Vai homem, vai ,e nós
vamos votar nele.
Revirei na cama, no
outro dia a mulher não me perguntou nada, mas eu fiquei com a cabeça
quente e já estou tomando duas maracujinas por dia.
O que me veio à memória foi a forma de administrar do Dr. João. Ele tem
uma obsessão para fazer obras, gosta de coisas grandes, assim como a ponte da
Barra, mas para isso sempre raspou o fundo do tacho. Nos dois primeiros governos, um tacho raspado foram os recursos do IPES. Se
Valadares e Albano não chegassem
para tapar o rombo na previdência, muito aposentado estadual estaria agora de cuia na mão, pedindo esmola . No terceiro governo não foi diferente, e Déda
suou sangue para recompor o IPES Previdência. Dr. João quase acabou a
Previdência, ele acha que o dinheiro empregado em obras é mais produtivo, mas
aí, como ficam os aposentados ?
Perguntava o estressado servidor. E prosseguia diante dos companheiros, também
idosos, que já compartilhavam da sua preocupação : ¨ Dizem que ele também tirou o lucro todo do BANESE para usar na Orla da
Atalaia, mas para mim, se o BANESE
acabasse nem faria falta, porque aquele branco me sangra todos os meses com os juros absurdos do
empréstimo consignado, do cheque especial e do cartão de crédito. O que me tira
o sono mesmo, é somente o risco
que poderá correr a Previdência Municipal. ¨
A Prefeitura, lembrava
ainda o aposentado, ¨ tem um Fundo de Previdência, criado,( ele não sabia direito, se por Gama ou Déda,) e que agora, ainda segundo ele, ¨ bem gerenciado
e nutrido com verbas durante quase dez anos, estaria com
recursos da ordem de 200 milhões
de reais, cifra que parece, quase certamente, um exagero do antigo
servidor. João, chegado na Prefeitura, doido e alucinado para fazer
obras, ( a expressão é dele, do aposentado) querendo saltar para o governo em 2014, poderia dar-lhe na telha a ideia de outra vez valer-se dos recursos da Previdência, desta vez do
município, e em um ano e meio poderia
reduzir a menos da metade o que
lá está aplicado como segurança para os aposentados. Então, eu que estou com saúde e espero passar
dos 90, posso sofrer a desgraça de ter de recorrer ao auxílio dos filhos ou dos
netos para me garantirem a
sobrevivência.¨
Parece fazer sentido esse
causticante temor do velho aposentado.
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