SERENAI VERDES MARES
BRAVIOS.........
Escreveu o escritor Jose de
Alencar, salvo engano em Iracema, um dos seus mais conhecidos romances, um
capítulo que assim começa : ¨Serenai verdes mares bravios da minha terra natal
onde canta a jandaia na copa da carnaúba. ¨ E assim prossegue o escritor numa
mensagem doce de paz e bucolismo descrevendo o cenário em que surgiria a figura
da índia de beleza refulgente.
O candidato João Alves Filho,
acossado pela tempestade criada dentro da sua própria família após a aliança
feita com o até então detestado ex-genro Edivan Amorim, poderia ter recorrido à
prosa do escritor cearense, quase um poema, para enriquecer a declaração
pública que fez a propósito das duríssimas declarações da filha Ana, e do seu
esposo, o combativo deputado federal Mendonça Prado, a respeito dos irmãos
Amorim e dos seus aliados Deve ter sido uma penosa tarefa, a de redigir, ele
mesmo, o texto que serviria como um pedido de desculpas. Nota-se o
constrangimento , a dor íntima que aflora em cada frase do compungido texto,
que João nunca imaginaria ter ele próprio de escrever, pressionado pelas
circunstancias políticas. Observa-se o cuidado do pai e do sogro para não
deixar numa situação delicada a filha e o genro, aos quais não condenou, nem
deixou claro que as acusações feitas seriam irresponsáveis ou caluniosas. Foi
ao mesmo tempo, pai, diplomata, e sobretudo político, político que viveu aquele
momento terrível, em que se torna necessário engolir sapos. E João foi engolindo
batráquios em cada palavra, em cada frase que concluía. Resumiu tudo num apelo
ao desarmamento , ao ensarilhamento das armas, pelo menos, deixou isso claro,
enquanto durar a campanha, pois a troca de acusações só beneficiaria os
adversários, como ele fez questão de frisar.
Quando colocou o ponto final no
texto que inteligentemente transformou num apelo, sem pedir desculpas aos
irmãos Amorim, nem muito menos classificar como caluniosas as acusações pesadas
do genro, e mais pesadas ainda as da filha Ana, esperando assim ter dado alguma
satisfação aos novos aliados, João deve ter ido ao sanitário para vomitar os
sapos, depois, foi ouvir Beethoven ou Mozart, para aquietar a própria
consciência, naquele que deve ter sido um dos mais dolorosos momentos da sua
vida política: a tentativa de não desagradar duas pessoas às quais devota
profundo afeto, para agradar a um, de quem mal consegue disfarçar o nojo e a
repulsa, num sentimento compartilhado plenamente pela sua esposa, a senadora
Maria do Carmo.
Edidelson, o criativo cartunista
aqui deste JORNAL DO DIA, retratou o episódio com a ironia fina que só o humor
consegue expressar, numa das suas geniais charges da primeira página. Nela,
João aparece puxando pelas orelhas a filha Ana e o genro Mendonça Prado, e a eles
ordenando: ¨Vão pedir desculpas ao titio Amorim ¨.
Nenhum comentário:
Postar um comentário