terça-feira, 17 de julho de 2012

SERENAI VERDES MARES BRAVIOS.........


SERENAI VERDES MARES BRAVIOS.........

Escreveu o escritor Jose de Alencar, salvo engano em Iracema, um dos seus mais conhecidos romances, um capítulo que assim começa : ¨Serenai verdes mares bravios da minha terra natal onde canta a jandaia na copa da carnaúba. ¨ E assim prossegue o escritor numa mensagem doce de paz e bucolismo descrevendo o cenário em que surgiria a figura da índia de beleza refulgente.
O candidato João Alves Filho, acossado pela tempestade criada dentro da sua própria família após a aliança feita com o até então detestado ex-genro Edivan Amorim, poderia ter recorrido à prosa do escritor cearense, quase um poema, para enriquecer a declaração pública que fez a propósito das duríssimas declarações da filha Ana, e do seu esposo, o combativo deputado federal Mendonça Prado, a respeito dos irmãos Amorim e dos seus aliados Deve ter sido uma penosa tarefa, a de redigir, ele mesmo, o texto que serviria como um pedido de desculpas. Nota-se o constrangimento , a dor íntima que aflora em cada frase do compungido texto, que João nunca imaginaria ter ele próprio de escrever, pressionado pelas circunstancias políticas. Observa-se o cuidado do pai e do sogro para não deixar numa situação delicada a filha e o genro, aos quais não condenou, nem deixou claro que as acusações feitas seriam irresponsáveis ou caluniosas. Foi ao mesmo tempo, pai, diplomata, e sobretudo político, político que viveu aquele momento terrível, em que se torna necessário engolir sapos. E João foi engolindo batráquios em cada palavra, em cada frase que concluía. Resumiu tudo num apelo ao desarmamento , ao ensarilhamento das armas, pelo menos, deixou isso claro, enquanto durar a campanha, pois a troca de acusações só beneficiaria os adversários, como ele fez questão de frisar.
Quando colocou o ponto final no texto que inteligentemente transformou num apelo, sem pedir desculpas aos irmãos Amorim, nem muito menos classificar como caluniosas as acusações pesadas do genro, e mais pesadas ainda as da filha Ana, esperando assim ter dado alguma satisfação aos novos aliados, João deve ter ido ao sanitário para vomitar os sapos, depois, foi ouvir Beethoven ou Mozart, para aquietar a própria consciência, naquele que deve ter sido um dos mais dolorosos momentos da sua vida política: a tentativa de não desagradar duas pessoas às quais devota profundo afeto, para agradar a um, de quem mal consegue disfarçar o nojo e a repulsa, num sentimento compartilhado plenamente pela sua esposa, a senadora Maria do Carmo.
Edidelson, o criativo cartunista aqui deste JORNAL DO DIA, retratou o episódio com a ironia fina que só o humor consegue expressar, numa das suas geniais charges da primeira página. Nela, João aparece puxando pelas orelhas a filha Ana e o genro Mendonça Prado, e a eles ordenando: ¨Vão pedir desculpas ao titio Amorim ¨.

Nenhum comentário:

Postar um comentário