OS EUROPEUS ESQUCERAM KEYNNES
John
Maynard Keynnes, um aristocrata inglês que se tornou famoso
economista, preconizou medidas que desafiavam a economia clássica
para vencer a grande depressão de 1929. Suas ideias inovadoras não
foram de logo aceitas. Havia um arraigado preconceito contra mudanças
que mexessem com o ritmo e sobretudo a liberdade do livre mercado. Os
americanos e europeus recusaram-se a crer na eficácia daquelas medidas,
vistas como excentricidades que desafiavam o bom senso, no caso a
ortodoxia monetária, fórmula infalível para o sucesso dos banqueiros e
do sistema financeiro em geral, o mesmo não se podendo dizer em relação
ao resto dos agentes econômicos. Depois do crash da bolsa de Nova
Iorque, até banqueiros saltaram dos seus escritórios no alto de grandes
edifícios, indo esborracharem-se no chão de Wall Street. Foi a primeira
e única vez em que o sangue de magnatas escorreu sobre o asfalto. Um
presidente americano, Franklin Delano Roosevelt, eleito em tempos de
crise, e diante de uma explosão social que poderia acontecer a qualquer
momento, quando as massas de desempregados se transformassem em
salteadores ou revolucionários, como já acontecia em países europeus,
entendeu muito bem a clara mensagem de Keynnes , que assim poderia ser
resumida: Em tempos de recessão é válido cavar buracos, depois
tapá-los, desde que isso gere empregos. Havia também , no receituário
de Keynnes, a ideia que apavorava os conservadores : a interferência do
Estado na economia. Não se poderia dizer que o aristocrata inglês,
ungido Lord do Império Britânico, alimentasse qualquer conflito
ideológico com o sistema capitalista, na verdade, o que ele queria mesmo
era salvá-lo, evitando o debacle total da economia. O presidente
Delano Roosevelt se transformou no primeiro Chefe de Estado
Keynesiano, e se pôs a cavar e a tapar buracos, quase literalmente; fez
planejamento, o que na época era uma heresia, criou a Tenessee Valey
Authortity, e levou desenvolvimento ao sul paupérrimo e estagnado,
estabeleceu limites para o festim do mundo financeiro, e o resultado de
tudo foi a recuperação econômica, a geração de empregos, o fim da
recessão. A Europa demorou na descrença em relação às fórmulas
kenesianas e o resultado foi a ascensão do nazi-fascismo como resposta
radical à crise. Salazar em Portugal, Mussolini na Itália, Franco na
Espanha, e Hitler, Adolf Hitler, comandando com mão de aço a Alemanha a
partir de 1933, um país afundado numa recessão imensa e numa inflação
astronômica. O ditador foi brutal nos métodos policialescos, e cuidadoso
com a economia, deve ter lido ou ouvido falar em Keynnes , e adotou
suas sugestões. Interferiu pesadamente na economia, traçou um
planejamento de reestruturação da indústria voltado para duas
vertentes: a guerra e a geração de empregos, investiu pesadamente em
obras públicas, e até mandou que um engenheiro projetasse um carrinho
que ele queria transformar em veículo de uso popular, sonhando em
imitar a popularização feita na América por Henry Ford, que aliás era um
entusiasmado admirador e colaborador do nazismo. Surgiu o Volkswagen,
mas logo as linhas de montagem iriam mesmo fabricar tanques e canhões. Enquanto
a bacurau alemã , Angela Merkel, continuar submetendo a zona do euro
à sua maléfica interferência, estupidamente conservadora, não há saída
para a crise europeia. Agora, a Inglaterra , que não obedece a Merkel,
mas, por convicção, adota as mesmas ideias excessivamente
conservadoras, da líder alemã, entra também em recessão. Delfim
Neto, que envelheceu renovando-se e afiando a verve inteligente,
disse que a bacurau teutônica enxerga a Alemanha como um país
santificado, enquanto o resto da Europa para ele seria um bordel. Se
François Hollande não conseguir superar a ortodoxia da bacurau Merkel,
com suas teses de austeridade à custa do desemprego e da falência,
primeiro vai a Grécia, depois Espanha, Portugal, Irlanda, Itália, e até a
França, e a própria Alemanha, austeramente , se verá falida.
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