quinta-feira, 31 de maio de 2012

OS EUROPEUS ESQUCERAM KEYNNES

OS EUROPEUS ESQUCERAM KEYNNES

 John Maynard Keynnes,  um aristocrata inglês que se tornou famoso  economista,  preconizou medidas  que desafiavam a economia clássica   para vencer a grande depressão de 1929.   Suas ideias inovadoras não foram de logo aceitas. Havia um arraigado preconceito contra mudanças que mexessem com o ritmo e sobretudo  a liberdade do livre mercado. Os  americanos e  europeus recusaram-se a crer na eficácia daquelas medidas, vistas como  excentricidades  que desafiavam o bom senso,  no caso a ortodoxia monetária, fórmula infalível para o sucesso dos banqueiros e do sistema financeiro em geral, o mesmo não se podendo dizer em relação ao resto dos agentes econômicos.
Depois do crash  da bolsa de Nova Iorque, até banqueiros saltaram dos seus escritórios no alto de grandes edifícios, indo esborracharem-se no  chão de Wall Street. Foi a primeira e única vez em que o sangue de magnatas escorreu sobre o asfalto.
 Um presidente americano, Franklin Delano Roosevelt, eleito em tempos de crise, e diante de uma explosão social que poderia acontecer a qualquer momento,  quando as massas de desempregados se transformassem em salteadores ou revolucionários, como já acontecia em países europeus, entendeu muito bem a clara mensagem de Keynnes ,  que assim poderia ser resumida:  Em tempos de recessão é válido cavar buracos, depois tapá-los, desde que isso gere empregos.  Havia também , no receituário de Keynnes,  a ideia que apavorava os conservadores : a interferência do Estado na economia. Não se poderia dizer que o aristocrata inglês, ungido Lord do Império Britânico, alimentasse  qualquer conflito ideológico com o sistema capitalista, na verdade, o que ele queria mesmo era salvá-lo,  evitando o debacle total da economia.
O presidente Delano Roosevelt  se transformou no primeiro Chefe de Estado Keynesiano,  e se pôs a cavar e a tapar buracos, quase literalmente; fez planejamento, o que na época  era uma heresia, criou a Tenessee  Valey  Authortity, e levou desenvolvimento ao sul paupérrimo e estagnado, estabeleceu limites para o festim  do mundo financeiro, e o resultado de tudo foi a recuperação econômica, a geração de empregos, o fim da recessão.
A Europa demorou na descrença em relação às fórmulas kenesianas  e o resultado foi a ascensão do  nazi-fascismo como resposta radical à crise.  Salazar em Portugal, Mussolini na Itália, Franco na Espanha, e Hitler, Adolf Hitler, comandando com mão de aço a Alemanha a partir de 1933,  um país afundado numa recessão imensa e numa inflação astronômica. O ditador foi brutal nos métodos policialescos, e cuidadoso com a economia, deve ter lido ou ouvido falar em Keynnes , e adotou suas sugestões. Interferiu pesadamente na economia, traçou um planejamento  de reestruturação da indústria voltado para  duas vertentes: a guerra e a geração de empregos, investiu pesadamente em obras públicas, e até mandou que um engenheiro projetasse um carrinho que ele queria transformar em veículo de uso popular,  sonhando em imitar a popularização feita na América por Henry Ford, que aliás era um entusiasmado admirador e colaborador do nazismo. Surgiu o Volkswagen, mas logo as linhas de montagem iriam mesmo fabricar tanques e canhões.
Enquanto a bacurau alemã ,  Angela  Merkel,  continuar submetendo a zona do euro à sua maléfica interferência, estupidamente conservadora, não há saída para a crise europeia. Agora, a Inglaterra ,  que não obedece a  Merkel, mas, por convicção, adota  as mesmas ideias excessivamente conservadoras, da líder alemã,  entra também em recessão.
 Delfim Neto,   que envelheceu renovando-se e afiando a verve inteligente, disse  que  a bacurau teutônica enxerga a Alemanha como um país santificado, enquanto o resto da Europa para ele seria um bordel.
Se François Hollande não conseguir superar a ortodoxia da  bacurau Merkel,  com suas teses de austeridade à custa do desemprego e da falência,  primeiro vai a Grécia, depois Espanha, Portugal, Irlanda, Itália, e até a França, e a própria Alemanha, austeramente ,   se verá falida.
 
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário