terça-feira, 8 de maio de 2012

O JORNAL O ESTADO DE S. PAULO E OS MINÉRIOS DE SERGIPE

O JORNAL O ESTADO DE S. PAULO E OS MINÉRIOS DE SERGIPE

Sexta-feira, dia 27, o jornal O Estado de S. Paulo publicou um consistente editorial destacando a importância do acordo firmado em Sergipe entre a PETROBRAS e a Vale, para tornar possível a produção do potássio a partir da carnalita.  O jornal, um dos mais influentes do país, com a sobriedade que caracteriza a sua página de opinião, mostrou a importância estratégica para o  Brasil do aumento de produção do insumo, vital para a indústria de fertilizantes. Sergipe produz potássio desde a década dos 80, quando  bem sucedidas ações do governador Augusto Franco convenceram o último dos presidentes militares, o general Figueiredo, a criar e estatal Petromisa,  e iniciar algo inédito no Brasil: a busca de sais minerais a uma profundidade de 400 metros. Nos   tornamos,  então,  o único produtor de potássio no hemisfério sul,  naquela época  só  produzido, em escala,  no Canadá, na Alemanha e na Rússia. A produção sergipana chegou a representar mais de 50%  do consumo brasileiro de potássio. Essa porcentagem se foi reduzindo, porque a capacidade da mina Taquari-Vassouras permanecia estável, enquanto crescia  a demanda de fertilizantes.   Hoje, o potássio de Sergipe chega apenas para suprir  20% do  mercado.    Logo depois de empossado em 1990, o presidente Collor quebrou uma promessa feita em Aracaju ao governador Valadares e ao senador Albano Franco.  Com uma penada extinguiu a PETROMISA.  Espalhou-se que por trás da medida estavam os interesses do grupo Monteiro Aranha, maior importador de potássio.
   Na mina,   viravam sucata os  custosos equipamentos da empresa. Começou uma luta difícil na qual se empenharam os trabalhadores, liderados pelo geólogo Jose Eduardo Dutra,   e à qual  aderiram o governador Valadares e o senador Albano Franco, então presidente da  CNI.  Marcelo Déda, um recém-formado  bacharel em Direito,  juntou-se aos sindicalistas, e aquela foi uma estreia promissora, enquanto o destino reservava, para o jovem advogado, uma participação decisiva em outra etapa de luta, que surgiria 30 anos depois.
A  batalha pelo potássio, pelos minérios sergipanos, vem de longe, desde a década dos 50, quando Walter Baptista, um autodidata, reunia grandes plateias para falar sobre as imensas jazidas  em nosso subsolo.  O economista Aloísio de  Campos começou a analisar  a viabilidade econômica dos minérios, e o primeiro resultado prático foi a Fábrica de Cimento, instalada em Aracaju no governo de Luiz Garcia. No governo de Paulo Barreto, o secretário do planejamento Jacó Charcot Pereira Rios criou um grupo de trabalho para montar a estratégia geral de aproveitamento econômico dos minérios do nosso subsolo. Por aquela época já se exploravam as jazidas de petróleo e gás  no mar, e a PETROBRAS instalava a unidade de produção de gás natural.  Em 1972 o jornal O Estado de S. Paulo publicou uma matéria sobre indícios de potássio na Amazônia,  classificando as jazidas como as únicas conhecidas no Brasil. O  assessor de comunicação do grupo de trabalho fez uma carta ao editor- chefe do  Estadão, detalhando a extensão das jazidas   sergipanas,  onde se incluíam  os sais potássicos, magnesianos e sódicos, mostrando,  ainda, que Sergipe tinha a particularidade, única no país, de possuir, num raio de 40 quilômetros jazidas de gás, petróleo e sais minerais, e que essa condição singular favorecia a montagem de um  polo mineral químico e petroquímico de grande porte. No mês seguinte, o jornal mandava a Sergipe o  jornalista Paulo Roberto. Ele instalou-se no Conselho de Desenvolvimento Econômico, conversou  com seus técnicos, com técnicos da PETROBRAS.    O resultado da viagem a Sergipe foi uma série de primorosas reportagens sobre as  nossas potencialidades minerais,  pela primeira vez  reveladas ao Brasil por um grande jornal.
 Apressaram-se  as decisões em Brasília. Afastado o aventureirismo pirata do Gupo Lume,  o presidente Geisel optou pela solução estatal para o potássio. Enquanto isso, criava-se a  Nitrofértil,  também estatal, que  produziria a amônia e ureia, formando a base, com o potássio, que viria logo em seguida, para a criação de um polo de fertilizantes em Sergipe. Mais de 25 anos depois de iniciado o processo de extração da taquidrita  que  a usina transformava em potássio, aquela matriz dava sinais de esgotamento.  Era preciso, então, recorrer-se a outro sal, a carnalita .    Mas havia inumeráveis complicadores. 
O governador Marcelo Déda, trabalhando em silêncio, reuniu uma equipe técnica, articulou-se com decisivos setores da  estatal do petróleo e da mineradora Vale. Muniu-se de argumentos, e foi ter sucessivas conversas com a presidente Dilma. Num determinado momento, ela, com acuidade de quem antes   comandara o Ministério das Minas e Energia, vislumbrou todo o potencial daquilo que lhe sugeria o governador sergipano, e dele tornou-se a decisiva aliada.
Com o estilo de gerente que exige resultados, Dilma deu um prazo à PETROBRAS  para que se entendesse com a Vale.
No editorial, O Estado de S. Paulo  registra a visão do governador Marcelo Déda, a sensibilidade da presidente para equacionar, com rapidez e consistência técnica e econômica, um problema que parecia  caminhar para um impasse. O jornal destaca o impacto econômico do Projeto  Carnalita,  para o Brasil e Sergipe em particular.
 Afinal, não é todo dia que se anuncia um projeto de 4 bilhões de dólares que  irá gerar, durante a sua montagem, 4 mil empregos diretos, e depois, quando em funcionamento, 700 empregos diretos permanentes, na sua maior parte reservados a técnicos altamente qualificados.
 
 

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