domingo, 25 de março de 2012

A TERRÍVEL AMEAÇA DE UMA PERIGOSÍSSIMA BICICLETA



O trabalhador atropelado pela Mercedes de 626 cavalos que  chega a 334 quilômetros por hora, foi descrito como um imprudente e ameaçador ciclista,  que poderia ter causado a morte de três pessoas, os ocupantes do meteoro sobre rodas.  É compreensível e justo que um pai saia em defesa do filho, até nas mais adversas situações. Eike, até então louvado como empresário desprendido, desapegado do dinheiro e sempre pronto a servir e a participar, no episódio, revelou-se impiedoso, mesquinho e desumano. Para defender o filho não precisaria cometer o absurdo de afirmar que o morto, com a imprudência de cruzar a estrada, poderia ter causado a morte dos três ocupantes do veículo.  Para ele, seres humanos eram apenas os que estavam a bordo da Mercedes? O trabalhador não morreria também, e afinal, não foi ele o único morto? O filho, Thor, foi mais sensato. Chegando à delegacia com o privilegio de entrar pelos fundos, cercado por um batalhão de seguranças e advogados, disse que, independente do fato de ter sido ou não o trabalhador a causa do acidente, ele lamentava a perda de uma vida, solidarizava-se com a família, e estava disposto a contribuir com o que fosse necessário, e mais do que isso.
Eike,  se colocasse o sentimento humano antes  da vaidade, teria de sentir o peso na consciência por ter cometido a insanidade de por nas ruas um carro com potência de 634 cavalos, depois disso, teria de anunciar uma homenagem ao trabalhador morto, construindo próximo de onde ele morava, no distante Xerém, uma escola, um posto de saúde, uma quadra de esportes,  fosse lá o que fosse, e ao que fosse feito, desse o nome do trabalhador atropelado e morto  pela máquina mortífera que o seu filho pilotava. Além, evidentemente, da substancial indenização aos familiares, que não paga uma vida, mas  é o princípio da justiça que se faz a pessoas pobres que perderam assim tão violentamente um ente querido, e ainda sentem o constrangimento de vê-lo antecipadamente apontado como culpado, e até potencial causador de mais três mortes. O trabalhador pedalava perigosamente uma ameaçadora bicicleta que quase mata os três  desprotegidos passageiros da máquina de um milhão e setecentos mil reais. Esta parece ser a versão do empresário, do homem mais rico do país.
Domingo passado apareceu boiando morta na praia de Ipanema uma baleia.  Quem sabe, o inadvertido cetáceo passou à frente de um dos iates de Eike Batista,  quase matando os que a bordo  desfrutavam a ¨dolce vita ¨.    Seria a própria baleia assassina tão perigosamente  cruzando os mares .  Se esse tipo de versão pega, coitado de quem não tiver  uma Mercedes Mac- Laren.
 
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário