O empresário Edivan Amorim ,
controlador seguro de onze partidos em Sergipe, passa a Semana
Santa na Itália. Acompanhado do irmão o
senador Eduardo Amorim, do suplente Cacá Andrade, da deputada estadual Suzana
Azevedo, todos com os respectivos cônjuges, terão uma páscoa romana bem perto daqueles rituais que a Igreja
católica segue, secularmente, para marcar a paixão de Cristo. Contritamente, pois demonstra ser católico
praticante, Edivan seguirá pressuroso os passos dolorosos da Via Sacra, o sempre
reeditado roteiro de sacrifício, que
seria o exemplo maior da resignação de um Deus que se reduziu à condição humana, sobretudo, para demonstrar
que mesmo dos páramos celestiais onde se concentra a criação, não deve ficar
ausente a humildade. A Semana Santa romana não tem a força evocativa ,
a tradição e a presença popular,
como nas cidades espanholas da Andaluzia, Sevilha, Granada, Málaga, onde os
préstitos, musical e cenograficamente ricos, que povoam as ruas de homens e
mulheres envergando vistosas roupas tradicionalmente negras, fazem o mesmo
percurso, alguns, há mais de dez séculos. Mas a Via Sacra como liturgia, tanto com
pompa e circunstancia em Sevilha ou
Roma, como na simplicidade rústica em
Monte Santo na Bahia, é sempre a mesma e repetida encenação, simbolizando os
últimos passos do Nazareno. Depois de
Roma, Edivan Amorim terá a aguardá-lo em
Aracaju mais uma Via Sacra, onde
precisará consumir suas eventuais reservas de humildade, tolerância, e,
quem sabe, até de arrependimento, para reconstruir a perdida ligação política e
de amizade com o ex-sogro João Alves Filho e, mais ainda, refazer os afetos
desfeitos da ex-sogra, a senadora Maria
do Carmo Alves, e também, o que será muito mais complicado, reduzir o potencial de ressentimentos a separá-lo hoje do deputado federal Mendonça Prado, que, de
Edivan, tem dito cobras e lagartos, e publicamente, assumindo a responsabilidade
por tudo o que fala. Mendonça é
influente conselheiro do sogro ex-governador.
As circunstancias políticas atuais fazem com que Edivan Amorim se mostre
disposto a enfrentar, com resignação e cálculo, as
agruras imprevisíveis de uma outra Via Sacra particular, nem de longe comparável
àquela que, como espectador vê desenrolar-se no grandioso cenário da vechia
Roma.
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