sábado, 31 de março de 2012

AS DUAS VIAS SACRAS DE EDIVAN AMORIM


O empresário Edivan  Amorim ,  controlador seguro de onze partidos em Sergipe, passa a Semana Santa  na Itália. Acompanhado do irmão o senador Eduardo Amorim, do suplente Cacá Andrade, da deputada estadual Suzana Azevedo, todos com os respectivos cônjuges, terão uma páscoa romana  bem perto daqueles rituais que a Igreja católica segue, secularmente, para marcar a paixão de Cristo.  Contritamente, pois demonstra ser católico praticante, Edivan seguirá pressuroso os passos dolorosos da Via Sacra, o sempre reeditado roteiro de   sacrifício, que seria o exemplo maior da resignação de um Deus que se reduziu  à condição humana, sobretudo, para demonstrar que mesmo dos páramos   celestiais onde se concentra a criação,  não deve ficar  ausente a humildade. A Semana Santa romana não tem a força  evocativa ,   a tradição e a presença popular, como nas cidades espanholas da Andaluzia, Sevilha, Granada, Málaga, onde os préstitos, musical e cenograficamente ricos, que povoam as ruas de homens e mulheres envergando vistosas roupas tradicionalmente negras, fazem o mesmo percurso, alguns, há mais de dez séculos. Mas a Via  Sacra como liturgia,  tanto  com pompa e circunstancia   em Sevilha ou Roma, como na simplicidade rústica  em Monte Santo na Bahia, é sempre a mesma e repetida encenação, simbolizando os últimos passos do Nazareno. Depois  de Roma,  Edivan Amorim terá a aguardá-lo em Aracaju mais uma Via Sacra, onde  precisará consumir suas eventuais reservas de humildade, tolerância, e, quem sabe, até de arrependimento, para reconstruir a perdida ligação política e de amizade com o ex-sogro João Alves Filho e, mais ainda, refazer os afetos desfeitos da ex-sogra,  a senadora Maria do Carmo Alves, e também, o que será muito mais complicado,  reduzir o potencial de ressentimentos  a separá-lo hoje do   deputado federal Mendonça Prado, que, de Edivan, tem dito cobras e lagartos, e publicamente, assumindo a responsabilidade por tudo o que fala.  Mendonça é influente conselheiro do sogro ex-governador.  As circunstancias políticas atuais fazem com que Edivan Amorim se mostre disposto  a enfrentar, com  resignação e cálculo,    as agruras imprevisíveis de uma outra Via Sacra particular, nem de longe comparável àquela que, como espectador vê desenrolar-se no grandioso cenário da vechia Roma.

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