Para os alagoanos e os
brasileiros, não poderia haver melhor
noticia: o ex-deputado Talvane Albuquerque e sua máfia de matadores foram condenados , todos, a penas
não inferiores a cem anos de cadeia em regime fechado. Notícia melhor ainda:
após o julgamento, o Juiz mandou que os criminosos fossem levados ao presídio, apesar de terem recorrido da
sentença. As noticias seriam ainda melhores, se a elas fosse acrescentada
a notícia de que teria sido a justiça
estadual a autora das condenações. Não foi o que ocorreu . O ex-deputado e seus pistoleiros que cometeram
a chacina onde morreu a deputada federal
Ceci Cunha, estavam, 14 anos após o
crime hediondo, soltos, sem terem sido submetidos a julgamento. A Justiça
federal entrou no caso após manifestação do Ministério da Justiça , o
processo teve andamento, e o júri
popular foi realizado. Finalmente, a Justiça foi feita, e de forma rigorosa,
como raramente acontece no Brasil, país de leis frouxas e costumes lenientes.
Maceió aparece como a terceira cidade mais violenta do mundo,
primeira do Brasil em quantidade de
assassinatos. Do nosso país,
desgraçadamente, 14 cidades foram incluídas na pesquisa feita por uma ONG
mexicana entre as 50, em todo o mundo,
onde mais ocorrem assassinatos. Não se vai esperar que a condenação dos matadores
da deputada, possa influenciar na estatística tenebrosa de
Maceió, fazendo cair os índices de violência. Os 135 homicídios para cada cem mil habitantes, acontecem na periferia. Neles, estão
envolvidos traficantes, bêbados, quase sempre miseráveis, que vegetam nas
favelas da cidade, e descarregam sua
fúria acumulada no decorrer de vidas
invariavelmente breves, em contato com um quadro de condições sociais abjetas. Mas, os crimes
de mando, que resultam da arrogância
impune dos ¨coronéis ¨, estes, sem
dúvidas, irão diminuir. O político
poderoso cercado de pistoleiros, é,
felizmente, em todo o nordeste, um trágico personagem em extinção. Em Alagoas restam uns poucos, em Sergipe eles
desapareceram de vez. Num caso semelhante, quando foi assassinado o deputado
Nêgo da Farmácia, o mandante foi o suplente
Antonio Francisco Sobral Garcez, que, ao contrário de Talvane, não tinha
um histórico de violência, sendo visto até como cidadão pacífico. Foi contaminado pelo foco de violência
instalado em Canindé pelo ex-prefeito
Galindo, que trouxe a Sergipe o já
falecido Floro Calheiro. Ele chegou com o seu séquito perigoso. E foram
integrantes desse séquito que convenceram Antonio Francisco a consumarem,
juntos, a empreitada tenebrosa. A
diferença é que, em Sergipe, a Assembleia logo
cassou Antonio Francisco, e fez isso por unanimidade. A polícia agiu e o prendeu, a Justiça completou o trabalho condenando-o. O
mesmo aconteceu com Galindo, que,
vigorosamente denunciado depois de mandar assassinar o radialista Cazuza, da Xingó-FM, perdeu o mandato,
fugiu, foi preso em seguida, julgado e condenado. Em ambos os casos houve,
lamentavelmente, influencias políticas que se arregimentaram para garantir a impunidade aos dois, ou
facilidades, enquanto eles estavam na prisão. Mas a sociedade reagiu contra a impunidade e a Justiça não deixou de
ser feita. Por isso, em Sergipe, a política civilizou-se, os crimes políticos
são episódios raríssimos, enquanto em Alagoas
para que Talvane fosse julgado,
tornou-se necessária a intervenção da
Justiça Federal. Certamente, por causa desse repúdio ao crime, sentimento comum, tanto dos poderes públicos como da sociedade, fazer
política em Sergipe deixou de ser um ofício perigoso. E para felicidade nossa, Aracaju não figura entre as 14 cidades
brasileiras mais violentas do mundo, das quais ,6 estão no nordeste. Somente
Aracaju, Natal e Teresina ficam fora. As outras cidades violentas, além de
Maceió no topo da lista, são: Recife, São Luiz, Salvador, João Pessoa,
Fortaleza, Belo Horizonte, Curitiba, Belém,
Macapá, Vitoria, Cuiabá, Goiânia
e Manaus.
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