sábado, 21 de janeiro de 2012

ALAGOAS, VIOLENCIA, IMPUNIDADE



Para os alagoanos e os brasileiros,  não poderia haver melhor noticia: o ex-deputado Talvane Albuquerque e sua máfia de  matadores foram condenados , todos, a penas não inferiores a cem anos de cadeia em regime fechado. Notícia melhor ainda: após o julgamento, o Juiz mandou que os criminosos fossem levados  ao presídio, apesar de terem recorrido da sentença. As noticias seriam ainda melhores, se a elas fosse acrescentada a  notícia de que teria sido a justiça estadual a autora das condenações. Não foi o que ocorreu .  O ex-deputado e seus pistoleiros que cometeram a chacina onde morreu a deputada  federal Ceci Cunha, estavam,  14 anos após o crime hediondo, soltos, sem terem sido submetidos a julgamento. A Justiça federal entrou no caso após manifestação do Ministério da Justiça ,   o processo teve andamento, e o  júri popular foi realizado. Finalmente, a Justiça foi feita, e de forma rigorosa, como raramente acontece no Brasil, país de leis frouxas e costumes lenientes.
Maceió aparece  como a terceira cidade mais violenta do mundo,  primeira do Brasil em quantidade de assassinatos.   Do nosso país, desgraçadamente, 14 cidades foram incluídas na pesquisa feita por uma ONG mexicana  entre as 50, em todo o mundo, onde mais ocorrem assassinatos. Não se vai esperar que a condenação dos matadores da deputada,  possa  influenciar na estatística tenebrosa de Maceió, fazendo cair os índices de violência. Os 135 homicídios  para cada cem mil habitantes,  acontecem na periferia. Neles, estão envolvidos traficantes, bêbados, quase sempre miseráveis, que vegetam nas favelas da cidade, e  descarregam sua fúria acumulada no decorrer de vidas  invariavelmente breves, em contato com um quadro  de condições sociais abjetas. Mas, os crimes de mando,  que resultam da arrogância impune dos  ¨coronéis ¨, estes, sem dúvidas,  irão diminuir. O político poderoso cercado de pistoleiros,  é, felizmente, em todo o nordeste, um trágico personagem em extinção.  Em Alagoas restam uns poucos, em Sergipe eles desapareceram de vez. Num caso semelhante, quando foi assassinado o deputado Nêgo da Farmácia, o mandante foi o suplente  Antonio Francisco Sobral Garcez, que, ao contrário de Talvane, não tinha um histórico de violência, sendo visto até como cidadão pacífico.   Foi contaminado pelo foco de violência instalado em Canindé  pelo ex-prefeito Galindo,   que trouxe a Sergipe o já falecido Floro Calheiro. Ele chegou com o seu séquito perigoso. E foram integrantes desse séquito que convenceram Antonio Francisco a consumarem, juntos, a empreitada  tenebrosa. A diferença é que, em Sergipe, a Assembleia   logo cassou Antonio Francisco, e fez isso por unanimidade.  A polícia agiu e o prendeu,  a Justiça completou o trabalho condenando-o. O mesmo aconteceu com Galindo, que,  vigorosamente denunciado depois de mandar  assassinar o radialista   Cazuza, da Xingó-FM, perdeu o mandato, fugiu, foi preso em seguida, julgado e condenado. Em ambos os casos houve, lamentavelmente, influencias políticas que se arregimentaram para  garantir a impunidade aos dois, ou facilidades, enquanto eles estavam na prisão. Mas a sociedade reagiu  contra a impunidade e a Justiça não deixou de ser feita. Por isso, em Sergipe, a política civilizou-se, os crimes políticos são episódios raríssimos, enquanto em Alagoas  para que  Talvane fosse julgado, tornou-se necessária a intervenção da  Justiça Federal. Certamente, por causa desse repúdio ao crime,  sentimento comum, tanto  dos poderes públicos como da sociedade, fazer política em Sergipe deixou de ser um ofício perigoso. E para felicidade nossa,  Aracaju não figura entre as 14 cidades brasileiras mais violentas do mundo, das quais ,6 estão no nordeste. Somente Aracaju, Natal e Teresina ficam fora. As outras cidades violentas, além de Maceió no topo da lista, são: Recife, São Luiz, Salvador, João Pessoa, Fortaleza, Belo Horizonte, Curitiba, Belém,  Macapá, Vitoria, Cuiabá,  Goiânia e Manaus.

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