Os trilhos que
nos restam são ainda dos tempos do Maria Fumaça. Naquela época, vagões do comboio da Leste que chegava de
Propriá, eram semanalmente alugados por uma
mulher conhecida como Samaria
dos Cavalos, talvez uma corruptela de
Sinhá Maria dos Cavalos. Ela fora artesã, produzindo principalmente cavalinhos
de barro. Depois, tornou-se ¨atravessadora , ¨ comprava toda a produção
de Carrapicho; cavalinhos, bonecos, potes, moringas, cuscuzeiros, chaleiras,
vasilhames. Colocava tudo no
trem das sextas-feiras que levava o seu nome, e trazia a carga para Aracaju, para
revende-la aos comerciantes do Mercado Municipal, quase no centro da
cidade e onde havia a estação da Leste.
Hoje, há um
enorme potencial de cargas a serem transportadas, há uma enorme possibilidade
de novas cargas surgirem, caso aqueles trilhos por onde correram os trens de
Samaria dos Cavalos vierem a ser modernizados, para que por eles passem milhares de toneladas geradas nas minas, ou
fabricadas nas indústrias sergipanas.
O Projeto
Carnalita deverá ser posto em execução apesar dos óbices ainda existentes, apesar dos cortes no orçamento da Vale, que
foram mais direcionados aos projetos de siderúrgicas. A produção de amônia e
ureia deverá crescer, também são imensas as perspectivas de petróleo e gás no
mar, na área do pré-sal. O polo cimenteiro está sendo ampliado,
o mesmo acontecerá com o polo de fertilizantes.
Novas montadoras de veículos serão instaladas no nordeste, na Bahia, em
Pernambuco. Salvador, Aracaju, Maceió, Recife, terão de ter um trecho de linha
férrea ligando-as, conectando-se também
com a ferrovia trans-nordestina. O
transporte rodoviário e as péssimas
estradas, cada vez mais encarecem o
Custo Brasil. Os quatro estados precisam trabalhar em conjunto para exigirem
que a Ferrovia Atlântica, finalmente, cumpra a promessa de modernizar ou construir
novas ferrovias.
Para aliviar o
tumultuário transito aracajuano, o transporte de passageiros por via férrea seria uma boa saída. O prefeito Edvaldo
Nogueira andou anunciando um trem leve que utilizaria a ferrovia, assim mesmo, com a bitola
estreita dos Maria Fumaça, para levar
passageiros entre Aracaju, Socorro e São Cristovão. Parece que a indiferente Atlantica nem ouviu o
que o prefeito falava.
Enquanto São
Paulo e Rio ganham um dispendioso e desnecessário Trem Bala, por aqui, nós
andamos com saudades do pachorrento
Maria Fumaça, um trem tartaruga.
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