Inaugurava-se
o Museu da Gente Sergipana, festa bonita, pompa e circunstancia como
recomendava obra tão importante, e portentosa. O Museu se fez com recursos
provenientes do BANESE através de um Instituto
que foi criado para desenvolver ações na área da cultura. A festa tinha
um duplo significado porque assinalava, também, meio século de existência do banco estadual,
um dos poucos que ainda restam. Mesa formada,
solenidade em andamento, discursos sendo proferidos, e entre os
convidados estava o ex-governador do
Amapá Gilton Garcia. Ele é filho do
ex-governador de Sergipe Luiz Garcia,
que criou em 1961 o Banco de Fomento do
Estado de Sergipe, atual BANESE. Luiz
Garcia foi, na política sergipana, uma presença civilizatória. O seu nome não
deixou de ser citado na ocasião, mas foi
lembrado de passagem pelo presidente do banco Saumíneo Nascimento. Não se
tratou de descortesia ou esquecimento, apenas, um episódio recorrente da
amnésia à sergipanidade que, naquele
instante, o próprio Saumínio , um dos competentes responsáveis pela criação do
Museu, ajudava a curar, a extirpar
definitivamente do nosso cotidiano.
Fechando a solenidade, o governador Marcelo Déda referindo-se a Gilton
que estava próximo, naquilo que o cerimonial
denomina ¨dispositivo¨, deu então a exata medida do que representou para Sergipe a criação do BANESE por Luiz Garcia. O
Museu da Gente Sergipana vem a ser exatamente a memória de quem habita este território, que vai das securas ásperas da proximidade
com o baiano Raso da Catarina , à leveza
dos ventos atlânticos umedecendo os
massapês, entre os estuários largos do São Francisco e do Real- Piauí-
Piauitinga. É a História de um povo das selvas, depois, quase extinto pela
violência da conquista, tantas vezes disfarçada em catequese, e da outra gente
que foi surgindo, fazendo a boa genética da mistura dos sangues negro, europeu, indígena. Não é, como
acentuou o governador, algo efêmero, com
vida curta de um espetáculo. O Museu é a permanência do culto ao passado, a reverencia
às lições da História, um aprendizado
para melhor enfrentar o futuro. Isso nos
fará certamente menos esquecidos, menos descuidados
de nós mesmos, mais apegados a uma indispensável dose de autoestima.
Esse papel de
preservação da memória institucional, já vem sendo cumprido por dois exemplares
memoriais, o da Justiça, criado pelo desembargador Pascoal Nabuco, e o Palácio
Museu inaugurado ano passado. O Palácio
Museu Olímpio Campos cumpre uma missão
que é essencialmente pedagógica. Pequena
equipe comandada pelo diretor Oyama Teles e pelas professoras Eliana Borges,
coordenadora de educação e Isaura Cunha, coordenadora de museologia, cumpre o papel de fazer do Museu uma
ferramenta da educação. Nos últimos meses foi iniciado um calendário de
comemoração dos aniversários dos ex-governadores, dos vivos, e dos que já se
foram. Mês passado faziam aniversário
Lourival Baptista e Paulo Barreto de Menezes, e era também mês de nascimento de
Luiz Garcia e Apulcro Motta. Sobre Luiz
Garcia falou sua neta a advogada Gláucia Garcia. Paulo Barreto esteve presente
ajudou a avivar a memoria da pessoa escolhida para falar sobre ele e Lourival,
que, vivendo em Brasília, tinha um neto a representá-lo. Familiares de Apulcro
Motta estavam presentes, e sobre ele falou o professor e historiador Milton. Em
novembro comemoraram-se os aniversários
de Albano Franco e Martinho Garcez. Sobre Martinho, jurista, político liberal,
falou o professor Manoel Prado Neto esboçando um panorama do mundo daquela
época e da província sergipana. Sobre Albano falou o economista e professor
Marcos Melo. Dezenas de pessoas presentes transformaram em festa o aniversário.
Albano sorridente, cercado pelos alunos do Colégio Albano Franco lembrando que
ao inaugurar o Teatro Tobias
Barreto, Déda, que então era prefeito de Aracaju, disse que aquele teatro era a prova da maioridade
cultural de Sergipe, e ele,
parodiando naquela ocasião o agora governador, dizia:¨ Este
palácio Museu é a prova da maturidade cultural de Sergipe.¨ O Museu
que surgiu no quase desmoronado prédio do antigo Atheneu Sergipense, é
muito mais, chega a ser quase uma ousadia, comparável aos grandes centros
culturais do país. É a nossa plena
consolidação de uma maturidade cultural duramente alcançada.
Essa nova fase de valorização da sergipanidade estimulada por Marcelo Déda é um marco
civilizatório, nos faz esquecer
malquerenças, superar antagonismos, e juntar tudo no mesmo melting-pot que
originou e faz viver Sergipe.
Agora mesmo, a Câmara de Aracaju aprova um
projeto da diligente vereadora Mírian
Ribeiro, criando o Dia da Personalidade Sergipana. Se fará a escolha, por uma
comissão, de um personagem sergipano entre os vivos e os que já se foram, para
ser lembrado e homenageado no decorrer do ano, com o anuncio sempre acontecendo
no dia 17 de março, data de fundação de
Aracaju.
Valorizar os
que fazem, os que colocam em qualquer
setor de atividade uma pedra a mais na construção sergipana, é uma forma de
agradecer, de reconhecer, de valorizar.
Mês passado a
Emsetur comemorou 40 anos de vida. Elber, o Secretário de Turismo, e Paulo, o
presidente da empresa, tiveram a boa
iniciativa de festejar a data com todos os funcionários. A festa poderia ter sido completa, com a adesão à essa nova fase de reverencia à
nossa memória histórica, no caso, aliás, muito recente. Bastaria lembrar que
foi o governador Paulo Barreto quem
criou a Emsetur ,e o radialista odontólogo e professor Carlos
Magalhães seu primeiro presidente. Ali,
começava-se a pensar turismo
profissionalmente em Sergipe.
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