O Frei Enoque, prefeito de Poço Redondo, exerce o seu terceiro mandato. Nesses quase 12 anos, o município que era o mais pobre de Sergipe, viveu importantes mudanças. Será agora um polo de conhecimento com a implantação do campus do Instituto Federal de Sergipe. A maior das transformações é, contudo, a cidadania que o povo foi adquirindo ao longo da ¨caminhada¨ do Frei, iniciada quando ainda vivíamos sob uma ditadura, e falar em reforma agrária dava cadeia, como o próprio frade constatou pessoalmente. Frei Enoque tem dado exemplos permanentes de espírito público, de rigorosa honestidade pessoal. Ele é importante para o povo sertanejo. A CNBB tem, através dos bispos que a compõem, se manifestado repetidamente sobre a necessidade de aperfeiçoamento das instituições brasileiras, de honestidade, ética e dignidade na política. Frei Enoque representa exatamente aquele ideal que a CNBB defende. Então, por que essa exigência para que os padres não mais participem da política, não mais venham a exercer mandatos?
Não se amordaçam ou se inibem vocações. É perfeitamente possível o padre conviver com o político, até mesmo se proibido de fazer política, o padre, continuará sendo um homem político, na melhor acepção de Aristóteles.
Quando, na redemocratização, a partir de 1945, a Igreja resolveu criar a Liga Eleitoral Católica, aquilo sim uma indevida interferência em assuntos do Estado, o padre Filadelfo de Laranjeiras foi obrigado a ler, durante a missa, um manifesto contra os candidatos da UDN, que eram condenados pela Igreja porque recebiam o apoio dos comunistas. O padre Filadelfo, que era um udenista entusiasmado, não se recusou a ler o documento, mas o fez em latim, a língua então usada na liturgia católica. O bispo não poderia acusa-lo de desobediência.
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