segunda-feira, 3 de outubro de 2011

AS CASAS DE AGIOTAGEM E OS TRABALHADORES

 Os bancos, todos eles, estavam  há bem pouco tempo exibindo muito orgulhosos seus alentados balanços.  Os lucros revelados eram uma firme demonstração de que a crise anda muito longe de atingí-los.   Além do mais, banco não tem medo de crise, a crise quando chega, invariavelmente causada por eles mesmos,   acaba por beneficiá-los. Para evitar o  desmoronar do sistema financeiro os governos sempre acodem, pressurosos, a derramar bilhões de dólares sobre os cofres que a libertinagem mafiosa dos banqueiros transforma em instrumentos de  ganancia e usura. Depois, salvos para que não se  ¨espalhe  o risco sistêmico¨,  a banqueirada corre a especular  , o cassino financeiro é sempre o seu paraíso dourado para lucros fáceis. Sem dinamizar a economia, sem gerar empregos, toda a dinheirama dispersa pelos bancos em
aplicações de alto risco se dilui em fracassos, assim como o da Grécia, da Irlanda, de Portugal, da Espanha, dos Estados Unidos,  responsáveis por todo esse tumulto global. E as crises se multiplicam,   o custo recai sobre as costas da sociedade. Os americanos, os europeus, estão empobrecendo, a classe média desaba, os miseráveis enchem as ruas e os governos títeres do sistema financeiro predador  querem escapar da falência jogando a conta para que o povo pague. Não demora muito a Itália poderá estourar, e aí não haverá    dinheiro, nem da ainda rica Alemanha para tapar o gigantesco rombo. Até há pouco tempo a  Itália a Espanha exibiam  afluentes economia, surfavam em cifras bem superiores ao PIB brasileiro.  A prosperidade impossível de ser alcançada de forma sustentável era uma imensa bolha, igualzinha aquela que derrubou em 2008 os fundamentos da até então  mais sólida economia do planeta, a americana.
Mas  os especuladores, todos, continuam impunes. Eles têm a certeza de que haverá sempre um cofre público para socorrê-los. Tudo isso é a própria negação do capitalismo, um sistema econômico do qual não se pode eliminar o risco inerente a todos os seus agentes,  aqueles que investem, e o fazem acreditando no mercado, na própria competência para que possam  crescer escapando dos prejuízos, da falência, sem que o governo lhes dê um seguro contra erros que cometam. Com o banqueiro é diferente. Ele mergulha em todas as aventuras, envolve-se em transações absurdas, assim como fizeram com o catastrófico enchimento da bolha imobiliária nos Estados Unidos.  Quando tudo desaba, o socorro lhes vem, saído do dinheiro do cidadão que paga impostos e vai sofrer os efeitos da economia entrando em colapso. Em pleno vendaval da crise de 2008, bancos americanos que foram salvos da bancarrota com o dinheiro do governo, compraram mais jatinhos para o passeio festivo dos seus executivos.
Aqui pelo Brasil os bancos são mais controlados, há regras que os disciplinam com  mais rigor. Talvez por isso estejamos ainda correndo à margem da crise global. Mas a insensibilidade dos banqueiros é a mesma. Agora, essa greve dos trabalhadores bancários é a maior demonstração de que o lucro que o banco exibe não tem função social. Isso vale, infelizmente, tanto para a banca privada como para a estatal. A prática de segurar salários para ampliar o percentual do lucro é sempre a mesma. Um banco que cobra taxas absurdas para um empréstimo consignado absolutamente sem riscos, e ainda tem a desfaçatez de se exibir como instituição eficiente,  é algo que fere, que agride, que mostra toda a perversidade inerente à própria atividade financeira.  A agiotagem usurária é sempre a mesma. O banco substitui hoje, com todas as honras, aquele agiota que na Idade Média vez por outra terminava queimado numa enorme fogueira para expiar suas culpas. Para a Igreja  Católica Apostólica Romana, que os queimavam, empresar dinheiro era pecado, banqueiros, financistas, eram vistos como se fossem agentes do diabo, isso porque, no alvorecer do capitalismo eles representavam um risco para o feudalismo estagnado e em fase final de decadência do qual a Igreja fazia parte.  O protestantismo surgido com Lutero, abriu  janelas para as finanças, aceitou como lícitas as transações comerciais que se globalizavam.  A partir de então não houve mais barreiras que não fossem ultrapassadas. E a Igreja  católica rendeu-se aos novos tempos, surgiu até o Banco do Vaticano.
 Hoje, as finanças globais terão de ser postas sob controle estatal rigoroso, os Bancos Centrais terão de ser transformados,  deixando de ser instrumentos  voltados para a garantia da especulação. Se isso não for feito, a crise deixará de ser cíclica para se tornar permanente e insolúvel.
 Enquanto isso, por aqui, os bancos com seus lucros fabulosos, os banqueiros, modernos e impunes  agiotas, precisam tomar vergonha na cara e pagar melhor aos seus trabalhadores.

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