Aquele choro da deputada inocentada pelos colegas, colegas parlamentares, colegas em tudo, aquele choro, foi de pura emoção, profundo sentimento de empatia, de assimilação dos valores e da ética da confraria à qual ela naquele instante passava a pertencer. Aquela sessão em plenário marcada para que se fizesse um julgamento, terminou mesmo sendo a cerimonial liturgia para aceitação de uma iniciada , digamos assim, nos mistérios do parlamento, nos insondáveis , intrincados labirintos da¨ irmandade brasiliense.¨
Jacqueline tem todo o pedigree, tem perfeito DNA para fazer parte da ¨irmandade¨, é, nada mais nada menos do que dileta filha de Joaquim Roriz. Então, não se tratava de absolver, muito menos condenar, o que se queria mesmo era absorver, incorporar, juntar, solenemente ao mesmo grupo, quem tem todas as credenciais para dele fazer parte.
Jacqueline tem as melhores características para integrar-se à ¨irmandade¨ como uma das suas mais conspícuas personagens. Ela é exatamente o inverso do que se entende por ficha limpa. Tornou-se celebridade nacional ao ser exibida na TV e em fotos nos jornais e revistas recebendo aquela dinheirama toda, que ninguém sabe exatamente de onde vem, mas é sempre classificada como ajuda para a campanha, ou Caixa 2. Sem maiores eufemismos: dinheiro roubado. Mas, os que promoveram a cerimonia de absorção, alegam candidamente : Aquela cena registrou-se quando a doce Jacqueline ainda nem era deputada. Por conseguinte, não estaria submetida aos preceitos da ética do parlamento, não tinha compromisso com o decoro parlamentar. Portanto, Jacqueline nada transgrediu, nada afrontou, nada fez que a tornasse indigna de pertencer ao Parlamento Brasileiro.
Dando sequencia a esse exemplar raciocínio lógico, e tão transparentemente correto, o meliante mais famoso do Brasil, embora sem mandato eletivo, Fernandinho Beira Mar, poderia ser um excelente candidato à Câmara Federal. Nada do que ele fez antes importa. No dia em que, eleito e diplomado, tornar-se represente do povo, ai sim, ele terá de cuidadosamente zelar pelo decoro parlamentar.
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