domingo, 21 de agosto de 2011

UM ARTIGO DE LAURO PORTO


Em 1992,  quando faleceu no Rio de Janeiro o advogado  e militante comunista sergipano Sinval Palmeira, Lauro Porto escreveu  no semanário O QUÊ, um artigo intitulado ERAM QUATRO, relembrando velhos companheiros dos tempos acadêmicos em Salvador.
 TRANSCREVEMOS:  ¨ Nos idos de 1934 e 1935  funcionava na rua do Tesouro em Salvador um hotelzinho chmado Hotel Apolo, que pouco mais era do que uma pensão frequentada principalmente por estudantes. Entre estes, quatro ocupavam uma mesa do bem cuidado restaurantes. Eram eles Sinval Palmeira, Paulo Costa, Clóvis Conceição e Lauro Porto. Os dois primeiros estudavam Direito e os outros  Medicina. Bacharelandos, doutorandos, enfim, todos que conquistavam essa posição, orgulhavam-se daquilo que mais vanglória podia oferecer-lhes. A vida de estudante ‘aquela época em Salvador, era bela e risonha, mesmo para aqueles que não contavam com facilidades financeiras. Tudo corria em ambiente de confiança ao amparo do excelente meio cultural, Após a formatura Paulo voltou a ocupar as funções de Promotor, em Maruim, das quais nunca  na realidade se afastara. Veio depois para Aracaju onde o casamento e resultante constituição de família, a política  o jornalismo e a advocacia enchiam os seus dias. Passou,  de maneira inesperada para o outro lado da vida, deixando um legítimo continuador na pessoa do seu também talentoso filho Luiz Eduardo.
 O Clóvis Conceição que era portador de  ¨uma pureza que o tempo não sujou ¨, já também se despediu, deixando como homem e como profissional, uma saudável lembrança da sua passagem pela vida.
Sinval foi agora afastado do nosso convívio, segundo notícia dos jornais. Com ele foi-se uma das figuras mais brilhantes da sua geração. Talentoso, bem apessoado, cedo  convenceu-se  como Amando Domingues, que a solução para os problemas sociais estava no comunismo. Isso não o afastou, de maneira alguma, da sociedade em que vivia. Foi destacado para  saudar Pedro Calmon, quando este inaugurou uma série de magnificas conferencias na Faculdade de Direito da Bahia, tendo  seu discurso tocado de perto o coração de uma jovem colega também estudante de Direito, depois sua grande companheira no curso da vida.
Os companheiros daquela época ainda comentam com saudade as com versas, as discussões, tudo em fim que enchia os dias da mocidade estudiosa e participante da década de trinta.¨

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