domingo, 21 de agosto de 2011

O CENTENÁRIO DE UM HOMEM EXEMPLAR


Lauro de Britto Porto estendeu tanto sua longevidade que, esperava-se, fosse possível fazer com ele em vida, a grande festa sergipana do seu centenário. Teria sido um belo momento vê-lo  tentando conter a emoção  para falar, sapiente e tranquilo, sobre o tempo alongado de uma vida edificante. Não foi possível aquela festa, mas, uma solenidade organizada com o carinho dos colegas médicos e da família, tornou-se o momento  destacado de lembrança e homenagem a um homem que  se poderia singelamente definir como exemplar.
Um dos seus mais dedicados sobrinhos, o advogado Carlos Rodrigues Porto da Cruz, escreveu um artigo no Jornal da Cidade que foi uma sucinta e abrangente biografia do tio que ele tanto reverenciava. Depois do artigo de Carlos, pouco se terá a dizer sobre a capacidade de  Lauro para construir afetos e amizades duradouras, mas, um aspecto talvez pouco destacado da personalidade do médico, do humanista, do intelectual Lauro Porto, tenha sido um filosófico distanciamento das seduções do poder. Logo ele, filho de político poderoso no seu tempo, o coronel Chico Porto, logo ele, dotado de uma inata sensibilidade política e rara capacidade de tecer relacionamentos, logo ele,  sempre tão lembrado para  candidatar-se a tantos cargos eletivos, desde o governo, ao Senado, à Câmara Federal , a vice –governança;   tendo a seu favor todas essas circunstancias tão  estimulantes,  preferiu sempre o tranquilo exercício da sua medicina, a presença ativa nas causas sociais,  o trabalho devotado para ajudar a manter de pé a grande fundação hospitalar criada por Augusto Leite, tudo isso sem necessitar do pedestal do poder.
O ex-governador Lourival Baptista   falava com admiração e respeito sobre a desambição de Lauro, de quem era fraterno amigo,  querendo fazer um contraste  nos momentos em que se via cercado por tanta gente em busca de cargos, influencia e prestígio. Carlos Cruz, que foi  muito jovem assessor de Lourival, deve tê-lo ouvido até lamentar  que Lauro,  com todas as qualidades que possuía, não  se mostrasse disposto ao exercício de cargos públicos. Mas ele não se distanciava da política, tinha uma forma peculiar de exercê-la, mesmo filiado à UDN, nâo deixava de dirimir odiosidades num cenário de tantas disputas, as vezes turbulentas, procurando orientar,  mostrando com equilíbrio e espirito público os caminhos mais justos que deveriam ser trilhados a tantos que recorriam aos seus conselhos.  Casado com a senhora Maria Aurélia, Lauro teve cinco filhos:  Francisco Eduardo, prematuramente falecido, Laura, engenheira elétrica, Roberto, desembargador, Patricia, economista, e Maria Aurélia, médica e professora da UFS.
   Durante a solenidade da noite de quarta-feira última, falaram  o presidente da Academia Sergipana de Medicina, Fedro de Menezes Portugal, Jeferson  Ávila, pela Sociedade Sergipana de Laringologia, Fábio Ribas, pela Sociedade Sergipana de Oftalmologia,  Josué Passos Subrinho pela UFS, o médico Thomaz  Porto Cruz, sobrinho de Lauro, e agradecendo em nome da família, a engenheira Laura Porto.
Um livro sobre Lauro Porto que mereceu os cuidados da família, de tantos médicos e intelectuais como o Dr. Petrônio Gomes, está sendo distribuído. Contem entrevistas, artigos escritos  quando Lauro fez oitenta anos, por Carmelita Fontes, Luiz Antonio Barreto, Jose Lima Santana, Thomaz Cruz, Carlos Cruz, Eduardo Cruz, Manoel Cabral Machado, Osmário Santos, João Oliva Alves , Mario Ursulino,  Petronio Gomes,  Jeferson Sampaio D`Avila,  e uma homenagem dos filhos , nora, genros e netos.

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