sábado, 9 de julho de 2011

REPÚBLICA OU COSA NOSTRA?


Vivesse Santo Agostinho hoje em Brasília, e houvesse conversado no Ministério dos Transportes com o deputado Waldemar Costa Neto, que lá despachava “tratando dos interesses do Partido da República” o eminente doutor da Igreja certamente acrescentaria às suas Confissões um momento de raiva incontrolada, tendo, diante dos olhos, aquela degenerescência dos costumes na condução da coisa pública que, em A Cidade de Deus, ele classificou como “magna latrocínia”.
Estranha, quando se escancara mais uma indecência flagrada em algum covil brasiliense, ou em qualquer outra parte do país, é aquela reação de surpresa que alguns ainda demonstram. Em qualquer gabinete do Congresso Nacional, em qualquer mansão às margens do Paranoá, em todos os infindáveis escritórios de lobistas que infestam a capital da República, nas rodas alegres, sabia-se, comentava-se, desfilavam-se os rosários de estripulias diariamente cometidas entre as paredes do Ministério dos Transportes. Talvez, temendo respingos manchando a roupagem que tentam livrar dos borrões mais graves, alguns políticos, alguns gestores públicos, prudentemente
evitavam cruzar as portas do mal-afamado Ministério. De tudo o que lá sucedia tanto se sabe, com tudo isso acomodadamente se convive. Já disse reputado economista norte-americano que, sem o lubrificante de alguma propina a máquina pública corre o risco de emperrar.
Mas, convenhamos, mesmo sem cultivar os falsos pruridos moralistas de tantas equivocadas vestais que se prostituem escondendo a nudez, chega-se a pensar em um eficaz pelotão de fuzilamento, como solução para certo pimpolho de pai ministro, que, em dois anos, apenas em dois anos, transformou uma micro-empresa construtora com capital de cinqüenta mil reais, numa portentosa empresa que chegou aos sessenta milhões. O pimpolho alquimista só não será contratado por Bill Gates porque o homem da Microsoft sabe que aquela alquimia somente produz ouro quando se tem à disposição o laboratório de algum cofre público bem recheado.
Como o “paredón” já é coisa definitivamente do passado, e felizmente caído em desuso, resta à Presidente Dilma fazer uma assepsia completa no Ministério dos Transportes e nas suas ramificações, um esfregão geral, usando desinfetante e raticida fortes, para depois nomear o novo Ministro.
Talvez, após essa indispensável higienização, os infindáveis buracos das nossas estradas comecem a ser tapados com mais eficiência.

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