sábado, 9 de julho de 2011
A “VALENTIA“ DE ABÍLIO DINIZ
O empresário Abílio Diniz alardeia agora a sua disposição para as grandes lutas. Se diz um homem com suficiente coragem de enfrentar desafios por maiores que sejam. Pudera quem, principalmente sendo um argentário do quilate dele, desses que só enxergam dinheiro pela frente, não teria “coragem” para envolver-se numa batalha que lhe renderia enormes vantagens pessoais?
Se vencer a batalha Abílio Diniz terá conseguido unir o seu gigante Pão de Açúcar ao gigante ainda maior Carrefour, isso, se também passar por cima da cláusula contratual que uniu seu grupo a outro gigante francês, o Casino, que deverá, no próximo ano, assumir o controle gerencial do Pão de Açúcar. O sucesso total não será alcançado se do BNDES o “corajoso batalhador” Abílio Diniz não ganhar a belíssima bolada de três bilhões e novecentos milhões de reais, garantindo-lhe 11% do Carrefour e a conquista de um terço do mercado brasileiro. Tudo isso com agigantado prazo para quitar a divida e juros anuais inferiores a um quinto do que cobra por mês um cheque especial.
Com a sua vitória garantida, o “corajoso” empresário festejará o sucesso da mais audaciosa jogada de sua vida empresarial. Mas aí, os derrotados, todos nós brasileiros começaremos a pagar a conta. E não é conta pequena. Num país onde juros de 14% ao mês nem mais espantam, dar dinheiro quase a custo zero a um mega tubarão para que ele aperfeiçoe a sua máquina de fazer dinheiro, significa o mesmo que estabelecer uma absurda divisão entre os que tudo podem e os que nada merecem.
Consumando-se a batalha vencida pelo senhor Abílio Diniz, ficando juntos o Carrefour e o Pão de Açúcar, aí terá início a sucessão de derrotas que o povo irá sofrer. Onde existirem próximas lojas do Pão de Açúcar e do Carrefour, por uma questão elementar de lógica econômica que descarta tudo que não seja a meta da lucratividade, uma dessas duas lojas será fechada, e isso se repetirá em escala por todas as regiões onde atuam os dois conglomerados. Haverá desemprego, serão milhares de trabalhadores despedidos. Enxugar gastos será um dos objetivos da fusão, isso significa redução do número de trabalhadores. Dominando um terço do mercado nacional, o francês Carrefour e o afrancesado Pão de Açúcar, terão força para impor preços aos fornecedores. Irão comprar por muito menos e ninguém garante que eles perderão a oportunidade de vender por mais, ou, no mínimo, mantendo os mesmos preços, mas, aumentando a margem de lucro obtida com o sufoco da cadeia de fornecedores. Isso é altamente perigoso. Em algum momento poderá ocorrer o desabastecimento.
De longe, a assistir a “batalha” do senhor Abílio Diniz, estão milhares dos seus empregados submetidos a salários humilhantes e relegados à condição de servos do império desumano, como os caixas do supermercado Extra, em Aracaju, ramo do Pão de Açúcar, que, de contorcionismo em contorcionismo, esforço repetitivo para exercer uma outra função, a do empacotador, terminam afetados por graves lesões e vão engrossar a legião dos incapacitados para o trabalho.
A grande batalha que o senhor Abílio Diniz poderia, honrada e corajosamente travar, seria contra ele mesmo, começando pela mudança na feição dura do patrão insensível. Essa seria uma batalha socialmente decente.
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