Em meados do século passado a Rádio Clube de Pernambuco triunfalmente anunciava-se: “Rádio Clube do Recife, P.R.A. - 8, Pernambuco falando para o mundo.
Pois é, quem diria, Sergipe agora anda a enxerir-se, sem imodéstias, todavia, pela aldeia globalizada, e está nas páginas do Financial Times, o sisudo jornalão londrino que é lido diariamente, de Londres a Nova Iorque, de Paris a Pequim, de Tóquio a São Paulo, por todos os influentes executivos do mundo.O jornal mais do que centenário é um dos poucos, ou único da grande imprensa, onde jornalistas não assinam as matérias. Isso, exatamente para transmitir a idéia de que todas as considerações feitas, todas as opiniões emitidas fazem parte de um conjunto homogêneo, de uma visão única sobre o sistema econômico que o jornal vem mantendo como se fosse uma espécie de credenciado porta-voz da economia de mercado. Nos últimos tempos o Financial Times tem sido um discreto crítico da liberalidade desregrada do sistema financeiro, e insinua mudanças no processo de globalização. O Financial Times talvez com certo constrangimento, resultante daquilo que restou do império vitoriano, tem oferecido cada vez mais espaço aos chamados emergentes. Aquele grupamento de países que teriam perdido o trem da história, espécie de párias que precisavam recitar de tempos em tempos a lição de responsabilidade financeira, de gestão eficiente do Estado, ditada repetidamente pelo FMI, aqueles maus alunos, de repente, como é o caso do Brasil, são citados como exemplos, enquanto o fantasma da crise percorre a Europa, e uma dívida astronômica ameaça demolir a sólida confiança que sempre existiu em relação aos fundamentos da economia norte-americana. O Financial Times vive e interpreta esses tempos turbulentos, e sabe que é preciso criar esperanças. E vai buscar a esperança naqueles países onde ainda é possível encontrá-la. O jornal publicou um suplemento, Brazil Confidential, que é uma abrangente análise da economia brasileira com uma confiante prospecção de futuro. E nesse primoroso trabalho jornalístico Sergipe ganhou cinco destacadas páginas.
Essas páginas no Financial, mostram aos investidores internacionais uma realidade atraente, possibilidades imensas que nos cercam, aqui mesmo, no Sergipe que é pequeno, mas a natureza não o fez miúdo. Talvez as miudezas corram por nossa conta. E nos chega da Inglaterra uma jornalista que quase nos diz: “Esqueçam as miudezas, pensem grande”.
Deve-se essa excelente promoção global que Sergipe ganha, à intervenção inteligente e oportuna de um jovem empresário, Carlos Augusto Franco, que, recentemente, colocou na praça a São Francisco Investimentos. E assim ele contou ao governador Marcelo Déda como se deu a sua oportuna participação: “A pedido de um amigo da Rio Bravo Investimentos ( do ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco) recebi a jornalista do Financial Times e a auxiliei a entender a economia sergipana e a fazer contatos com o setor empresarial. O mais importante disso tudo é que a idéia da matéria partiu do próprio editor do Financial Times, que tem percebido um interesse cada vez maior dos investidores mundiais em relação ao Brasil.”
Déda, eufórico, pediu a Cauê, seu diligente Secretário da Comunicação, que montasse a partir da matéria do jornal inglês uma inteligente, também instigante peça publicitária, mostrando como o Financial Times enxerga Sergipe.
Traduzimos alguns trechos da matéria do suplemento intitulada: Private equity: Sergipe awaits further boosts from Petrobras anda Vale:
“Sergipe, o menor estado do Brasil sintetiza dois temas centrais para o país: o rápido crescimento das regiões pobres, e o impacto dos pesados investimentos para a produção de matérias primas. A economia do estado cresceu dez por cento ano passado enquanto o número de novos empregos mais do que dobrou, chegando a 23 800. A Petrobras fez novas descobertas de óleo e gás no estado , e a Vale está planejando ampliar sua participação com uma nova mina de potássio.
Sergipe está começando a despertar a atenção das multinacionais. A sua segunda mais importante empresa, a Maratá, que produz sucos e café estaria mantendo entendimentos com a Sara Lee sobre a possibilidade de aquisição, embora nenhuma das partes confirme qualquer acordo. Se aprovada , a transação seria a maior desde que em 2007 a rede de Supermercados G. Barbosa que era a maior empresa sergipana, foi comprada pelo grupo chileno Cencosud.
A Maratá é também cobiçada por três outras companhias, inclusive a concorrente da Sara Lee, a Bunge, empresa de alimentos baseada em Nova Iorque. “ Grandes empresas costumam nos procurar propondo parcerias, porque nós temos uma forte presença no norte e nordeste e essas companhias desejam ampliar seus negócios nessas regiões.” Diz o principal executivo da Maratá, Frank Vieira.
O negócio com a Sara Lee pode envolver um bilhão de reais, e isso daria à companhia americana o controle de uma das sete fábricas do grupo Maratá . na cidade de Itaporanga da Ajuda.
.......... Hoje, Sergipe é o quinto maior produtor de óleo do Brasil. A participação do óleo e do gás no PIB sergipano é de 8.8%. Mas uma nova descoberta feita pela Petrobras na costa sergipana gera a expectativa de um grande crescimento da produção. Ao mesmo tempo, a produção de gás cresceu trinta por cento. O governo do estado adota ações para ampliar a cadeia produtiva relacionada à produção de gás e óleo. Segundo o secretário de desenvolvimento e gestão Jose de Oliveira Junior, Sergipe implementou um programa de pesquisa e desenvolvimento, denominado INOVA- SE, e instalou a FAPITEC, destinada à apoiar a pesquisa a tecnologia e a inovação, com foco no empreendedorismo e qualificação de pessoal.
O governo do estado está utilizando os royalties obtidos com a produção do petróleo, 106 milhões em 2010, para obras de infraestrutura, tais como reconstrução de estradas e construção de duas pontes cruzando os rios Vasa Barris e Piaui, visando reduzir em 70 quilometros a distancia entre Aracaju e Salvador.
.......A produção de leite está crescendo em Sergipe. Com efeito, o pequeno estado participa com 8% do total do leite ofertado no nordeste. A Sabe Alimentos, com laticínio localizado no município de Muribeca, deve começar a produção em quatro meses para atender o mercado sergipano e nordestino com o leite longa vida e outros produtos lácteos. “Nós estamos organizando a cadeia completa de produção do leite desde a fazenda ao consumidor”, diz o senhor Ricardo Franco, acrescentando: “Qualidade é nosso objetivo principal e o nosso maior desafio.
...... Os investimentos da Petrobras e da Vale estão agora atraindo novos investidores. “Uma das mais fortes razões para virmos atuar em Sergipe é a existência de potássio, de um marco regulatório ambiental, e também boa infraestrutura,” observa Stephen Keith, executivo chefe da mineradora canadense Rio Verde Minérios que no ano passado começou em Sergipe o projeto potássio. A Rio Verde comprou ativos da mineradora Talon Metals, baseada em Toronto. O negócio deu à Rio Verde mais de cem mil hectares de terras em Sergipe, e em fevereiro a Rio Verde começará a perfurar a sudeste da mina Taquari- Vassouras, da Vale. A companhia espera implementar o projeto até 2014.
Pois é, deu Sergipe no Financial Times.
Nenhum comentário:
Postar um comentário