domingo, 31 de julho de 2011

AS ROSAS DO TRIBUNO FAUSTO CARDOSO

Depois de assassinado o tribuno Fausto Cardoso pelas tropas federais que vieram a Sergipe recolocar no poder as oligarquias que dele haviam sido expulsas pela revolução faustista, uma forma de demonstrar repúdio aos vitoriosos era a exibição de uma rosa vermelha. Os homens a colocavam desafiadores na lapela, as mulheres no cabelo ou na blusa, algumas, mais ousadas, empunhavam rosas e iam passear pela frente do palácio onde Fausto caíra crivado pelas balas da tropa assassina. Não eram numerosos aqueles que se dispunham a afrontar os oligarcas que não escondiam o rancor por terem sido, durante um curto espaço de tempo, alijados do poder onde envelheciam sem contestações. Exibir uma rosa vermelha era gesto atrevido, quase sempre punido atrabiliariamente com a cadeia. Os tempos eram de vinditas, ódios e truculências sem limites. Com medo, muitos arrancaram dos seus jardins as roseiras transformadas em símbolos da resistência.
Passaram os anos, os filhos de Fausto, vingadores, abateram a tiros no Rio de Janeiro o senador monsenhor Olímpio Campos a quem atribuíam a culpa pelo assassinato do pai. As paixões políticas tão radicalizadas se foram dissipando, amainaram. Vinte, trinta anos depois da tragédia de 1906 começou a aparecer nos jardins de Aracaju uma vistosa rosa vermelha que recebeu o nome de Fausto Cardoso. A rosa tornou-se muito popular na cidade, mas, àquela altura, o tempo apagara quase inteiramente a simbologia da flor. Todavia, uma boa parte dos que cuidadosamente a cultivavam, o faziam como reverencial homenagem ao político que, com a sua oratória flamante, liderara os sergipanos num movimento armado que prenunciava transformações sociais difusamente caracterizadas.
Dizia-se então, que aquela rosa tão difundida em Aracaju, seria uma criação de Joaquim Martins Fontes da Silva, um ilustre sergipano que fora residir no interior paulista e lá dedicou-se à poesia e às rosas , uma redundância, ser ao mesmo tempo vate e rodólogo. Martins Fontes fazia experiências no seu jardim, produzia novas espécies de rosas e, a uma delas deu o nome de Fausto Cardoso. Tomando posse na ASL, Amaral Cavalcante fez uma síntese da vida de Martins Fontes, patrono da sua cadeira, mais conhecido, aliás, como cultivador de rosas do que como poeta.
A rosa Fausto Cardoso foi desaparecendo, o tempo tornou-a esquecida, da mesma forma como os episódios históricos que deram origem ao nome.
Agora, o incansável remexedor da História sergipana, Gil Francisco, instigado por este escriba, quer descobrir o roteiro da rosa, tentar, se possível, localizá-la em algum jardim. Há quase vinte anos passados quando o escrevinhador também cultivava rosas em Canindé do São Francisco, num catálogo da Roselandia, empresa paulista, constava o nome da  rosa que agora procuramos, mas não estava disponível. A Roselandia encerrou suas atividades há algum tempo. Gil Francisco pede que quem tiver alguma informação onde possam ainda sobreviver roseirais faustistas, ou uma pista que seja daquelas rosa, então, faça a gentileza de satisfazer sua curiosidade, informando para: e-mail- gilfrancisco.santos@gmail.com, ou telefone (79) 32484239.
Se um dia a rosa for encontrada, será solicitado ao prefeito Edvaldo Nogueira a construção de um jardim em torno da estátua de Fausto Cardoso, na praça do mesmo nome, para que nele sejam plantadas muitas delas, a rosa vermelha que está indelevelmente ligada à nossa história. Ajudem-nos a encontrá-la. Não será tão difícil, ate porque, já sabemos o nome da rosa.

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