sábado, 4 de junho de 2011

A POLICIA QUE GARANTE, A POLÍCIA QUE AMEAÇA


Não deve ser essa a Policia Militar de Sergipe que está nas emissoras de rádio falando através da boca dos que se apresentam como representantes da corporação armada. A PM de Sergipe tem uma tradição de respeito à hierarquia e aos valores indispensáveis a uma organização regida por rigorosos mandamentos de respeito à lei, aos poderes constituídos, à sociedade democrática e às normas imutáveis  que asseguram a disciplina e a coesão das organizações militares.  Por ter armas na mão para a defesa da sociedade, os militares, mais do que os demais servidores públicos,  devem ter o cuidado de em defesa das suas reivindicações, sempre se manifestarem com o comedimento necessário, para  que, aquilo que dizem, não possa ser interpretado como ameaça. Por melhor remunerados que  venham a ser os trabalhadores sempre devem ter em mira reivindicações novas, que possam lhes assegurar um padrão de vida progressivamente melhor, desde que pautem aquilo que desejam pelo bom senso, pelo equilíbrio, pelo respeito às outras categorias, e também pela estrita observância às leis,  mais rigorosas, quando se trata de  militares, exatamente porque têm o direito constitucional de portar armas que, confiantemente, a sociedade lhes entrega. Isso vale para a Marinha, o Exército, a Aeronáutica,  as polícias militares, e , de certo modo, também para a civil.
Antes do corporativismo, do interesse particular, da ambição política, tanto o funcionário civil como o militar, são obrigados a colocar em primeiro plano o interesse social, exatamente porque, por definição, pertencem à categoria especial: são servidores públicos. Quando um policial vai a um veículo de comunicação para  anunciar a possibilidade de uma paralisação ou
uma operação tartaruga durante os festejos juninos , quando mais se precisa da participação intensa da polícia, ele não está somente desafiando o governo,  ele está afrontando o povo que, em última análise lhes paga os salários. Não se discute aqui se as reivindicações são justas ou injustas, mas, sem  duvidas, a forma de expressá-las vem sendo desastrosamente equivocada, tanto assim, que não são poucas as categorias de servidores que andam a olhar com muita má vontade para a polícia, cujos integrantes até poderão não estar satisfeitos, mas devem admitir que figuram entre os beneficiados pelos melhores salários no Brasil. Em meio a esse insensato e descomedido bate-boca, que substitui lamentavelmente o diálogo civilizado, não pouparam sequer outros servidores públicos, e os procuradores do Estado foram tratados  de uma forma que se poderia classificar, no mínimo, como uma agressiva descortesia. Essa não pode ser uma tática inteligente de quem reivindica, da mesma fora como outros o fazem, todavia, sem ameaças e sem agressões.  Enquanto isso, professores, médicos, agrônomos, economistas, enfermeiros, engenheiros, percebem, em muitos casos, salários equivalentes ao de um soldado.  Não estamos desmerecendo, nem muito menos menosprezando as atividades  do  soldado,  apenas, mostrando a realidade salarial de um Estado que ainda não deixou de ser pobre, nem deixará de sê-lo , pelo menos nos próximos dez anos.

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