DO JANOTA ENFATIOTADO
A vitória de João Dória
uma espécie de colunista social das elites endinheiradas quatrocentonas ,
representa um logro do qual foram vítimas os paulistanos decepcionados com os
políticos e revoltados contra os
episódios deprimentes, agora revelados, de uma quadrilha pluripartidária que se
instalou no poder e nele fez o festim
insaciável dos rapinantes.
João Dória, que é bem falante,papagaio de frases feitas, fez
o marketing simplório e rasteiro da
troca de argumentos consistentes
pela técnica fácil da satanização de um
suposto inimigo que deve ser vencido e
esmagado, para que a vida de todos retorne à normalidade. O vitorioso no primeiro
turno, embora, evidentemente fazendo política, transformou-a no seu alvo
preferido, recorreu ao discurso moralisteiro
em moda, e apresentou-se como candidato distante e acima da política, um
empresário, presumidamente gestor eficiente,que se propunha a corrigir todos os
erros , devolver ao paulistano uma cidade exemplar, que aliás ele nunca teve.
Para o paulistano acossado pelos problemas de uma megalópole
atabalhoadamente construída, e sem soluções plausíveis, enquanto não
transcorrerem algumas décadas de
mudanças, reformulações de conceitos e
ideias, o dândi almofadinha, manequim de grifes, apresentou fórmulas enganosas
, saídas de um arsenal de ¨inovações
gerenciais ¨que ele, sem o uso da política iria colocar em prática.
Essa é exatamente a arte enganosa dos piores e mais
oportunistas demagogos, os que se aproveitam da decepção do povo e o torna refém da mentira
de uma falsa renovação que nada
mais é do que um pacote embolorado de práticas antigas, disfarçadas com o invólucro esperto das frases de efeito.
O paulistano caiu nesse logro logo no primeiro turno, até
porque os demais concorrentes já eram velhos conhecidos, e faziam parte de um
desgastado elenco. Todavia,três milhões de eleitores, número superior aos votos
obtidos por João Doria não votaram, ou anularam o voto.
Isso sem dúvida dá o que pensar.
E quem minimamente pensa, sabe que não se administra, não se
governa sem fazer política, e o Estado é bem diferente de uma empresa privada,
onde mandam o dono, os acionistas majoritários. Quando alguém insinua que pode
conduzir o Estado como se fosse uma empresa privada está certamente
imaginando-se um autoritário ditador, que prescinde da participação da
sociedade ,e faz, nesse caso, a pior das politicas , que é a da força, e do
privilégio exclusivo de fazer e mandar .
João Dória, frequentador assíduo das alegrias dohigh- societyvê
as favelas paulistanas de cima do seu helicóptero, e diz que é preciso olhar
pelos ¨mais humildes ¨.Assim, torcendo o nariz, cuidando da perfeita maquiagem,
ele se refere aos pobres, aos miseráveis,
aos excluídos, que enfrentam a polícia quando destrói barracos e invade prédios
abandonados cumprindo ordens de despejo. Essa mesma polícia nunca chega ao refúgio
dos ricos, em Campos do Jordão, por exemplo, onde o prefeito eleito de São
Paulo é acusado de invadir terras públicas.
O ¨office boy ¨da plutocracia paulista, o lobista e bajulador
de poderosos, estará na Prefeitura para atender aos interesses do seu grupo de
privilegiados. A ¨patuleia ¨, a ¨ralé ¨, da qual ele também recebeu votos, e
não foram poucos, nem tenha a menor esperança de que João Dória, filho do deputado João Dólar , eleito prefeito e ofuscado pelos
holofotes da fama, consiga enxergar, agora, o que nunca quis ver antes : o
gigantismo da exclusão social que cerca a Avenida Paulista.
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