domingo, 31 de julho de 2016

DA VILA OLIMPICA AO SUPERMERCADO



DA VILA OLIMPICA
AO SUPERMERCADO
Fiscais do Ministério do Trabalho chegaram rápidos e pressurosos à Vila Olímpica, quando uma equipe de mais de 600 trabalhadores começava um serviço de emergência para reparar falhas registradas em alguns dos trinta prédios com mais de 3 mil apartamentos. As torneiras e chuveiros que não funcionavam,  esgotos entupidos, paredes manchadas, ar condicionado desliagado, lâmpadas que não acendiam, foram alguns dos problemas detectados pela delegação da Austrália, que reclamou e gerou pelo mundo uma sucessão de desprimorosas noticias em relação ao Brasil e à nossa capacidade para realizar uma olimpíada,  privilégio  exclusivo do clube  restrito de países ricos, só quebrado pela África do Sul, e agora, pelo  Brasil. Os fiscais  multaram, criaram todo tipo de dificuldades, alegando abusos  na contratação e nos horários alongados das jornadas de trabalho.
Havia urgência, era preciso correr contra o tempo,  fazer jornadas de trabalho incomuns de até 15 horas.  Tudo isso era emergencial, duraria apenas uns três ou quatro dias. Os fiscais não enxergaram a dimensão do problema, a necessidade premente de uma ruptura com a ortodoxia burocrática que  se encastela na nossa legislação trabalhista, para que  tudo ficasse bonito, limpinho e operacional nos grandes edifícios, que logo estariam abrigando  atletas do mundo todo.
Os fiscais complicaram tudo, agindo com  espantosa insensibilidade   e quase inviabilizaram os consertos. Enquanto eles  se esmeravam em cumprir  suas inoportunas tarefas fiscalizatórias , os trabalhadores esperando o desfecho do  imbróglio, maldiziam os burocratas que lhes tiravam a oportunidade de ganhar um inesperado dinheirinho extra em tempos difíceis de desemprego.
Na Vila Olímpica os fiscais sabiam que logo virariam noticia, ganhariam destaque na mídia brasileira e internacional.
 Já por aqui, nos supermercados de Aracaju, onde em alguns deles  se cometem as maiores iniqüidades ,  graves desrespeitos à caduca legislação trabalhista, e à dignidade humana, parece que não chegam os fiscais.  Ou se chegam, não enxergam as condições humilhantes de quase trabalho escravo,   a rotina dos  funcionários de  grande parte dos  supermercados aracajuanos. Os caixas, na sua maior parte mulheres, são os mais submetidos  ao regime semi-escravo de trabalho, e isso eles fazem à vista de todos, inclusive, sem duvidas, dos fiscais  e dos dirigentes dos sindicatos dos trabalhadores, todos,  calados e quietos.
Nos seus países de origem essas redes de supermercados que aqui operam, tratam bem melhor, pagam bem mais aos seus trabalhadores, talvez porque lá exista fiscalização, e os sindicatos sejam menos omissos. Ou coniventes......

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