segunda-feira, 6 de junho de 2016

O EX-SARGENTO FAZ A CORREÇÃO DO TEXTO



O EX-SARGENTO FAZ A
 CORREÇÃO DO TEXTO
Jose Gilson Santos foi sargento do Exército brasileiro. Hoje é Procurador de Justiça aposentado e advogado de renome, dividindo escritório com o seu filho  Lafaiete . Ledor renitente desta coluna,  Gilson tinha,  faz algum tempo, uma correção a fazer ao escrevinhador.
 Nos idos tumultuários de  abril  de 64, Gilson era sargento e estudante de Direito em Maceió, e foi mandado a Pernambuco com a missão de prender o ex-sargento do exército Gregório Bezerra, líder comunista, um dos mais visados  em conseqüência da sua participação na rebelião  de 35. Gregório era decidido,  e extremado na sua opção ideológica.  Andava  perto dos 65 anos. Era, pois, um velho.
Gilson, instrutor de tiro e armamento, formou uma patrulha de gente bem treinada e se deslocou  para  Ribeirão  ( PE)onde estaria Gregório  organizando  camponeses para resistirem ao golpe.  Na estrada  em meio aos canaviais, depararam-se com um Jeep em que Gregório viajava sozinho. Logo  o prenderam, sem que houvesse resistência. Deram-lhe um tratamento respeitoso, e o conduziram ao Quartel General do IV Exército  . Foram encontrar o general  Justino  na sala de comando, reunido com alguns oficiais.  Gilson apresentou-se e entregou-lhe o preso.   Um  coronel  se dirigiu ao preso. Lembrou que fora seu aluno quando Tenente em Natal, e disse que mesmo sem ter feito Academia, Gregório poderia ter alcançado postos  e chegado a tenente –coronel, na reforma, porque o considerava um militar competente e preparado, mas, ressaltou, infelizmente, ele se tornara comunista, combatera os próprios companheiros, e estava agora naquela situação.  Gilson recebeu ordens para levar o preso ao Forte das Cinco Pontas. Lá, um major informou que não havia mais vagas para presos e que Gregório deveria ser levado ao Batalhão de Cavalaria Mecanizada no bairro  Casa Forte.  No pátio do quartel, Gilson viu quando descia as escadas, correndo, o coronel  Viloc.  Ele mandou Gregório vestir um calção. Em seguida, com uma vara, começou a  desferir-lhe golpes por todo o corpo, principalmente no rosto. O ferido sangrava muito, e um capitão tentou interceder . Foi rispidamente repelido pelo coronel ensandecido .      Amarraram uma corda no pescoço do prisioneiro, que foi rebocado semi nu e coberto de sangue pelas ruas do Recife. Viloc berrava num alto falante que ali estava um perigoso comunista e assim acabariam todos os outros. Comunicado o fato ao general Justino, ele mandou parar a cena terrível, que,   filmada  e fotografada, ficaria como testemunho deplorável do inicio de um regime autoritário. Gilson, antes, perguntara ao coronel Viloc  se poderia relatar as cenas   ao seu comandante no 20º BC em Maceió, e Viloc, odiento, respondeu-lhe: ¨ É pra dizer mesmo, a todo  mundo.¨
Quando Gilson relatou os fatos o coronel Clarindo   definiu: ¨ Viloc é  louco varrido.¨
   No texto  sobre o episódio, afirmamos que o coronel Ibiapina  participara da violência desumana.  Gilson assegura que Ibiapina em  nenhum momento esteve presente.  Após a redemocratização,  Viloc, covarde como costumam ser  torturadores de presos políticos, negou que houvesse cometido a ignomínia.

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