O EX-SARGENTO FAZ A
CORREÇÃO DO TEXTO
Jose Gilson Santos foi sargento do Exército brasileiro. Hoje
é Procurador de Justiça aposentado e advogado de renome, dividindo escritório
com o seu filho Lafaiete . Ledor
renitente desta coluna, Gilson tinha, faz algum tempo, uma correção a fazer ao
escrevinhador.
Nos idos tumultuários
de abril
de 64, Gilson era sargento e estudante de Direito em Maceió, e foi
mandado a Pernambuco com a missão de prender o ex-sargento do exército Gregório
Bezerra, líder comunista, um dos mais visados em conseqüência da sua participação na
rebelião de 35. Gregório era decidido, e extremado na sua opção ideológica. Andava perto dos 65 anos. Era, pois, um velho.
Gilson, instrutor de tiro e armamento, formou uma patrulha de
gente bem treinada e se deslocou para
Ribeirão ( PE)onde estaria
Gregório organizando camponeses para resistirem ao golpe. Na estrada
em meio aos canaviais, depararam-se com um Jeep em que Gregório viajava
sozinho. Logo o prenderam, sem que
houvesse resistência. Deram-lhe um tratamento respeitoso, e o conduziram ao
Quartel General do IV Exército . Foram
encontrar o general Justino na sala de comando, reunido com alguns
oficiais. Gilson apresentou-se e
entregou-lhe o preso. Um coronel se dirigiu ao preso. Lembrou que fora seu
aluno quando Tenente em Natal, e disse que mesmo sem ter feito Academia,
Gregório poderia ter alcançado postos e
chegado a tenente –coronel, na reforma, porque o considerava um militar
competente e preparado, mas, ressaltou, infelizmente, ele se tornara comunista,
combatera os próprios companheiros, e estava agora naquela situação. Gilson recebeu ordens para levar o preso ao
Forte das Cinco Pontas. Lá, um major informou que não havia mais vagas para
presos e que Gregório deveria ser levado ao Batalhão de Cavalaria Mecanizada no
bairro Casa Forte. No pátio do quartel, Gilson viu quando descia
as escadas, correndo, o coronel Viloc. Ele mandou Gregório vestir um calção. Em
seguida, com uma vara, começou a desferir-lhe golpes por todo o corpo,
principalmente no rosto. O ferido sangrava muito, e um capitão tentou
interceder . Foi rispidamente repelido pelo coronel ensandecido . Amarraram uma corda no pescoço do prisioneiro,
que foi rebocado semi nu e coberto de sangue pelas ruas do Recife. Viloc
berrava num alto falante que ali estava um perigoso comunista e assim acabariam
todos os outros. Comunicado o fato ao general Justino, ele mandou parar a cena
terrível, que, filmada e fotografada, ficaria como testemunho
deplorável do inicio de um regime autoritário. Gilson, antes, perguntara ao
coronel Viloc se poderia relatar as cenas
ao seu comandante no 20º BC em Maceió, e Viloc,
odiento, respondeu-lhe: ¨ É pra dizer mesmo, a todo mundo.¨
Quando Gilson relatou os fatos o coronel Clarindo definiu:
¨ Viloc é louco varrido.¨
No texto sobre o episódio, afirmamos que o coronel
Ibiapina participara da violência
desumana. Gilson assegura que Ibiapina
em nenhum momento esteve presente. Após a redemocratização, Viloc, covarde como costumam ser torturadores de presos políticos, negou que
houvesse cometido a ignomínia.
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