AQUELE ¨ AH BRAZIL ! ¨
DO
JORNALISTA ESTRANGEIRO
Um correspondente no Brasil do New York Time concluiu uma matéria sobre a prisão do ¨
japonês ,¨ presença constante nas ações da Operação Lava
a Jato, com a exclamação de espanto e ironia: Ah ! Brazil.
O Brasil efetivamente espanta. Para os estrangeiros torna-se a própria constatação alarmante
de um país que adaptou-se ao absurdo.
Mas, convenhamos, o gringo tem toda a razão do mundo
para estar espantado.
Passemos um olhar pelo cenário brasileiro:
Temos uma Presidente
da República afastada, aguardando, num palácio esvaziado, que se decida
a sua sorte pelo Congresso, e reclamando porque lhe proibiram de usar avião
oficial, a não ser para ir a Porto Alegre, onde mora a sua família. Ela dedica-se, agora, a fazer
comícios para pequenos grupos que ainda
a apóiam, e quer viajar de avião.
O presidente de uma das Casas Legislativas, a Câmara
dos Deputados, está afastado da presidência e do mandato, por determinação do
Supremo Tribunal Federal.
Continua morando numa luxuosa mansão às margens do
lago Paranoá. Desfruta as mordomias do
cargo, interfere, ostensivamente, em
todas as ações da Câmara e da Presidência da República. A mulher dele tornou-se réu na lava jato.
O Presidente do Senado tem sobre a cabeça um pedido de
prisão preventiva ao STF feito pelo Procurador
Geral da República.
Um Senador, presidente
do maior partido do país, e que está no poder, deixou o Ministério dez dias após a posse acossado por denuncias, e tem sua prisão
preventiva também solicitada pelo Procurador .
Um ex-presidente, o primeiro que assumiu após o fim da
ditadura ( 1964 -1985) tem, contra ele,
um pedido de prisão preventiva, onde se fez a ressalva de que, pela sua
idade, 86 anos, deveria ficar em prisão
domiciliar , usando tornozeleiras eletrônicas.
Outro ex- presidente retirado do poder através de
impeachment, agora Senador da República, é investigado pelo Supremo.
Mais um ex- presidente, que saiu do poder com 70% de aprovação, está sendo investigado pelo
Ministério Público. Foi conduzido
coercitivamente para depor, e depois, impedido pelo Supremo de assumir o cargo de
Ministro ainda no governo da presidente
afastada .Sabe-se que contra ele já existiriam provas que poderiam destruir sua
imagem de líder popular.
Estão na
cadeia grandes empresários . Juntos,
representam quase 20 % do Produto
Interno Bruto do país.
A recessão econômica chega aos três anos. Há 12
milhões de desempregados, um recorde de falências e encerramento de empresas. Os
cofres da União, dos estados e dos
municípios estão esvaziados. Há crise na
saúde pública, na segurança, na educação. Os Deputados aprovaram, com o aval do
Governo, um projeto concedendo aumento de salários a setores do funcionalismo
público, e foram criados mais 14 mil
cargos efetivos. Com o efeito cascata espalhando-se pelos estados e municípios,
os gastos passarão dos cem bilhões de
reais em três anos.
No Congresso,
mais de 40 % dos parlamentares respondem a processos criminais, ou estão sendo
investigados. Quase o mesmo ocorre nos legislativos estaduais, nas câmaras municipais.
Um Senador da República foi preso no exercício do
cargo. Organizava uma operação clandestina para dar fuga a um delator.
Ex-senadores, ex- ministros, ex-deputados,
ex-governadores, ex-prefeitos,
condenados , estão presos em Penitenciárias .
O país é recordista mundial em assassinatos, facções
criminosas controlam áreas urbanas. Morrem policiais com freqüência em combates
de rua.
Os brasileiros figuram no segundo lugar entre os
maiores consumidores mundiais de cocaína.
O país tem a
quarta maior população carcerária do planeta.
Quarenta por cento dos brasileiros são analfabetos
funcionais.
A burocracia do país está entre as mais retrogradas e
ineficientes.
O brasileiro carrega uma carga de impostos absurda.
A nossa maior empresa, a PETROBRAS, foi destruída, e hoje está beirando a falência.
Na cidade onde
será realizada a Olimpíada, hospitais, escolas,
até institutos médico legais
estão fechando por falta de
recursos. Bandidos dominam a periferia.
Obras públicas para
a Copa do Mundo em 2014 estão ainda se
arrastando, ou foram abandonadas.
Nas grandes cidades trabalhadores gastam mais de quatro horas por dia no sacrificado
ir e vir do trabalho.
A Nação está dividida, há uma estúpida radicalização
política, conflitos nas ruas, nos parlamentos, até nas famílias. A sensatez
anda escassa.
Apesar da enormidade da tragédia que nos oprime, da
deplorável forma de fazer política que nos envergonha, há
um coisa a que demos o nome
inteligente de ¨ jeitinho brasileiro ¨. Se não o perdermos, o
espantado correspondente do New York
Times um dia, talvez não muito longe , enviará
uma matéria ao seu jornal, e escreverá
concluindo: ¨ Ah Brazil ! What a Wonderful Country
¨.
Pior do que tudo seria perdermos a esperança.
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