VIVÊ-LO-ÍAMOS? ESTE GOVERNO DE SALVAÇÃO NACIONAL
É tempo da mesóclise um tanto ensebada, neste, que seria o
momento para reesperançarmo-nos. Mas, como enchermo-nos de esperanças, se resta a dúvida
ao povo: Sê-lo-íamos, de fato, participantes, protagonistas desta empreitada
coletiva, através da qual salvar-nos-íamos todos?
Diante do que
acontece, enxergamo-lo, e bem nítido, aquele desconfiar do povo. Poderiam perguntar, os “salvacionistas” que vestem
Prada: Avermelhar-se-nos-ia este país, caso juntasse-mo-nos ao povo num projeto, e
fartasse-mo-lhes a tal modo de tarefas e iniciativas? Dessa forma, a ele, o povo, acumpliciaria-mo-nos,
percucientemente?
Deixemos de lado as mesóclises, e acreditemos, esperançosamente,
que o retorno delas ao discurso oficial, não trará, embutido ao anacrônico, o
sentimento do conservadorismo rançoso, característica da direita extremada, sem
sintonia ou compromisso com os efetivos valores democráticos, onde estão
embutidos a aversão ao preconceito, a valorização da cidadania, o respeito à
liberdade individual, a contenção dos extremismos, a identidade com o avanço
social. Esses valores, e esses requisitos, se não estiverem incorporados às
praticas políticas de um governo que pretende ser de salvação nacional, serão,
pela ausência, o grande obstáculo ao imprescindível diálogo, no qual, sem
exceções, toda a sociedade terá de ser envolvida. E o que se poderá infelizmente
pressentir será o agravamento das tensões sociais, o clima adverso para
qualquer ação do próprio governo. Não se faz salvação nacional tendo como
protagonistas apenas as cúpulas branca de alguns partidos.
As reações já começaram, e se tornarão mais fortes caso o
presidente Temer, homem político, não venha a constatar o erro de ter formado
um ministério que é um dos piores já constituídos ao longo da nossa História
republicana. Esse fato não pode ser minimizado com a maquiagem inócua da redução
de Pastas, que, aliás, pouco custam e nada representam. À exceção a isso é o
Ministério da Cultura, cuja extinção é uma bofetada retrógrada na face da
inteligência brasileira, ainda mais, quando o tal Ministério, agora da Educação
e Cultura, é entregue a um personagem como o deputado Mendonça Filho, envolvido
na operação lavajato, filhote do nosso coronelismo remanescente, sem nenhuma
afinidade com a educação, muito menos com a cultura.
Em nome até das suas mesóclises, e da tentativa frustrada
para tornar-se poeta, Temer deveria ter manifestado mais respeito à
cultura, à capacidade das mulheres brasileiras, e à presença marcante e decisiva do negro na
nossa sociedade multiracial. Esse tipo de desconsideração já repercute
intensamente na mídia internacional, e deixa bastante mal a imagem do Brasil. Temer,
por certo estaria desgostando, também à sua jovem esposa Marcela, aquela, da
qual disse a rançosa Veja, que é “Bela, Recatada e do Lar”. Imaginaria, por acaso o presidente, que este seria o destino amorfo de todas as
mulheres brasileiras? Mas se Temer acertar na economia e começar a nos tirar da
recessão e desemprego, os graves erros iniciais poderão ser corrigidos. É o que
se espera.
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