sábado, 28 de maio de 2016

HUNALDINHO, O AFÁVEL POETA



HUNALDINHO, O AFÁVEL POETA
Hunald Alencar, Hunaldinho sempre, para todos os seus tantos amigos, era um ser humano que carregava a essência espiritual do bem. Homem afável, simples, inimigo de protocolos e vaidades, era repleto de saberes e iniciativas. Advogado que nunca quis advogar, professor por toda a vida, era no Brasil um dos maiores conhecedores da língua portuguesa, também, um dos seus grandes poetas. Fez teatro, sendo ator e teatrólogo. Escreveu peças comparáveis aos seus poemas.
Hunaldinho andava ultimamente muito triste. Aos 72 anos tinha uma aposentadoria irrisória. Descuidou-se da carreira acadêmica, não fez doutorado ou mestrado, por isso, não permaneceu na cátedra da Universidade. Fechou, por não mexer bem com finanças, o bem sucedido curso de português particular que criou.
O desembargador Luiz Mendonça o convidou para ser, no Tribunal, um revisor de textos, e ele tranquilizou-se por algum tempo, mas, veio a determinação do Conselho da Magistratura para afastar a todos os contratados com mais de 70 anos e aposentados. O conselheiro Carlos Pinna o levou para o Tribunal de Contas, onde não havia a restrição para exercer o mesmo oficio, e ele lá ficou até o término do mandato de Pinna como presidente. Quase se fixou em Canindé, entusiasmado que estava como professor do curso de excelência em português e matemática que o município manteve até que sobreviesse o desastre da queda de 40% na arrecadação, consequência dos erros clamorosos ocorridos no sistema elétrico, causando a redução do ICMS pago pela Usina Xingó. O poeta refugiou-se na sua poesia e continuou criador e criativo, mas, a ânsia das contas avolumando-se de mês a mês o torturava, e talvez essa tortura o tenha levado ao infarto fatal.
Destino ingrato para um intelectual que além das glórias acadêmicas, necessitava, pelo menos, do reconhecimento ao seu valor, à sua importância como ator social atuante, que sempre depositou na  arte a crença de fazê-la instrumento da evolução do povo.

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