HUNALDINHO, O AFÁVEL
POETA
Hunald Alencar,
Hunaldinho sempre, para todos os seus tantos amigos, era um ser humano que
carregava a essência espiritual do bem. Homem afável, simples, inimigo de
protocolos e vaidades, era repleto de saberes e iniciativas. Advogado que nunca
quis advogar, professor por toda a vida, era no Brasil um dos maiores
conhecedores da língua portuguesa, também, um dos seus grandes poetas. Fez teatro,
sendo ator e teatrólogo. Escreveu peças comparáveis aos seus poemas.
Hunaldinho andava
ultimamente muito triste. Aos 72 anos tinha uma aposentadoria irrisória.
Descuidou-se da carreira acadêmica, não fez doutorado ou mestrado, por isso,
não permaneceu na cátedra da Universidade. Fechou, por não mexer bem com finanças,
o bem sucedido curso de português particular que criou.
O desembargador Luiz
Mendonça o convidou para ser, no Tribunal, um revisor de textos, e ele tranquilizou-se
por algum tempo, mas, veio a determinação do Conselho da Magistratura para
afastar a todos os contratados com mais de 70 anos e aposentados. O conselheiro
Carlos Pinna o levou para o Tribunal de Contas, onde não havia a restrição para
exercer o mesmo oficio, e ele lá ficou até o término do mandato de Pinna como
presidente. Quase se fixou em Canindé, entusiasmado que estava como professor
do curso de excelência em português e matemática que o município manteve até
que sobreviesse o desastre da queda de 40% na arrecadação, consequência dos
erros clamorosos ocorridos no sistema elétrico, causando a redução do ICMS pago
pela Usina Xingó. O poeta refugiou-se na sua poesia e continuou criador e
criativo, mas, a ânsia das contas avolumando-se de mês a mês o torturava, e
talvez essa tortura o tenha levado ao infarto fatal.
Destino ingrato para
um intelectual que além das glórias acadêmicas, necessitava, pelo menos, do
reconhecimento ao seu valor, à sua importância como ator social atuante, que
sempre depositou na arte a crença de
fazê-la instrumento da evolução do povo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário