sábado, 14 de maio de 2016

DE DILMA A TEMER A COMÉDIA DOS ERROS



DE DILMA A TEMER A COMÉDIA DOS ERROS
 Comédia dos Erros é nome da primeira peça teatral escrita por William Shakespeare, até hoje, mais de 400 anos depois, considerado o maior dramaturgo de todos os tempos.
A peça em 5 atos, trata dos equívocos, das confusões e dos desencontros, provocados pela existência de dois gêmeos com o mesmo nome,  Antífolo. Depois, na mesma cidade, Éfeso, surge outro par de gêmeos também com nomes idênticos, Drômio. Dos pares de gêmeos dois residem em Éfeso, e os dois outros são estrangeiros.
Só a genialidade de Shakespeare para fazer um contraponto entre tragédia e comédia, colocar em cena situações que envolvem a condição humana, percorrendo emoções e tentando superar  circunstancias e  contingências.
Vivemos no Brasil uma comédia de erros, encenada também por “gêmeos”, ou seja, por protagonistas com a mesma cara. A comédia de erros em alguns momentos grotesca, não acabou com o afastamento de Dilma, mas, infelizmente, parece que irá prosseguir com outros “gêmeos” em cena,  todos univitelinos.
Precisamos urgentemente de um Estadista, até clamamos ao Supremo Arquiteto do Universo para que ele apareça, por milagre, se dele nos fizermos merecedores. Nesse sistema político que temos,  dificilmente se abrirá espaço aos  verdadeiros homens de Estado. Mas, sobram espaços para os Cunha, os Dirceu, os Roberto Jefferson, os Maluf, os Gim Argelo, os Delcídio, os Bolsonaro. A lista é enorme, e seria insensatamente injusto se nela fosse incluído o Tiririca.
A presidente que sai, diz, aclamada por pessoas vindas das periferias: “Não roubei, não tenho contas no exterior, não me submeti a chantagens e não fiz negociatas”.
Talvez, não possam dizer o mesmo todos os ministros que agora integram o governo Temer.
Então, para que saíram multidões às ruas clamando por moralidade pública, e assim abrindo caminho para o impeachment?
Para que espoucaram tantos foguetes na manhã, que seria esperançosa, do dia 12 de maio ?
Seriam intolerantes com ministros de Dilma indiciados na lavajato, e tolerantes com os mesmos, agora, ministros de Temer?
No decorrer do dia 12 de maio o jurista Hélio Bicudo, um dos três autores da ação popular que resultou no afastamento da presidente Dilma, decepcionado, postava mensagem nas redes sociais, lamentando que uma “cleptocracia tomasse o lugar de outra”.
No discurso de posse, Temer não saiu-se mal, todavia, esteve longe do que se esperaria de um Estadista, com a dimensão necessária  para nos retirar dessa enorme enrascada.
Falta-nos um Estadista que pudesse dar o primeiro exemplo, livrando-se do cerco espúrio dos 25 partidos e dos interesses pessoais, e que tivesse liderança, capacidade, legitimidade e visão, para formar um ministério de alto nível técnico e político, com pessoas rigorosamente ilibadas e isentas de quaisquer suspeitas. Mas seria isso possível com a classe política que temos?
Nesse Ministério do toma lá dá cá, formado apenas com olhos no julgamento final a ser feito pelo Senado, só no máximo cinco ministros teriam dimensão política e capacidade técnica para exercerem o cargo, entre eles, Henrique Meireles, Jose Serra e o general Etchegoyen.
Um Estadista pensaria exclusivamente no Brasil, e não precisaria nomear ministro um filho, para garantir o voto futuro do pai, o senador Jader Barbalho, que não esteve presente na madrugada do dia 12, e é preciso que esteja, quando se poderá fazer o afastamento definitivo de Dilma.
 Um Estadista falaria precisamente ao povo brasileiro, esqueceria os amigos, desprezaria as conveniências.
Um Estadista não aceitaria ministros que acabaram de sair de um governo pífio que terminou por inépcia, para ingressar em seguida em outro que se autodenominou de “salvação nacional”.
Enfim, parece que não escaparemos desse desenxabido destino de povo condenado a ser figurante, numa comédia de erros encenada por aqueles nos quais  votamos,  e deles fizemos nossos representantes.  
A nossa comédia ou tragédia dos erros é que, pela ausência de Estadistas, daqueles que sabem exercitar a Grande Política, estamos afundando no lamaçal da desgraçada política rasteira.

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