sábado, 2 de abril de 2016

UM MINUTO PELO BRASIL



  UM MINUTO PELO BRASIL
Existem na Câmara Federal, agora, duas Comissões que,  em meio à  nossa tragédia   se transformam no foco principal do trepidante noticiário político. Uma, decide sobre a abertura do impeachment da presidente Dilma,  outra, sobre o processo de cassação do mandato do  deputado Eduardo Cunha.
Em ambas o interesse do Brasil  ficou de fora.  Pela porta de acesso às duas    passaram os interesses pessoais, as miudezas políticas, os ódios misturados  com ambições, muitas vaidades e  crescentes desatinos.
Numa,  tudo se faz para apressar os ritos que as formalidades legais exigem, noutra, se faz exatamente o contrário.
Nas comissões, os parlamentares trocam insultos e  tapas, nas ruas os grupos adversários já se enfrentam .
O vice Temer, vaidoso, escova o terno aguardando a sonhada e conspirada posse,  enquanto  promove a divisão do bolo do seu provável futuro governo.  A presidente Dilma troca a faixa de presidente pelo jeans amarrotado da guerrilheira e entrega o governo para quem se dispuser a ocupá-lo.
Por toda a Nação inflamada pela falsidade de duas alternativas que a mediocridade individualista da nossa política, e a cafajestice de uma mídia irresponsável alimentam  , uns gritam: ¨Impeachment  já ¨; outros dizem: ¨Não passarão.¨
O confronto se agudiza,  a radicalização a tudo contamina.
Para tratar dos interesses maiores do Brasil não se gasta sequer um minuto.
Façamos  um passeio pela realidade brasileira.
A governabilidade inexiste. Dilma faz um caminhar  angustiante em busca de um apoio político indispensável para barrar o impeachment.
O PMDB, depois de 13 anos de aliança com o PT, com todos os compartilhamentos  e conivências que essa parceria  exigiu,  de repente decide romper a aliança.  Parlamentares inflamados começam a gritar: ¨Fora PT, Temer Presidente.¨ A atitude de quem participou tão proximamente do governo, seria circense se não fosse desprezível.
Ai se poderia perguntar: Se faz um impeachment  com o objetivo de  tornar Temer  presidente.? A um homem que tem uma biografia respeitável, e é   doutor em Direito Constitucional,; deveria repugnar-lhe a simples alusão ao seu nome como beneficiário de um ato forjado  para atender objetivos pessoais ou de grupos .
Um deputado que é, até agora, o mais bem sucedido meliante da nossa afrontada República, Eduardo Cunha, torna-se o principal líder do impeachment. O que poderia ser uma ação política em favor do Brasil, torna-se um suspeito conluio de interesses contrariados,  paralelos  às ambições e vaidades desmedidas, tudo perigosamente temperado com a insensatez do ódio.
  Enquanto isso, a economia dá sinais de colapso, o desemprego cresce, as receitas despencam. Estados e municípios aproximam-se da insolvência. Apenas para citar um só caso: No Rio de Janeiro, onde deverá acontecer a Olimpíada,  a interrupção de obras pela PETROBRAS quase falida, e pelas empreiteiras sufocadas pela Operação Lava a Jato, transformou cidades antes florescentes como Macaé e Itaguaí em quase desolados cemitérios.   Também no Rio,  com a segurança pública afetada pela incerteza dos salários impontuais, os bandidos voltam a dominar a cena.  Esse quadro de aumento da violência registrado em todo o país, se traduz nas assustadoras  cifras letais. É algo estarrecedor que nos faz ultrapassar a Síria, dizimada há cinco anos por uma guerra civil.
A gravidade da situação que atravessamos recomenda, ou impõe, algo que se perdeu  em meio à radicalização insensata e absurda que a tudo contamina , algo que se poderia simplesmente denominar: responsabilidade pública.
Em qualquer das duas circunstancias a que nos levará a crise política, a posse de Temer ou a permanência de Dilma, haverá gravíssimas conseqüências. O impeachment, tal como se coloca, é um exagero orquestrado irresponsavelmente,  que só  o clima extremamente radicalizado justifica, mas, pode chegar à deposição da presidente. Nesse caso, Temer, assumindo sob a sensação de golpe que será sentida por  expressiva e bem articulada parcela da sociedade,  principalmente sindicatos e movimentos sociais, provocará, então, uma permanente instabilidade para o  novo governo, com riscos evidentes de gravíssimos  confrontos.
Caso não prospere o impeachment,  a permanência da presidente Dilma  não será pacificamente aceita pela grande maioria da população. E ai a crise continua.
Como se vê ,   as duas alternativas são desastrosas. Todavia , surgindo  qualquer uma delas, haverá o remédio eficaz da política, aquela arte capaz de amenizar os piores conflitos. A questão crucial é saber se teremos políticos aptos a  exercitar plenamente a arte magistral da política posta a serviço do interesse público.
É difícil que isso venha a acontecer, mas, parodiando Dom Pedro I , lembramos que para o bem de todos e felicidade geral da Nação, é imprescindível que aconteça.
Haverá, sem duvidas, o minuto para o Brasil, e as vozes sensatas  da CNB, do STF, saídas também da própria política, já sinalizam a possibilidade desse minuto.

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