sábado, 5 de dezembro de 2015

A CRISE DE SERGIPE, DO SONHO AO PESADELO ( 1)

A CRISE DE SERGIPE, DO
 SONHO AO PESADELO  ( 1)
Um conjunto corrosivo de fatores adversos e erros estratégicos,  levou Sergipe a despencar até uma situação que, no caso  de uma empresa privada, seria definida como  pré-falimentar.  ¨ Mas o Estado nunca  quebra ¨,  esta, era uma frase reincidentemente repetida, enquanto havia margem para aumentar impostos, e sempre acontecia o socorro dos  cofres da União,   facilmente reabastecidos com a prodigalidade do dinheiro  fabricado  copiosamente pela Casa da Moeda.
Hoje, os estados quebram, como  se pode constatar. Por sua  vez , a União  está de cofres vazios.
Se poderia dizer, com mais propriedade, que os estados quebram  , todavia, provisoriamente, e esta provisoriedade  fica a depender da conjuntura enfrentada e da capacidade que tiverem os governos para reverter expectativas, criando um clima de otimismo  e restabelecendo o equilíbrio financeiro. No nosso caso, tudo se torna mais complicado,  porque ficamos a depender  muito de uma conjuntura nacional que é a mais complicada da História republicana.
A pobreza de Sergipe agrava o nosso nível de dependência ao poder central. Por outro lado, existe a  fragilidade política, que se traduz, tanto na reduzida representatividade, o que é fator eminentemente demográfico, como no  próprio desempenho da nossa  representação, o que é  problema eminentemente dos eleitores.
Quando Jackson Barreto assumiu seu segundo mandato, já se agudizara  a crise brasileira.  Aqui, os seus efeitos foram ampliados com a retração das atividades da Petrobrás,  que  adiou projetos,  e suspendeu algumas atividades. Murcharam as expectativas positivas de crescimento econômico diante da redução de investimentos federais,  enquanto, o cancelamento  pela VALE do Projeto Carnalita, foi um duro golpe, que, somado ao desmonte das operações na área de gás e petróleo,   desconstruiu a nossa estratégia de expansão da economia,  tendo como foco o aproveitamento dos   recursos minerais.
O cenário não poderia ser pior. Hoje, até entre os vinte maiores contribuintes do nosso desenxabido Fisco registra-se uma queda no montante de impostos pagos  , e também, atrasos no recolhimento.Com as transferências federais minguando, o estado perde a capacidade para honrar pontualmente compromissos, tais como a folha de pessoal e despesas de custeio.Historicamente, a nossa capacidade de investir nunca conseguiu sair do vexame das cifras inexpressivas. Tudo o que esperávamos para compensar a  martirizante   limitação acabou não acontecendo.
Do sonho possível chegamos ao pesadelo.
Mas é preciso recuperar a esperança, e isso está a exigir, de agora em diante, muito mais do que o indispensável corte de gastos que foi feito, providencialmente, logo que o governo começava.
Temos um aparato administrativo que é ainda pesado e também ineficiente. Nossos gastos públicos  estão a alimentar uma máquina emperrada, formada, em  parte, por servidores   fingindo que trabalham, e sempre  desestimulados pela comparação que fazem entre os menores e os maiores salários.
Desse marasmo da lentidão pouco produtiva não escapa o setor fazendário, que está a exigir uma inovação modernizadora, uma liderança capaz de aglutinar e produzir estímulos,  para extrair produtividade de  uma elite,  para os nossos padrões,  bem remunerada.  Há  que se fazer nesse tempo de crise uma diferenciação bem nítida entre a sonegação e a inadimplência dos que vão sendo abatidos pela crise. Com relação a sonegadores muito ainda pode ser feito, já para os inadimplentes a crise recomenda: um  Refis atrás do outro.
Para piorar este quadro nada animador, o cofre do Executivo está permanentemente sugado, desde que passou a custear a previdência dos outros poderes,   e mais do Ministério Público e do Tribunal de Contas.
A crise, de súbito, nos colocou cara a cara com problemas que já existiam,  mas, iam sendo contornados pelo crescimento continuado da receita .
O essencial e urgente, agora, é  evitar a paralisação da economia, e o  conseqüente aumento do desemprego.
Para isso,  é imprescindível uma reação forte contra a crise,  o que requer inovação , criatividade, e muito esforço.
A difícil  tarefa não é apenas do governo, dela, não pode estar afastado o empresariado, a sociedade em geral. Entidades empresariais, nomes destacados do empresariado, como Luciano Barreto, Albano Franco, Ivan Leite, Jose Augusto Vieira, o deputado  federal Laércio Oliveira, presidente da Fecomércio , e tantos outros, poderiam formar uma espécie de Fórum permanente para a busca de iniciativas que amenizem os efeitos da crise,  agora  ainda mais graves, diante de um arrastado e imprevisível processo de impeachment.
Entre o governo e o empresariado  o diálogo neste momento deve ser permanente, cotidiano mesmo.

O tumulto do presente exige medidas pontuais e rápidas, já o futuro, e com certeza ele existe , requer imaginação, planejamento, visão abrangente  e uma dose enorme de responsabilidade e espírito público. Isso, sem duvidas, existe entre nós. ( Continua domingo)

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