A CRISE DE SERGIPE, DO
SONHO AO PESADELO ( 1)
Um conjunto corrosivo de fatores adversos e erros
estratégicos, levou Sergipe a despencar
até uma situação que, no caso de uma
empresa privada, seria definida como
pré-falimentar. ¨ Mas o Estado
nunca quebra ¨, esta, era uma frase reincidentemente repetida,
enquanto havia margem para aumentar impostos, e sempre acontecia o socorro dos cofres da União, facilmente reabastecidos com a prodigalidade
do dinheiro fabricado copiosamente pela Casa da Moeda.
Hoje, os estados quebram, como se pode constatar. Por sua vez , a União está de cofres vazios.
Se poderia dizer, com mais propriedade, que os estados
quebram , todavia, provisoriamente, e
esta provisoriedade fica a depender da
conjuntura enfrentada e da capacidade que tiverem os governos para reverter
expectativas, criando um clima de otimismo
e restabelecendo o equilíbrio financeiro. No nosso caso, tudo se torna
mais complicado, porque ficamos a
depender muito de uma conjuntura
nacional que é a mais complicada da História republicana.
A pobreza de Sergipe agrava o nosso nível de dependência ao
poder central. Por outro lado, existe a fragilidade política, que se traduz, tanto na
reduzida representatividade, o que é fator eminentemente demográfico, como no próprio desempenho da nossa representação, o que é problema eminentemente dos eleitores.
Quando Jackson Barreto assumiu seu segundo mandato, já se
agudizara a crise brasileira. Aqui, os seus efeitos foram ampliados com a
retração das atividades da Petrobrás,
que adiou projetos, e suspendeu algumas atividades. Murcharam as
expectativas positivas de crescimento econômico diante da redução de
investimentos federais, enquanto, o
cancelamento pela VALE do Projeto
Carnalita, foi um duro golpe, que, somado ao desmonte das operações na área de
gás e petróleo, desconstruiu a nossa
estratégia de expansão da economia, tendo como foco o aproveitamento dos recursos minerais.
O cenário não poderia ser pior. Hoje, até entre os vinte
maiores contribuintes do nosso desenxabido Fisco registra-se uma queda no
montante de impostos pagos , e também,
atrasos no recolhimento.Com as transferências federais minguando, o estado
perde a capacidade para honrar pontualmente compromissos, tais como a folha de
pessoal e despesas de custeio.Historicamente, a nossa capacidade de investir
nunca conseguiu sair do vexame das cifras inexpressivas. Tudo o que esperávamos
para compensar a martirizante limitação acabou não acontecendo.
Do sonho possível chegamos ao pesadelo.
Mas é preciso recuperar a esperança, e isso está a exigir, de
agora em diante, muito mais do que o indispensável corte de gastos que foi
feito, providencialmente, logo que o governo começava.
Temos um aparato administrativo que é ainda pesado e também
ineficiente. Nossos gastos públicos estão a alimentar uma máquina emperrada,
formada, em parte, por servidores fingindo que trabalham, e sempre desestimulados pela comparação que fazem entre
os menores e os maiores salários.
Desse marasmo da lentidão pouco produtiva não escapa o setor
fazendário, que está a exigir uma inovação modernizadora, uma liderança capaz
de aglutinar e produzir estímulos, para
extrair produtividade de uma elite, para os nossos padrões, bem remunerada. Há que
se fazer nesse tempo de crise uma diferenciação bem nítida entre a sonegação e
a inadimplência dos que vão sendo abatidos pela crise. Com relação a
sonegadores muito ainda pode ser feito, já para os inadimplentes a crise
recomenda: um Refis atrás do outro.
Para piorar este quadro nada animador, o cofre do Executivo
está permanentemente sugado, desde que passou a custear a previdência dos
outros poderes, e mais do Ministério Público e do Tribunal de
Contas.
A crise, de súbito, nos colocou cara a cara com problemas que
já existiam, mas, iam sendo contornados
pelo crescimento continuado da receita .
O essencial e urgente, agora, é evitar a paralisação da economia, e o conseqüente aumento do desemprego.
Para isso, é
imprescindível uma reação forte contra a crise,
o que requer inovação , criatividade, e muito esforço.
A difícil tarefa não é
apenas do governo, dela, não pode estar afastado o empresariado, a sociedade em
geral. Entidades empresariais, nomes destacados do empresariado, como Luciano
Barreto, Albano Franco, Ivan Leite, Jose Augusto Vieira, o deputado federal Laércio Oliveira, presidente da
Fecomércio , e tantos outros, poderiam formar uma espécie de Fórum permanente
para a busca de iniciativas que amenizem os efeitos da crise, agora
ainda mais graves, diante de um arrastado e imprevisível processo de
impeachment.
Entre o governo e o empresariado o diálogo neste momento deve ser permanente,
cotidiano mesmo.
O tumulto do presente exige medidas pontuais e rápidas, já o
futuro, e com certeza ele existe , requer imaginação, planejamento, visão
abrangente e uma dose enorme de
responsabilidade e espírito público. Isso, sem duvidas, existe entre nós. (
Continua domingo)
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