A SECA EXTREMA
QUE NOS AMEAÇA
No II Workshoping Sobre Água
no Semiárido realizado semana passada em Campina Grande ( PB ) , especialistas
em meteorologia, fizeram uma previsão que é quase catastrófica para o
nordeste, no quinto ano de estiagem. Estamos a depender dos humores do El
Niño, aquele fenômeno que ocorre nas águas do Pacífico que aquecem ou esfriam,
determinando o evoluir dos eventos climáticos em grande parte do mundo. Do
outro lado, no meio do Atlântico, seguindo a zona de convergência
intertropical, mais ou menos ao longo da linha do Equador, as correntes
estão frias, e assim, fica reduzida a evaporação, e cai pouca ou nenhuma chuva
no nordeste, enquanto, do outro lado, nos desertos africanos, desabam
aguaceiros. Agora, neste 2016 que já nos bate à porta , tudo conduz
a uma previsão pessimista. Mais uma vez nos faltarão as chuvas. Sergipe é o
estado nordestino com menor área territorial incluída no semiárido. E perto
temos o São Francisco. Assim, aqui os problemas são menos graves. Não haverá um
colapso total no abastecimento, como já se prenuncia para quase todo o estado
do Ceará, do Rio Grande do Norte, de grande parte da Paraíba e de Pernambuco.
Aracaju tem o melhor sistema de suprimento hídrico do nordeste. Há a adutora do
São Francisco, construída no governo de Augusto Franco,
há uma rede de adutoras construídas ao longo de todos os governos, ou seja,
houve continuidade de ações, iniciadas no governo de Lourival e seqüenciadas
nos governos de Paulo Barreto, Jose Leite, João Alves, Valadares, Albano
Franco e Marcelo Déda . Jackson Barreto inaugurou a barragem do Poxim, e
inicia um programa de perfuração de poços e dessalinização de água dos
lençóis freáticos. É preciso agora sistematizar esse processo que deve obedecer
a rigorosos procedimentos técnicos e ambientais, principalmente no caso dos
dessalinizadores.
No Ceará que é o estado com
maior capacidade de armazenamento de água, nas centenas de açudes lá existentes
( é o maior espelho de água doce artificial do mundo ) só restam 2 bilhões de
metros cúbicos de água daqueles 18 bilhões que o estado tem
capacidade de armazenar, e do que resta, um bilhão de metros cúbicos
estão concentrados no açude Castanhão, o último construído, que leva água
para Fortaleza. Na Paraíba 26 municípios estão sem uma gota de água. Lá, as
prefeituras não se responsabilizam pelo abastecimento. Aqui em Sergipe as
prefeituras do semiárido participam, e Canindé faz quase todo o trabalho, com
26 caminhões em operação dia e noite levando água para as pessoas e também para
os rebanhos. Mas o pagamento vai atrasar por conta da queda de receita, e o
Estado e a União terão de vir em socorro.
Cidades de porte médio
em Pernambuco, na Paraíba , no Rio Grande do Norte e Ceará, poderão ficar sem
água no próximo ano. É um quadro desolador. Mas o que fazer?
Temos sido descuidados,
ineficientes. No começo do século passado um brasileiro previdente, Arrojado
Lisboa, já dizia: É preciso guardar a água na abundancia para usá-la na
escassez ¨.
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