sábado, 19 de setembro de 2015

UM PÉ DE MACONHA NO JARDIM (4)



UM PÉ DE MACONHA NO JARDIM (4)
Combater vício através da repressão, mandando para as penitenciárias viciados, é uma estupidez inominável, todavia usual, presente e homenageada como forma correta de cumprir a lei. No caso específico da maconha, isso se transforma   num diversionismo  hipócrita.    A maconha  disseminou-se, faz parte dos hábitos de tanta gente decente, cumpridora das leis, gente pacífica, que tem de recorrer a traficantes para obter   uma droga que não é nem mais nem menos prejudicial do que o tabaco, que, até bem pouco tempo,  era exibido em propagandas na televisão, como se fosse uma forma atraente de conquistar sucesso. Coisa  que continua sendo legal e perfeitamente tolerada em relação às bebidas alcoólicas, responsáveis, em grande parte, pelos acidentes nas ruas e estradas .
  uns trinta anos o senador Lourival Baptista, cujo centenário se comemora no próximo mês, começou uma campanha contra o fumo. Chegou a ser até ridicularizado, afirmou-se que ele não tinha o que fazer, e, por isso, se preocupava em combater o cigarro. Naquele tempo mais de 30 % dos brasileiros  fumavam . Hoje, são a metade.  Lourival conseguiu aprovar leis tornando obrigatórias  as apavorantes advertências impressas  nas carteiras de cigarro, a proibição do fumo em locais públicos, a proibição  total da propaganda, mais impostos, para encarecer o produto, paralelamente com campanhas
de esclarecimento sobre os malefícios de aspirar fumaça que  é tóxica, como deve ser também a da maconha. Tudo isso foi feito, e sem que se colocasse polícia para destruir plantações de tabaco, nem para andar atrás de fumante. O uso do cigarro deixou de ser coisa charmosa, e o consumo despencou. Fumar tornou-se  hábito socialmente desprezível, e o fumante, um individuo quase segregado.
Tudo se conseguiu naturalmente, através de uma estratégia inteligente, e ações continuadas.
Ao contrário do que sucedeu com o cigarro, derrotado pelo convencimento, a repressão contra as outras drogas, como maconha, cocaína e o infernal crack, só tem apresentado resultados negativos, camuflados pelas noticias sobre apreensão de grandes quantidades de droga, que não representam sequer 5 % do total jogado no mercado.
A droga, como se constata facilmente, há muito tempo deixou de ser problema de polícia, ou melhor,  derrotou fragorosamente a polícia, não só a daqui, mas, a de todo o mundo, a começar pelos Estados Unidos, onde o  tráfico e a repressão quase se igualam em lucros auferidos.

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