sábado, 12 de setembro de 2015

OS DOIS GUERRILHEIROS E O PAÍS POR ELES DERROTADO



OS  DOIS GUERRILHEIROS E O
 PAÍS POR ELES DERROTADO
Em um tempo bastante cinzento da nossa História  dois jovens deixaram os campi das universidades onde estudavam.  Meteram numa empreitada na qual, corajosamente, arriscaram suas vidas. Certamente, eram idealistas,  inconformados com a falta de liberdade e os caminhos  ditados por um regime  autoritário, onde o povo deveria ser, apenas, um espectador conformado e obediente.
Um  daqueles jovens tornou-se perseguido no dia seguinte após a marcha dos tanques pelas ruas. Chamava-se Zé Dirceu , era presidente da UNE, a combativa União Nacional dos Estudantes. Preso, torturado, foi solto em troca da vida de um embaixador seqüestrado por guerrilheiros urbanos. Vagou por alguns países, chegou a Cuba, recebeu treinamento militar.  Voltou clandestino ao Brasil para incorporar-se à luta armada. Preferiu disfarçar-se, mudou de nome e de face,  viveu por muito tempo no interior de São Paulo à custa de uma companheira que era pequena empresária e à qual nunca revelou a verdadeira identidade, só o fazendo após a anistia.
A outra pessoa dessa estória era uma menina de classe média. Jogou-se na clandestinidade. Tornou-se a escrituraria e tesoureira    de uma organização da luta armada, uma ¨aparatchick¨,  como no jargão soviético eram chamados os integrantes do baixo escalão  da engrenagem burocrática.   Nega que tenha pegado em armas, coisa que não lhe desmereceria a biografia, caso não houvesse se tornado Presidente da  República, e, com isso,  comandante em chefe das forças armadas, o que, no mínimo, geraria constrangimentos.  Dilma  Roussef, era a jovem. Ela padeceu muito mais do que o outro jovem, Zé Dirceu. Foi pendurada  nos ¨paus- de- arara ¨ de um regime que, além de ilegítimo,  tornou-se putrefato , porque admitiu a tortura como instrumento de ação do poder sustentado pelas baionetas.
Passando dos cárceres ao poder, Zé Dirceu e Dilma se encontrariam  num momento em que um, despudorado, tivera revelada apenas a ponta do seu  iceberg de lambanças com o dinheiro público. Dilma sucedia a Zé Dirceu na chefia da Casa Civil da Presidência da República, com a missão de corrigir erros e evitar os desatinos.
 Não fez nem uma coisa nem outra, mas não se tornou despudorada como o seu antecessor, que permaneceu comandando o mega-assalto aos cofres públicos.
Zé Dirceu está outra vez na cadeia, onde, segundo tudo faz crer, deverá permanecer por um longo tempo.
Dilma,  bamboleia na cadeira mais alta da República, e nesse vai e vem de quem perdeu o centro de gravidade e não mais se equilibra, vai causando os sacolejos  que já puseram abaixo todo aquele edifício de estabilidade econômico –financeira, que se imaginara, um dia, fosse  firme para suportar os trancos e barrancos vindos do exterior.
Para que isso acontecesse, a Zé Dirceu não faltou despudor, e a Dilma sobrou  incompetência.
Nos dois, que moralmente se diferenciam, há,  todavia, a semelhança que surge da inconsistência daquelas idéias extraídas  do precário catecismo  que  parte da esquerda brasileira ainda  segue, por teimosia, ou simplória visão da conjuntura global.
Para  Zé Dirceu, encher os próprios bolsos fazia parte de um projeto de poder,  garantia da permanência no trono da República, onde era preciso continuar a bem sucedida experiência de permitir que o miserável comesse, e o pobre andasse de avião.
Para Dilma, o Poder seria o instante de por em prática a enganosa idéia de que se pode fazer uma nova  economia debaixo da desconfiança do mercado, e que é possível mexer nos dogmas do sistema capitalista numa suposta e precária aliança com o capital.
Tudo  porém   deu errado.  E assim, os dois  guerrilheiros, desarmados, conseguiram derrotar um país.

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