A
REINVENÇÃO DE SERGIPE
Sergipe
precisa agora ser reinventado. O que teria acontecido assim, grave,
traumático, a ponto de exigir-se uma radical mudança de rota? Seria, essa
reinvenção, o resultado da descoberta de que estaria equivocado o rumo que
demos à nossa História e, assim, teriam fracassado os que a fizeram ?
Não é
nada disso, o que precisamos é refazer um modelo de desenvolvimento. Foi
abruptamente puxado dos nossos pés, em mais um dos desatinos da
petroleira aquele tapete de esperança, otimismo e convicções, sobre
o qual temos caminhado desde 1963, quando , essa mesma
PETROBRAS, que hoje nos afronta e despreza, o colocou à nossa
frente. Era o roteiro novo a ser seguido para a transição mais rápida
entre o carro de bois e a modernidade. Isso aconteceu, exatamente, enquanto
jorrava o petróleo no poço pioneiro de Carmópolis. Ali, se fez a
festa de reafirmação da capacidade do povo brasileiro. Depois, em 1968, aquele
tapete tornava-se, mais ainda, o caminho para o futuro. Brilhou, no mar,
quase clareando a noite de Aracaju, o fogaréu sobre a primeira
plataforma marítima indicando a descoberta de óleo e gás.
Naquele
tempo, mesmo sob uma ditadura, travava-se o grande debate sobre os rumos do
nosso desenvolvimento.
Desenhou-se,
então, o modelo virtuoso que deveríamos seguir para instalar em Sergipe
um pólo industrial com características únicas no mundo. E nisso não vai nenhum
exagero.
Esse
modelo era representado por um círculo com 30 quilômetros de raio tendo como
centro Aracaju. Dentro desse círculo, num capricho
excepcional da natureza, havia jazidas de petróleo e gás em terra e no mar,
sais minerais, potássicos, sódicos e magnesianos, e mais uma imensidão de
calcário . E a coisa foi dando certo. A PETROBRAS ampliou suas atividades,
instalou a planta de gás natural, os gasodutos e oleodutos, o terminal.
Depois, surgiriam a Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados, a FAFEN, o Projeto
Potássio, e criou-se uma imensa cadeia produtiva. Entre Socorro e Rosário do
Catete ao longo da rodovia BR-101, surgiu o pólo de fertilizantes. Nos massapês
da Cotinguiba instalou-se um pólo cimenteiro. Depois, o raio do circulo
virtuoso precisaria ser ampliado. Foram localizadas imensas jazidas
de gás e petróleo a 80 quilômetros da costa. Estaríamos, em breve, entre os
quatro maiores produtores de petróleo e gás do país, com todas as
possibilidades que essa condição sugere. Mas a PETROBRAS nos abandonou.
O
modelo sergipano de desenvolvimento agora desmorona. A PETROBRAS,
unilateralmente, sem nenhuma atenção a Sergipe, anunciou o cancelamento das
suas atividades em águas profundas do mar sergipano. Em Brasília na reunião dos
governadores Jackson levou a Dilma o seu protesto. E está aguardando uma
resposta. Depois, decidirá o que fazer.
Em setembro realiza-se o leilão de áreas onde existem jazidas de óleo e
gás. As de Sergipe seriam as mais atrativas. É preciso agora partir para a
conquista de investimentos externos, para que cheguem, aqui, petroleiras de
todo o mundo, comecem a trabalhar, e acendam uma luz no fundo desse
túnel pesado de decepção no qual nos jogou a PETROBRAS.
Como
a PETROBRAS estava no centro de todas as nossas formulações de projetos a médio
e longo prazos, e agora esfarinhou-se, precisamos reinventar um
Sergipe com os minérios que temos, e sem a presença da
estatal. Agora, também, sem o protagonismo da
Vale. Mas essa já é outra estória.
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