OS CAVALOS A PONTE E
A
A GREVE DOS
PROFESSORES
Quando caiu a ponte da Pedra Branca , ao que se informa em
conseqüência do tropel de 30 cavalos, um jornalista extremamente curioso e
intrometido na seara alheia, andou a fazer especulações, empíricas todas elas,
sobre os efeitos que teria o choque de tantos cascos em cima da estrutura de
uma ponte. Descobriu que a tarefa seria complicada. Exigiria conhecimentos de matemática, física,
também informações sobre os materiais que compunham a estrutura da ponte, e até
relativas à temperatura no chão, na hora do acidente, além de conhecimentos
sobre a anatomia, mais especificamente, a respeito da andadura
dos animais. Mas haveria uma
outra e decisiva questão: as vibrações produzidas e
a sua capacidade de abalar as estruturas.
Com tantas complicações além das coisas com as quais estaria
acostumado a lidar, o jornalista imaginou transferir aos engenheiros,
matemáticos, ou físicos a elaboração de uma tabela determinando exatamente
quantos quadrúpedes seriam necessários, por exemplo, para colocar abaixo aquela
ponte da Coroa do Meio, sobre a qual,
previdente, determina o Corpo de Bombeiros, que nos dias de festas não
trafeguem Trios Elétricos com o sistema de som ligado, produzindo a trovoada de
decibéis perigosos.
Diante dos óbices da carência de conhecimentos técnicos e da
escassez de informações, o jornalista
desistiu das patas cavalares e
voltou-se para a nossa obliterante deficiência no que se refere às matemáticas.
Diante da calamitosa ineficiência do ensino da matemática e
da educação em geral, o jornalista enxerido
resolveu formular para 8 estudantes do segundo grau, o simples
problema: A ponte que caiu tinha, sobre ela, uma adutora de 200
metros com um metro e meio de diâmetro.
Supondo-se que no instante da queda ela estivesse cheia, determinar qual
seria o volume e o peso da água ,
dando-se a cada litro o valor de um quilo.
Nenhum dos
alunos conseguiu resolver a
questão.
Quando o ensino público se deteriora, amplia-se aquela
calamitosa desigualdade social que leva o Brasil para junto dos mais socialmente injustos.
Pobre vai para a escola pública, o rico ou remediado vai para a rede
particular. Assim, se coloca um freio maligno na mobilidade social.
Os professores de
Sergipe farão greve por tempo indeterminado. Mais uma vez os prejudicados serão
os alunos. Semana passada nos programas
dos comunicadores Gilmar Carvalho e George Magalhães dava para ser sentida a
indignação dos pais e mães em relação à incrível predisposição do SINTESE para
deflagrar greves. Ninguém põe em duvida
a justiça de grande parte das reivindicações dos professores , o problema é que
a greve é o pior instrumento para o protesto, porque se torna um malefício para
a sociedade. Sem que se tenha a pretensão de afirmar que os professores ganham
bem, é preciso admitir que 80 % dos pais e mães que mandam seus filhos para a
rede pública têm renda familiar muito mais baixa do que os professores. Mas a realidade dos números
mostra que Sergipe está entre os 10 estados onde os professores conseguiram
salários melhores.
De greve em greve estão condenando o Brasil a ser o país das
pontes que caem aos 80 anos.
Desafiando a opinião
pública e o bom senso, o SINTESE terminará isolado. Assim, não conseguirá nem
mesmo, servir aos objetivos eleitorais da deputada Ana Lúcia,
que começa a ser pesadamente reprovada por quem tem filho estudando na rede
pública.
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