domingo, 17 de maio de 2015

A PONTE QUE CAIU E O TROPEL DE 30 CAVALOS



A PONTE QUE CAIU E  O
 TROPEL  DE 30 CAVALOS
Eram mais de 30 cavalos que passavam em desabalado tropel pela octogenária ponte da Pedra Branca. E a ponte, como se sabe, caiu.
Uma curiosidade apenas: o que faziam tantos cavalos sobre a ponte quando se sabe que agora até vaqueiro campeia montado numa moto?
Seria um negociante que levava a sua tropa em busca de rarefeitos compradores. Mais da metade do rebanho de quadrúpedes afogou-se nas águas volumosas do salgado Sergipe. Houve bípedes  feridos, mas deles, nenhum, felizmente, morreu. Na queda a estrutura da ponte arrastou a tubulação  que conduz a água vinda do São Francisco. A adutora é resultado da ousadia  de Augusto Franco, que conseguiu a decisiva participação da Petrobrás, contrariando pareceres presunçosamente técnicos que a consideravam inviável. A viabilidade plena da obra seria logo demonstrada pela equipe    comandada pelo engenheiro – mecânico Daniel Monteiro, um carioca funcionário da PETROBRAS, que veio morar em Aracaju para executar a tarefa. Piloto e dono de um invejado Citábria, perfeita máquina de voar e fazer acrobacias, Daniel deu vida nova ao Aeroclube de Sergipe, estimulando tantos   jovens, que se tornaram depois pilotos , entre eles, Fábio Moreira,  hoje voando linhas internacionais, e Genisson Silva,  este, do alto das suas 30 mil horas de comando, quase todas sobre as selvas da Amazônia,  é o recordista sergipano na soma do tempo de vôo.  O engenheiro   Daniel, que no rastro da sua passagem deixou tantas coisas boas em Sergipe, faleceu há alguns anos no Rio . Algum vereador aracajuano poderia lembrar-se de dar o seu nome a uma rua da nossa cidade. Engenheiro competente ele fez dar certo o que diziam que daria errado, executando   a obra que, se Augusto Franco não insistisse na sua necessidade, a Grande Aracaju não seria o que é hoje.  A  ponte, para os nossos padrões,  estava muito velha, por isso, não teria agüentado o tropel.  Na Europa ,  quando os romanos andaram   a alargar seu colossal império, construíram  pontes, hoje milenares, e ainda  firmes.  Por  elas , através dos séculos, cruzaram exércitos; nas as suas pedras bateram forte os cascos de milhares de cavalos.
No sábado em que a ponte esfarelou-se,  o Secretário da Saúde Zezinho Sobral postou na Internet a informação sobre a obra   arrojada  para a nossa indigência provinciana. Foi      pedida ao presidente Vargas pelo  ¨tenente ¨Augusto Maynard, posto a governar Sergipe como poderoso Interventor após a revolução de 30. Getúlio, muito amigo do militar revolucionário,  veio a Sergipe para inaugurar a obra. Tinha arcos que a embelezavam, diferenciando-a das pontes comuns, era algo a merecer admiração. Neste JORNAL DO DIA o primoroso memorialista Raimundo Melo publicou uma crônica sobre a festa que foi a inauguração da ponte.  Outro memorialista, Murilo Mellins, conta que ele,  ainda criança, assistiu à inauguração. Já o guardador de um  valioso baú de reminiscências, o professor e radialista Vilder Santos começou a remexer suas  preciosidades em busca de  registros, textos sobre a ponte, fotos da ponte.
Rompida a adutora, veio o colapso no abastecimento de água que, imaginávamos, nunca sofreríamos, porque temos outros sistemas em operação, um deles,  a portentosa barragem do rio Pitanga. Talvez problemas de interligação da rede tenham impedido o pleno uso das águas daquela barragem. Mas a DESO esbanjou competência. Juntando-se com a engenharia da PETROBRAS os técnicos da empresa de águas concluíram o trecho provisório da adutora em 5 dias, como havia garantido o presidente da empresa engenheiro Carlos Melo , quase sufocado pela pressa que exigia o governador Jackson Barreto. A  questão da manutenção da ponte,  que  servia apenas  para a passagem da adutora, isso, é outra estória.

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