A REPÚBLICA E O CABARÉ
DE TONHO
A definição de República feita antes de Cristo por Cícero, permanece atual. A res pública, a coisa do
povo, o interesse coletivo, a coisa pública,
são, segundo o tribuno romano, os atributos indispensáveis na concepção
do governo republicano, e nisso a República ganha a sua característica, que não
é apenas uma forma de governo diferenciando-se
e contrapondo-se à monarquia, mas, que
se identifica, essencialmente, com o primado da justiça e da equidade.
Raimundo Faoro, em Os Donos do Poder revela a deformação
histórica da República brasileira corroída por um patrimonialismo que vem de muito longe, dos primórdios da
nossa formação como povo e nação. A
nossa República transformou-se na ¨ Magna Latrocínia ¨, denominação de Santo Agostinho, para os
governos desfigurados.
Cid Gomes, quando foi à Câmara dos Deputados, apontando para o presidente fez aquelas
denuncias tão graves pelo conteúdo e tão desastradas quanto à forma ,
deixou de oferecer, com moderação e serenidade, um instrumento para o reerguimento da República a partir da ¨ magna latrocínia ¨ onde as instituições se atolam.
O ex- ministro , pela sua tempestuosa maneira de agir, fez lembrar um dono de
cabaré aracajuano chamado Tonho do Mira, ou Maria 38. Quando, nas noites trepidantes dos sábados o clima no Mira Mar
tornava-se explosivamente bagunçado, Tonho pulava em cima de uma mesa, disparava um tiro
para o alto. Fazia-se um silencio amedrontado, e ele bradava: ¨Isso aqui é um cabaré, mas tem dono¨. Todavia, no sábado seguinte, a mesma bagunça retornava.
O problema é que,
tanto no cabaré de Tonho em desordem, como na República de Dilma,
desvirtuada, nada se pode resolver na
base do grito.
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