OS ZEROS DO ENEM E
UMA SERGIPANA MIL
O números do ENEM não
são apenas vergonhosos pela calamidade revelada num sistema educacional que
fracassou. São bem mais do que isso,
porque revelam algo bem pior: a inércia das nossas instituições, da sociedade
em geral, diante da continuada perda de valores sem os
quais a escola não consegue ser eficiente.
Foram 6.193.565 candidatos que fizeram o exame, e 529.374, na redação, não foram além do zero. Entre os
que participaram do ENEM só 250 conseguiram alcançar a pontuação máxima de mil. Fazendo parte dessa elite que se
distancia primorosamente daquele amontoado
de analfabetos batendo às portas da Universidade está uma sergipana de
19 anos. Ela nasceu e concluiu o segundo
grau em Moita Bonita.
É Lorena Barreto
Araújo que, com esse resultado, constrói para ela a opção de poder escolher
entre diversas faculdades de Medicina em três estados onde já foi aprovada.
O tema da redação não foi dos mais fáceis, intitulava-se: ¨
Publicidade Infantil
no Brasil ¨.
É um assunto estranho, que
não faz parte do cotidiano dos temas recorrentemente tratados pela população.
Mas a jovem Lorena do alto da sua simplicidade oferece o receituário para o êxito, que tanto pode servir diretamente aos alunos, como para retirar as escolas dessa pedagogia
do insucesso.
Disse Lorena em entrevista ao Jornal da Cidade: ¨Acredito que
o segredo da redação não está no tema, mas na técnica, sobretudo na prática . Além de escrever muito,
procuro ler de tudo, por necessidade e por gosto também ¨.
Além de ser uma pessoa
com um grau de responsabilidade e inteligência acima da mediocridade
infelizmente observável hoje na maioria dos jovens estudantes, Lorena teve
ainda a fator família a favorecê-la. É filha de uma professora da rede pública
que a orientou e a levou a ter interesse pelos livros. A escola de Moita Bonita
onde estudou, não
difere muito da maioria das nossas escolas, onde a avaliação do desempenho de alunos e professores
que é indispensável, não é feita.
A mãe de Lorena é professora, e destoa do pensamento dos
sindicatos da classe, entendendo que
esse tipo de procedimento é necessário. Ela afirma que a qualificação
dos professores é condição básica para que não se repitam os mesmos resultados decepcionantes que exames
como o do ENEM revelam.
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