UM
SOLDADO ESCRITOR
Soldado
da PM era depreciativamente apelidado de ¨meganha ¨. Ofensa maior ainda,sempre
foi chamar-se uma mulher de ¨rapariga de
soldado¨. A Policia Militar não passava
de uma esfaimada milícia colocada a
serviço do grupo que estivesse no poder. Soldado,quando destacado para servir
no interior, pegava suas tralhas,
vestia a farda amarrotada , passava graxa
no velho fuzil, recolhia alguma munição, e lá se ia sacolejando na
marinete. Chegando, empoeirado e
fedido,apresentava-se ao ¨coroné ¨, o
chefe político que mandava no lugar.
Recebia as instruções: ¨ Perseguir os adversários e fazer vistas grossas
para os erros e até os crimes dos correligionários.¨ Se fosse ¨cabra disposto ¨, receberia
a tarefa de empreitadas sangrentas.
Bem sucedido, candidatava-se a uma ¨¨
promoção merecida.¨ Muitos saíram de soldado a coronel percorrendo esse
caminho de obediência às ordens truculentas.
A Policia Militar de Sergipe é agora uma instituição integrada indissoluvelmente
ao Estado, profissionalizada, e que sob o comando do
coronel Iunes tem melhorado muito a sua capacidade operacional.
Um
exemplo da nova policia sergipana é o soldado Gladson de Oliveira Santos. Este mês ele participa da 23ª
Bienal do Livro em São Paulo, e
lança um, intitulado, Jose Lins
do Rego e o processo de Modernização da Economia Açucareira Nordestina. É
adissertação de mestrado em Ciências
Sociais por ele concluído em 2010 na
UFRN. Dos 600 novos policiais que passaram no recenteconcurso e que já estão
sendo integrados à PM, muitos têm curso
superior completo, e outros fazem
faculdade. Háoficiais com mestrado,
alguns com doutorado .
Saudosistas dos tempos dos ¨coroné ¨estão querendo voltar ao passado. Existe,alimentado pelo que
há de mais atrasado na política sergipana
um projeto que, entre outras
coisas tem como objetivo transformar a polícia em instrumento dos seus interesses. Querem inclusive desmontar as conquistasde
uma corporação rigorosamente profissional, e com os seus quadros formados por
elementos qualificados, desde o coronel ao soldado, como é o caso do mestre em
Ciências Sociais, Gladston de Oliveira Santos. Na Policia Civil ocorre o mesmo
processo, eJoão Eloi é o primeiro
Secretário da Segurança Pública em Sergipe
que tem, sob seu comando,
policiais com nível intelectual tão elevado.
Fazer Sergipe retornar aos tempos
dos ¨coroné ,¨ é tentativa absurda que a sociedade sergipana repudia, e da qual a nossa
modernizada polícia nunca será cúmplice.
Nenhum comentário:
Postar um comentário