sábado, 23 de agosto de 2014

UM SOLDADO ESCRITOR



UM SOLDADO ESCRITOR
Soldado da PM era depreciativamente apelidado de ¨meganha ¨. Ofensa maior ainda,sempre foi chamar-se uma mulher de ¨rapariga  de soldado¨. A Policia Militar não  passava de uma  esfaimada milícia colocada a serviço do grupo que estivesse no poder. Soldado,quando destacado para servir no interior, pegava suas  tralhas, vestia   a farda amarrotada , passava graxa no velho fuzil, recolhia alguma munição, e lá se ia sacolejando na marinete.  Chegando, empoeirado e fedido,apresentava-se  ao ¨coroné ¨,  o  chefe político que mandava no lugar.  Recebia as instruções: ¨ Perseguir os adversários e fazer vistas grossas para os erros e até os crimes dos correligionários.¨ Se fosse   ¨cabra disposto ¨,   receberia  a tarefa de empreitadas sangrentas.   Bem sucedido, candidatava-se a uma ¨¨  promoção merecida.¨ Muitos saíram de soldado a coronel percorrendo esse caminho de obediência às ordens truculentas.
 A Policia Militar de Sergipe é agora  uma instituição integrada indissoluvelmente ao  Estado,  profissionalizada, e que sob o comando do coronel Iunes tem melhorado muito a sua capacidade operacional.
Um exemplo da nova policia sergipana é o soldado Gladson de Oliveira Santos.    Este mês ele participa   da 23ª  Bienal do Livro em São Paulo, e  lança um,  intitulado, Jose Lins do Rego e o processo de Modernização da Economia Açucareira Nordestina. É adissertação de mestrado  em Ciências Sociais  por ele concluído em 2010 na UFRN. Dos 600 novos policiais que passaram no recenteconcurso e que já estão sendo integrados à PM, muitos  têm curso superior  completo, e outros fazem faculdade. Háoficiais com mestrado,  alguns com doutorado .    Saudosistas dos tempos dos ¨coroné ¨estão querendo  voltar ao passado. Existe,alimentado pelo que há de mais atrasado na política sergipana  um projeto   que, entre outras coisas tem como objetivo transformar a polícia em instrumento dos seus interesses.    Querem inclusive desmontar as conquistasde uma corporação rigorosamente profissional, e com os seus quadros formados por elementos qualificados, desde o coronel ao soldado, como é o caso do mestre em Ciências Sociais, Gladston de Oliveira Santos. Na Policia Civil ocorre o mesmo processo, eJoão Eloi  é o primeiro Secretário da Segurança Pública em Sergipe  que tem, sob seu comando,  policiais com nível intelectual tão elevado.
  Fazer Sergipe retornar  aos tempos  dos  ¨coroné ,¨   é tentativa absurda que a sociedade  sergipana repudia, e da qual a nossa modernizada polícia nunca será cúmplice.

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